Os grãos de areia deslizam lentamente pela superfície da ampulheta,
Enquanto o maestro arrogante rege displicentemente sua orquestra.
A música desafinada distrai provisoriamente a plateia,
Porém, a presença de um público mais especializado aumenta a exigência.
O maestro não consegue controlar seus músicos...
É um exímio falastrão, mas esse dote é desnecessário para a regência.
Aplausos surdos e silêncio constrangedor.
Falta habilidade....
A música é interrompida drasticamente com vaias e acordes dissonantes
Os olhares cúmplices imediatamente escolhem o trompetista como bode expiatório, para proteger o maestro despreparado.
O cheiro do sacrifício está no ar.
Apontaram para o alvo equivocado.
O sangue do trompetista injustiçado fervilha e este não está disposto a ser oferecido como sacrifício no altar.
Seu lema: "Se quiseres justiça, faça. Não espere murmurando.
Não se perde mais, quando já se perdeu tudo"
Um silêncio súbito antecede a reação...
Nenhum ruído...
O trompetista está com o poder na mão.
O gatilho está levemente pressionado e apontado para a cara de seu algoz.
O braço é fino, mas a mira é certeira.
O coração dispara: tum, tum, tum.
E o regente paralisado e enquadrado na alça de mira...
3, 2, 1...
Bum!
Cheiro de pólvora no ar...
Justiça feita!
Alex Gil em 21/03/2014
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