22/05/2014

Música: Talento ou dedicação?






Neste exato momento, meu filho toca violão em seu quarto.
Nunca consegui tocar violão. Ele me superou e isso me deixa muito feliz. Definitivamente não tenho talento musical. Sempre que digo isso perto de alguém que possui facilidade para a música, logo sou repreendido de que não me esforcei o suficiente. Será? Acho que não. Essa discussão nunca chegará a um consenso. Quem possui talento e facilidade defenderá que você não se esforça o suficiente e quem possui dificuldade em aprender vai culpar a falta de talento. Eu me rendo.

Meu avô era músico e quando eu era criança, gostava de ouvi-lo. Seu instrumento era um saxofone prateado e dourado, que ele guardava numa espécie de mala apropriada com o contorno do instrumento e tinha um cheiro gostoso. Era muito bonito, brilhante e o som era doce. Eu achava que tocar um instrumento fosse muito fácil.




Em algum momento do passado, cismei de aprender tocar teclado. Além do som agradável, achei que teria habilidade, afinal não precisa afinar, os acordes são relativamente fáceis de montar e também não perturba o vizinho. Resumindo é um instrumento muito prático e bonito também.

Decidi então comprar um bom teclado. Fui até uma loja musical escolher o modelo. As opções eram muitas e na empolgação, ao invés de optar por um mais simples, deixei a razão de lado e peguei toda PLR da época e comprei um Yamaha PSR-530. Custou praticamente toda a minha Participação dos Lucros e Resultados. Paguei à vista e tomei posse daquele "brinquedo" todo orgulhoso. 

Chegando à minha casa, abri a embalagem, coloquei aquela caixa sobre a mesa e fiquei alguns minutos admirando aquele instrumento e ansioso para aprender tocá-lo. Logo, a emoção passou, a razão assumiu o comando e comecei a ficar preocupado por ter comprado um instrumento tão caro, sem saber tocar nenhuma música!






No dia seguinte, iniciei minha busca para encontrar alguém para me ensinar e colocar aquele presente para funcionar o mais rápido possível e diminuir logo a minha tensão. Mal sabia que o processo era lento...

Matriculei-me numa escola particular e optei por uma professora da vizinha cidade de Volta Redonda-RJ. Era uma senhora de negra, aproximadamente sessenta anos e infelizmente não me lembro de seu nome. Uma vez por semana, às dezenove horas eu estava em sua casa para aprender teoria musical e prática.

Estudei por um ano e meio e cheguei até a me apresentar num encontro musical realizado num teatro. 

Aprendi algumas músicas, mas confesso que somente através de muito esforço e repetição conseguia tocar. Era agradável, mas não era leve. Conheço gente que consegue tocar instrumentos de ouvido. Tenho um primo e um tio que ouvem uma música e conseguem tocar as notas com muita facilidade.

Infelizmente a herança genética não me favoreceu nessa área. Quando eu me dava conta disso, começava a desanimar, porque eu ficava muitas horas numa mesma música, lendo a partitura, para conseguir decorar com muito esforço apenas uma música!!!

A evolução era muito lenta para as minhas expectativas e infelizmente, depois de muita insistência com o aprendizado, cheguei à conclusão de que não tinha talento musical e resolvi parar com o curso.

Até hoje possuo esse teclado e às vezes penso em vendê-lo. 

Sabemos que todo mundo possui algum talento em determinada área da vida. O meu, definitivamente, não é a música, infelizmente. 
Já me conformei com isso, mas mesmo assim estou satisfeito, pois me regozijo cada vez que vejo o meu filho realizar aquilo que eu não consegui na vida.





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