06/08/2014

Letra de médico, uma questão de saúde!

Hoje, com a disseminação da utilização do teclado de computador em todas as nossas atividades, as pessoas que possuem letra feia foram poupadas de críticas pela sua falta de habilidade na escrita livre.


Houve um tempo em que ter uma letra bonita conferia certo status ao dono da caligrafia impecável.

Existiam, ou melhor, ainda existem cadernos de caligrafia para as pessoas aperfeiçoarem sua escrita, mas hoje ninguém mais liga para isso. O "Santo Teclado" protege e salva a todos que cometem o pecado do "garrancho". Amém.

A digitação iguala a todos e antes que pensem que estou redigindo em causa própria, aproveito para dizer que minha letra não é feia e nem linda, mas sei caprichar se eu escrever com tempo e atenção. Gosto de uma letra bonita, porém mais importante do que a beleza do alfabeto é a sua legibilidade. 

Verdade seja dita, a velocidade da vida atual impossibilita escrever pausadamente como se estivesse molhando um pincel no tinteiro e desenhando cada letra. Um profissional com esse zelo, logo seria olhado com desconfiança e considerado "marcha-lenta". Se bem que conheço "marcha-lenta" mesmo utilizando o teclados...Infelizmente para esses casos nem Ritalina resolve!

Outro dia, depois que saí de uma reunião de trabalho em outro prédio, eu caminhava em direção à porta quando meus olhos foram atraídos por uma caderno aberto que repousava sobre uma mesa de escritório. Não contive minha curiosidade e perguntei de quem era aquela letra tão bem feita que chamava a atenção e primava pelo padrão e beleza. Logo descobri que o caderno era da minha colega Sofia Barbatto.

Ela me disse que a sua mãe a obrigava escrever muitos cadernos de caligrafia e por isso aquele resultado... Valeu o esforço, pois ficou muito bom. Parabéns à Sofia e pela sua mãe pelo resultado!

                                                          (Foto Ilustrativa)


Agora uma pausa e mudança no rumo de nossa prosa. Escrevi tudo isso para falar também de uma coisa que me incomoda muito e sem rodeios vou direto ao ponto. Trata-se de uma implicância que tenho com o pouco zelo dos médicos ao preencherem suas receitas com letras indecifráveis...



Realizei uma breve pesquisa e descobri que 65% dos médicos não emitem receitas legíveis, ou seja, a maioria não se esforça em fazer uma caligrafia legível para prescrever suas receitas! Isso não é pouca coisa.

Acho isso tão grave quanto o "auto-medicamento" que os médicos tanto combatem por "preocupação" com nossa saúde... É por isso que quando alguém possui a letra feia logo falamos de forma jocosa que parece letra de médico. 

Não estou criticando nem exigindo letra bonita dos médicos... O problema é outro. Uma receita mal escrita pode levar a erros graves de interpretação e até a morte. E só por esse fato já merece nossa atenção.

A "bomba" da interpretação de uma receita acaba estourando na mão do farmacêutico ou balconista da drogaria. E quando a receita está tão difícil de interpretar, somos orientados a voltar ao médico para descobrir o medicamento correto! Isso é falta de respeito e consideração com o cidadão! Custa fazer uma letra melhor ou usar o computador para escrever? Garanto que não. Hoje até jogo do bicho é impresso na maquininha! 


Sábado passado passei por isso e a balconista falou que ninguém reclama porque os "homens de branco" são os "caras"...@%&#@%@...Nem vou completar essa frase para não ser mal educado. Se o médico levar o seu carro para manutenção à uma oficina e receber o carro de volta com o volante sujo, ele vai reclamar e exigir qualidade, certo?

Então os "caras" também tem que dar o exemplo! 

Descobri também que nos países do primeiro mundo a receita é digitada, impressa e entregue ao paciente. Copiamos tanta besteira, porque não copiar as coisas boas também?

Eu já estava até pensando em sugerir uma lei que obrigasse os médicos escrever com letra legível ou utilizar o computador, mas logo percebi que estava descobrindo a pólvora novamente.

Para minha surpresa já existe uma resolução no Conselho Federal de Medicina que trata desse assunto e reproduzo na íntegra. Só não existe fiscalização!

"O Conselho Federal de Medicina do Brasil (CRM) publicou a Resolução nº 1.601/2000 que, em seu artigo 39, determina que as receitas médicas sejam escritas por extenso e de forma legível.1 Além disso, tem-se ainda o Código de Ética Médica, que em seu terceiro capítulo trata da responsabilidade profissional, proibindo o médico de receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível. Não são raros os médicos multados por receitarem de forma ilegível.2 3 De acordo com um conselheiro do CRM do Brasil:

No bom exercício da medicina está preconizado a letra legível do médico. A letra ilegível pode pôr em risco o atendimento dos pacientes.

— Donizetti Berardino Filho, conselheiro do CRM

Cabe notar que, no ano de 2009, entrou em vigor no estado brasileiro de Rondônia a lei estadual 2058/09, não só instituindo multa para os médicos que não emitirem receitas em letra legível, mas ainda elevando o valor normalmente cobrado. As multas, por exemplo, podem chegar até 200 UFIR (Unidade Fiscal de Referência), enquanto no Paraná as multas são de, no máximo, 36 UFFI (Unidade Fiscal do Município).


Bem gente, fico por aqui que preciso dormir. A luta continua!

Boa noite!

Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 06/08/2014


Nenhum comentário:

Postar um comentário