02/05/2014

Sobre dramas e lágrimas





Não suporto dramas. Tem gente que não tolera lágrimas. Não tenho problemas com as lágrimas. São sinceras. Desconfio dos sorrisos.

O sorriso seduz e engana.

O drama me irrita. Coisa de gente fraca. Aversão herdada pelas lutas e dificuldades. Quem sobrevive às batalhas cria casca e não perdoa esse tipo de luxo.

A luta e a indiferença torna o indivíduo um pouco mais resistente. E dessa reação você descobre uma força inconscientemente destrutiva.

Se é para lutar, estamos aí. Se é para morrer, vamos em frente!

Reação natural pela sobrevivência. Só os fortes e os injustiçados carregam essa energia.

E por falar dos fortes, lembrei-me dos fracos.

Os fracos e os imbecis são mais felizes? Mas ser fraco e imbecil não é opção. É consequência.

De que me adianta chorar pela morte de uma galinha se logo penso em saborear com gosto um bom assado, sem culpa.

Tem gente que gosta de cultivar a viuvez.

O tempo faz as viúvas jogarem o lenço fora.

Até o luto tem prazo de validade assim que as lágrimas secam.

A saudade às vezes aparece, mas a atividade não deixa tempo para ficar preso ao passado.

O corpo cansado anula o pensamento. O corpo fatigado apaga tudo.

A saudade surge na ociosidade ou no silêncio.

Algumas coisas são entendidas apenas no silêncio absoluto, à distância ou com o tempo.

Algo julgado imprescindível às vezes não passa de apego passageiro.

Esse é apenas um dos lados da moeda.

Até as fortalezas são vulneráveis. Não existe pedra que não resista a batida constante da água.

Por trás das pedras ainda existe sensibilidade, música, ar puro, jardim florido e esperança.

Sem esperança acaba a luta.

Sem esperança a tristeza toma conta.

Sem esperança nos entregamos.

Sem esperança tudo fica cinza.

A cor vai embora de qualquer jeito.

A esperança ilude mas torna a vida um pouco mais suportável.


Alex Gil Rodrigues 01/04/2014 pensando livre sobre o cotidiano.

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