Não suporto dramas. Tem gente que não tolera lágrimas. Não tenho problemas com as lágrimas. São sinceras. Desconfio dos sorrisos.
O sorriso seduz e engana.
O drama me irrita. Coisa de gente fraca. Aversão herdada pelas lutas e dificuldades. Quem sobrevive às batalhas cria casca e não perdoa esse tipo de luxo.
A luta e a indiferença torna o indivíduo um pouco mais resistente. E dessa reação você descobre uma força inconscientemente destrutiva.
Se é para lutar, estamos aí. Se é para morrer, vamos em frente!
Reação natural pela sobrevivência. Só os fortes e os injustiçados carregam essa energia.
E por falar dos fortes, lembrei-me dos fracos.
Os fracos e os imbecis são mais felizes? Mas ser fraco e imbecil não é opção. É consequência.
De que me adianta chorar pela morte de uma galinha se logo penso em saborear com gosto um bom assado, sem culpa.
Tem gente que gosta de cultivar a viuvez.
O tempo faz as viúvas jogarem o lenço fora.
Até o luto tem prazo de validade assim que as lágrimas secam.
A saudade às vezes aparece, mas a atividade não deixa tempo para ficar preso ao passado.
O corpo cansado anula o pensamento. O corpo fatigado apaga tudo.
A saudade surge na ociosidade ou no silêncio.
Algumas coisas são entendidas apenas no silêncio absoluto, à distância ou com o tempo.
Algo julgado imprescindível às vezes não passa de apego passageiro.
Esse é apenas um dos lados da moeda.
Até as fortalezas são vulneráveis. Não existe pedra que não resista a batida constante da água.
Por trás das pedras ainda existe sensibilidade, música, ar puro, jardim florido e esperança.
Sem esperança acaba a luta.
Sem esperança a tristeza toma conta.
Sem esperança nos entregamos.
Sem esperança tudo fica cinza.
A cor vai embora de qualquer jeito.
A esperança ilude mas torna a vida um pouco mais suportável.
Alex Gil Rodrigues 01/04/2014 pensando livre sobre o cotidiano.
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