10/03/2016

O gato subiu a escada...


Nosso gato morreu! Pronto, falei!
Esse tipo de assunto não dá para florear nem fazer suspense e vou contar num fôlego só!
Foi uma fatalidade!                               
Aconteceu na semana passada e somente agora tomei coragem para deixar registrado aqui no Blog Banal.
Luto na família!
Nos fundos da nossa casa existe uma escada de ferro tipo marinheiro que utilizamos para tudo, desde trocar lâmpadas, pintar paredes e subir no telhado. 
Como todo gato, ele era muito curioso e vivia explorando o seu habitat, porém com limitação, pois a nossa casa é toda fechada, justamente para evitar outros tipos de gatos: os ladrões. 
No início, seu nome era Paçoca, mas com o tempo começamos a chamá-lo de Nino. 
Nino nunca havia subido numa altura maior do que uma cama ou sofá, mas seu instinto curioso e caçador o fez querer subir uma escada, provavelmente com o objetivo de alcançar o telhado para caçar passarinhos. 
No início da noite fatídica, a escada estava apoiada na parede e quando ele tentou subir, provavelmente desequilibrou-se e a escada tombou em sua direção, caindo em cima de sua cara, causando afundamento ósseo e hemorragia pela boca. 
Na tentativa de elucidar a causa raiz dessa fatalidade, no dia seguinte ao óbito, recoloquei a escada na parede e tentei movê-la com a pontinha do dedo e a escada nem se mexeu, mesmo imprimindo uma força média! 
Além disso, o gato é um bicho muito leve! Não sei como ele teve força para fazer a escada cair! 
Eu não estava em casa quando isso aconteceu porque havia saído para caminhar quando minha mulher e filha apareceram desesperadas e me alcançaram pelo caminho, com o gato desmaiado dentro do carro, em estado de choque, para irmos à única clínica veterinária 24 horas daqui da cidade. 
Chegamos no local, apertamos a campainha e entramos com Nino enrolado num lençol e rapidamente uma veterinária o levou até uma maca. Ela raspou o seu "braço" e espetou a agulha para injetar soro e colocou uma máscara de oxigênio em seu focinho. 
Eu fiquei perto da maca enquanto a secretária chamou a minha mulher para fazer a ficha e dar apoio à minha filha que estava chorando. Fiquei acompanhando o procedimento e percebi que o gato estava em estado de coma, com os olhos arregalados e paralisados. A língua estava fora da boca e havia hemorragia! 
Mesmo sendo leigo, percebi que o gato estava tecnicamente MORTO e fiquei preocupado quando a veterinária me disse que Nino precisava ficar internado para tratamento, retirada de raio X e mais medicamentos. 
Eu me senti como o Zaratustra, carregando um cadáver nas costas e entrando no Hospital Sírio Libanês para interná-lo na ala VIP! 
Era como dar um cheque em branco e no dia seguinte a ouvir a jovem veterinária dizer que sentia muito pelo ocorrido, que fez tudo o que podia, mas que "para me ajudar", eu podia pagar com cartão de crédito a fatura de R$2.000,00! Infelizmente, pelo estado que o gato se encontrava não dava para prosseguir. Se eu percebesse que havia uma pequena chance de sobrevivência é claro que eu topava! 
Pedi à veterinária que me apresentasse os custos até aquele momento, afinal entramos direto para os primeiros procedimentos e chocados com a situação não perguntamos sobre a parte comercial. 
Ela foi até ao computador da secretária na sala ao lado e voltou com a fatura no valor de R$ 300,00 pelo tratamento de um gato praticamente morto em apenas 15 minutos! 
A situação era delicada, afinal minha filha estava chorando na sala de espera. É nessas horas que devemos ser racionais. Pensei por alguns instantes, conversei com minha mulher e decidimos: Vamos levar o gato para casa! 
A veterinária fechou a cara quando soube de nossa decisão e falou que teríamos que assinar um termo de desistência do tratamento. 
Tive vontade de perguntar quanto custava esse tal termo, mas resolvi ficar quieto para não complicar ainda mais a situação. 
Nesse ínterim, ela começou a desligar o oxigênio e retirar o soro de sua pata com rapidez! 
Olhei para ela e perguntei se podia levar o soro que estava cheio no reservatório para ele tomar em casa, afinal estava pagando e ela disse friamente que não. 
Fui até a máquina de cartão de crédito, paguei o valor cobrado, enrolamos o gato no lençol e fomos embora tristes para o carro. Silêncio absoluto dentro do carro!
O gato morreu em nossa casa. 
Aquela cena da veterinária não saía de minha cabeça. Nem consegui dormir direito naquela noite. 
No dia seguinte, liguei para a clínica, me identifiquei para a secretária, expliquei a situação e perguntei se a veterinária que nos atendera era filha do dono, porque se fosse nem adiantava reclamar porque certamente ele passaria a mão na cabeça da filhinha. 
Após ela confirmar que a "doutora" é funcionária, transferiu-me para conversar com o dono da clínica, que também é veterinário e ouviu-me com gentileza e até perguntou-me sobre o gato. Lamentou-se sobre a má sorte e pediu desculpas pelo ocorrido. É assim que se faz! Inclusive se ofereceu para devolver a metade da quantia cobrada, local para enterro e outro gato castrado, se desejássemos. Agradeci por ele ter entendido a situação mas o que eu queria mesmo, nem era apenas o dinheiro, mas que ele orientasse a sua funcionária que embora a universidade que ela formara, não tenha ensinado "humanidade", que esse "pequeno" detalhe poderia fazer toda a diferença em sua vida, inclusive a profissional. 




Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 10/03/2016

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