Ontem finalmente experimentei a famosa comida japonesa e gostaria de compartilhar essa experiência aqui no Blog Banal.
Confesso que demorei, afinal já me aproximo dos cinquenta anos e ainda não tinha essa experiência tão comum hoje em dia.
Relutei um pouco, mas não foi por falta de vontade e sim por falta de interesse mesmo. Minha preferência sempre foi por churrasco, picanha na pedra, filé à parmegiana e até pizza.
Ontem à noite, véspera do dia da Páscoa, tomei coragem e levei esposa e filha para experimentar essa cozinha que tanta gente comenta, para tirar as minhas conclusões e se é mesmo tudo isso que tanto falam.
Aqui em Araras existem 3 restaurantes de comida japonesa, mas descobri na internet que a cidade de São Paulo tem mais restaurantes japoneses do que churrascarias. São 600 estabelecimentos contra 500, segundo a Abresi (Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo).
O restaurante que escolhemos se chama Naoto Sushi, inaugurado no final do ano passado aqui na cidade e possui duas unidades, sendo um no Morumbi e outro aqui na cidade de Araras-SP.
Chegamos por volta das 20:30 h, estacionamos o carro na rua e imediatamente apareceu um homem que se ofereceu para tomar conta do carro! Trata-se do famoso "flanelinha", aquele sujeito que você paga para ele próprio não fazer nada de errado com o seu carro. Acenei a cabeça, agradeci e seguimos até a porta do restaurante para recebermos as boas vindas de uma mocinha na porta do estabelecimento. Neste restaurante não precisava tirar os sapatos. Sei disso porque li que em alguns em São Paulo existe essa "necessidade". Ainda bem que aqui não vieram com essa frescura desnecessária e tomara que nesses restaurantes, o alimento servido seja tão limpo quanto a exigência aos clientes.
O ambiente é bem decorado, ambiente climatizado, com predominância de madeira e o vermelho. Na área central existem várias mesas e cadeiras de madeira para quatro pessoas e nas extremidades sofás aconchegantes que envolvem as mesas.
Os lustres pendentes também na cor vermelha com lâmpadas suaves tornam o ambiente agradável e acolhedor. Havia um telão com som ambiente com a volume adequado para não interferir nas conversas à mesa. Eu estava de costas mas percebi que tocava músicas variadas e não havia música japonesa no ambiente.
Um garçom de pele morena chegou vestindo uma roupa preta com faixa na cabeça e às mãos, dois cardápios com fotos e um palm-top para registrar os pedidos. Dizem que em alguns restaurantes eles chegam saudando "irashaimasê" que quer dizer "seja bem-vindo".
O nosso falou apenas boa noite com o sotaque nordestino, mas isso para mim não tem importância pois não aprecio frescuras. O garçom era jovem, atencioso e parecia inexperiente. Não pense que eu já sabia como os garçons saúdam com esse vocábulo citado porque eu nunca tinha entrado num restaurante desse tipo. Sei desse detalhe apenas porque pesquiso algumas coisas para não escrever muita besteira. Ele perguntou qual seria a nossa preferência se rodízio ou à la carte. Expliquei ao garçom que éramos iniciantes na gastronomia japonesa e que gostaríamos de uma sugestão quanto aos pratos.
Ele indicou as opções de pratos "combinados" onde vem servido porções variadas num barco de madeira que permite experimentarmos um pouco de cada iguaria. Agradeci a orientação e enquanto selecionava o grupo dos "combinados" (haviam vários nomes exóticos!). Pouco me importei se essa bebida combinava com o prato. Pedimos duas caipirinhas e um refrigerante para a minha filha. Após algum tempo lendo aqueles nomes exóticos tipo sushi, nigiri, gunkan, norimaki, sashimi, etc. paramos de procurar e optamos por um "combinado" onde existia a palavra salmão com esses tipos inclusive, pois esse era familiar e nossa intuição dizia que devia ser uma boa escolha.
Apontei a nossa escolha no cardápio, ficamos conversando e tomando nossa caipirinha enquanto o prato era preparado.
Em nossa mesa, havia previamente os hashis (aqueles palitinhos ao invés dos garfos) e uma pequena tigela de louça retangular com uma divisão para despejar o molho shoyo.
Logo após uns 10 minutos o garçom trouxe o antepasto, que se trata de uma espécie de taça contendo pedaços pequenos de um peixe cru não identificado, temperado com cebola roxa picada, limão, tomate e ervas. Pedimos ao garçom aquelas peças de plásticos que unem os palitinhos (hashis) para facilitar o uso porque não temos habilidade nesse "garfo japonês". Logo abaixo, minha filha degustando esse peixe desconhecido. Até esse momento, tudo corria dentro das expectativas.
Finalmente o barco de madeira com as variadas iguarias foi colocado em nossa mesa e nesse momento pedi uma cerveja Antarctica Original (Não é o acompanhamento ideal? Não me importo também.)
O primeiro impacto visual foi de admiração, pois os alimentos são coloridos e cuidadosamente distribuídos. A apresentação é bem bonita, exótico e agrada aos olhos.
Dentro do barco havia sushi, nigiri, norimaki, sashimi, pepino, lascas de nabo (provavelmente), gengibri, wasabi e uns outros enroladinhos à base de arroz, algas e uma casquinha de peixe que não sei o nome.
Agora vou detalhar as minhas impressões após experimentar. Não fique aborrecido se as minhas conclusões não correspondem às suas e também não aceito a denominação de que não sou refinado para perceber os sabores. Realmente não sou um sujeito refinado, mas tenho boca, dentes, língua e paladar para comparar os alimentos e deixar minha opinião e preferências.
Bem, ao degustar o primeiro norimaki (arroz enrolado com algas marinhas), notei que a comida era fria, sem sal e pouco tempero. O molho shoyo ajuda a temperar um pouco mas não se compara ao nosso famoso tempero de alho e sal.
O Shoyo dá cor no alimento e deixa tudo muito parecido e meio adocicado.
Percebe-se que a comida é bem leve e isso pode ser um dos motivos que fazem os japoneses terem a maior expectativa de vida mundial, superando os 80 anos.
A minha filha conseguiu comer apenas os pedaços de peixes crus que foram servidos como antepasto (foto acima), mas não conseguiu engolir nem o arroz grudado do sushi.
Reparei que a minha mulher começou bem, experimentando o norimaki e fazendo comentários positivos, porém quando partiu para o sashimi (salmão puro) ela simplesmente travou e não conseguiu comer mais nada. Ela também comentou que o salmão cru, a falta de tempero e o shoyo enjoativo contribuíram para não mais continuar o jantar.
Nesse momento eu era o único guerreiro que não podia decepcionar e segui comendo, afinal já comi coisas muito piores. Continuei até me fartar porque apesar de não ser aquele prato que chega dar água na boca só de pensar, dá para comer. Esse "dá para comer" aliás, me fez lembrar uma frase da época juvenil quando se olhava uma menina pouco atrativa, mas que com boa vontade "dava para comer" (minhas falsas desculpas às feministas e aos refinados, mas isso é uma visão machista e persiste até hoje, embora ninguém fale abertamente porque é feio).
Bem gente, para resumir essa aventura gastronômica, agora finalmente posso dizer a minha opinião sobre essa comida tão famosa. Posso até comer novamente para acompanhar alguém que goste muito ou em caso de ser convidado para uma refeição em alguma casa que seja servido esse alimento. Mas de uma coisa eu tenho certeza, este nunca será aquele prato que me deixa com água na boca quando fico algum tempo sem comê-lo, como ocorre frequentemente com a picanha na pedra ou filé à parmegiana. Eu tenho amigos que parecem gostar sinceramente, porque visitam com esses ambientes com frequência, mas para mim não deu.
Antes de finalizar, existe uma denominação humorada em meu local de trabalho, que quem não gosta de comida considerada "refinada" é chamado de "beiço grosso" e o contrário de "beiço fino".
Bem, pode ser que eu seja considerado "beiço grosso" com relação à comida japonesa, mas prefiro ser chamado disso do que comer forçado uma comida sem gostar, apenas para passar a "falsa" impressão de ser uma pessoa "diferenciada" ou com "status" que não possuo.
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Esse "beiço grosso" aí em cima sou eu, o autor desse blog banal (Nossa, eu estava gordo!!!)
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Até a próxima!