08/05/2020

Página 14 - Meu livro: Memórias de Zara Crotone

- Pai! – exclamei num tom mais alto. Depois que o senhor partiu, passamos muitas necessidades e tive uma infância miserável. Sem apoio, sem dinheiro e sem a sua proteção.

- Mamãe ficava deitada o dia inteiro, abatida e sem energias sequer para fazer um café! 

- Pai! Pela última vez lhe imploro, fala comigo! Que lugar do mundo sua presença se fez mais importante do que a nossa família? 

- Passamos muitas noites sem dormir esperando a sua volta. Olhávamos para o imenso céu estrelado, pedindo a Deus a sua volta. Porque abandonou as pessoas mais importantes de sua vida? 

- Deus, silencioso como habitual, nunca respondeu nossas súplicas. O céu era indiferente à nossa dor... como o senhor! – Falei por impulso e de forma irracional.

Ele permanecia olhando para o chão de forma covarde e mais indefeso do que um réu diante de seu inquisidor, cuja acusação era injusta. 

Sentia o peso das acusações e não conseguia se defender. Ele também não tinha culpa pelos caminhos inesperados da vida e foi também acorrentado e punido pela consciência pesada por algo que não podia lutar, a morte, nosso maior carrasco depois da consciência. 


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