03/05/2014

Maestro Falastrão






Os grãos de areia deslizam lentamente pela superfície da ampulheta,


Enquanto o maestro arrogante rege displicentemente sua orquestra.


A música desafinada distrai provisoriamente a plateia,


Porém, a presença de um público mais especializado aumenta a exigência.


O maestro não consegue controlar seus músicos...


É um exímio falastrão, mas esse dote é desnecessário para a regência.


Aplausos surdos e silêncio constrangedor.


Falta habilidade....


A música é interrompida drasticamente com vaias e acordes dissonantes


Os olhares cúmplices imediatamente escolhem o trompetista como bode expiatório, para proteger o maestro despreparado.


O cheiro do sacrifício está no ar.


Apontaram para o alvo equivocado.


O sangue do trompetista injustiçado fervilha e este não está disposto a ser oferecido como sacrifício no altar.


Seu lema: "Se quiseres justiça, faça. Não espere murmurando.


Não se perde mais, quando já se perdeu tudo"


Um silêncio súbito antecede a reação...


Nenhum ruído...


O trompetista está com o poder na mão.


O gatilho está levemente pressionado e apontado para a cara de seu algoz.


O braço é fino, mas a mira é certeira.


O coração dispara: tum, tum, tum.


E o regente paralisado e enquadrado na alça de mira...


3, 2, 1...


Bum!


Cheiro de pólvora no ar...


Justiça feita!






Alex Gil em 21/03/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário