A ambulância e sua sirene estridente interrompem o silêncio da noite escura e avançam em alta velocidade com destino ao Hospital Santa Ágata.
Sigo afundado no banco carona do condutor com as pupilas dilatadas e o coração disparado, pressionando o meu pé involuntariamente contra o fundo do veículo, como se fosse um acelerador imaginário. O vento invade agressivamente as janelas e quase me tira o fôlego. A iluminação frenética do giroflex rodopiando seus raios ofuscantes na rodovia, transforma a corrida em um espetáculo angustiante e depressivo.
Alice, minha esposa, encontra-se desmaiada e sendo transportada na traseira da ambulância, ao hospital mais próximo de nossa casa. Ela sentiu uma dor aguda no peito e foi foi reanimada a tempo com a chegada imediata da equipe de socorro.
Chegamos às 23:00h no portão principal da emergência do hospital particular, exatamente oito minutos após o seu desmaio. O condutor do veículo entra de ré, com as sirenes desligadas e estaciona próximo à porta de emergência. Salto da cabine segurando a maçaneta, com muita dificuldade e finalmente apoio meu peso no chão, reencontrando meu equilíbrio. Passo a mão no rosto para limpar a poeira da viagem e sinto minha pele fria como de um cadáver. Por pouco quase necessito de uma maca para receber cuidados ou ser notícia da seção necrológica do jornal da cidade.
Enfermeiros ágeis abrem a porta traseira, deslizam a maca com diligência e transporta Alice pelo corredor até desaparecer completamente. Imediatamente um funcionário uniformizado orienta direcionar-me à recepção para aguardar o atendimento.
Entro na sala ampla, asséptica e refrigerada. Na parede, um quadro branco revela o rosto de uma enfermeira linda, sorrindo com os olhos e o dedo indicador tocando suavemente seus lábios pedindo silêncio.
Procuro acomodar-me no confortável sofá duplamente preocupado. Primeiro pelo estado de saúde de Alice e depois por...
Bem! Não quero pensar sobe isso agora... – desviei o pensamento
Espero que Alice se recupere o mais breve possível e possamos voltar para a nossa casa. – pensei.
Enquanto isso, o segurança do hospital estica o braço em direção ao balcão para preenchimento da ficha cadastral. E essa é justamente a minha segunda preocupação!
Obedeço a orientação recebida e me dirijo até a cadeira em frente ao balcão. Comunico que estou acompanhando a minha esposa que acabara de entrar na emergência do hospital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário