07/09/2014

Palavras que ferem

Outro dia navegando pelo mundo virtual encontrei o seguinte pensamento:
"É possível acariciar as pessoas com palavras" de Francis Scott Fitzgerald.


Gostei desse pensamento e este será o gancho para escrever alguma banalidade no dia de hoje.

Um dos meus prazeres que tenho na vida (ainda bem que é na vida né?) é visitar sebos e livrarias para garimpar alguma literatura de meu interesse. Cada livro que gosto é um amigo que encontro para conversar e me ensinar algo. No silêncio desse contato com as palavras impressas ouço a "voz" de cada autor, mesmo daqueles que já morreram. De certa forma suas palavras funcionam como sussurros imortais aos meus ouvidos e combustíveis para reflexão. Mas para encontrar algo valioso temos que agir como garimpeiros que utilizam suas bateias para encontrar ouro. Para quem não conhece esse utensílio que utilizei como metáfora literária, segue a imagem.


Bateia para garimpo
Enfim, este ambiente me atrai e às vezes até esqueço da hora abrindo livros, examinando a capa, contracapa e claro, lendo alguns trechos...Outro dia conto como e quando comecei essa paixão...

No último feriado de Araras/SP, aproveitamos a folga (autor banal e família) para irmos ao Shopping D. Pedro em Campinas que fica a 75 km de onde moramos e aproveitei para dedicar um tempo a esse prazer.


Enquanto eu estava entre as prateleiras, numa livraria chamada "Leitura", um homem com mais de 50 anos, presumo, chegou perto de uma mulher e disparou de forma irritada, sem nenhuma preocupação se alguém estivesse ouvindo:

- Vamos embora que eu não vejo nenhum valor nisso aqui!


Aquilo me atraiu e parei imediatamente o que estava fazendo para prestar atenção de qual caverna ecoava aquele grito... Era um autêntico exemplar de troglodita em carne e osso na minha frente! 

A mulher com quem ele estava falando segurava um livro e comentou alguma coisa bem baixinho. Nisso, o homem das cavernas, com seu cérebro rudimentar grunhiu mais alto do que a primeira vez:
- Com R$ 24,00 eu compro várias cervejas! 

Falou isso e saiu andando com sua visão curta e orelhas compridas enquanto a coitada devolvia apressadamente o livro de seu interesse à prateleira para segui-lo cabisbaixa.

Senti pena daquela mulher, mas infelizmente nada posso fazer. Pelo jeito ela é mais uma refém da máxima: "Sede submissa ao vosso marido" e quem sou eu, banal e mortal para contrariar essa "regra" universal!

Voltando à frase citada no início desse texto gostaria de acrescentar que as palavras além de acariciarem também possuem o poder destruidor de ferir ou apequenar as pessoas.

Por hoje é só!


Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 07/09/2014.

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