31/05/2014

Meu primeiro CD

Muito tempo depois que os dinossauros dominaram a Terra e desapareceram, viveu um descendente do Homo sapiens, numa cidade do interior do Rio de Janeiro. 
Conta a lenda que esse homem que atendia pelo nome de Alex Gil , deixou escrito em seu Blogssauro a história de seu primeiro CD. Para os mais jovens, CD é abreviatura de Compact Discs, inventado em 1979 e comercializado a partir de 1982. Essa invenção forneceu maior capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem chiados, fazendo o disco de vinil ser considerado obsoleto!



Ecce Homo (um trocadilho insano como o próprio autor) adquiriu seu primeiro CD de música há muito tempo e essa aquisição foi curiosa, pois mesmo não possuindo um aparelho de som para tocar aquela “modernidade”, comprou assim mesmo. Por quê? Porque sim!
  
Seu aparelho ainda era uma vitrola amarela marca Philips modelo 103 que ganhou, compartilhado com meus irmãos, num certo Natal e servia apenas para ouvir discos de vinil.


Depois de muitos anos de luta, logo após a revolução industrial, apareceram os primeiros “aparelhos de som” que tocavam até CD. Dizem que foram transportados por mulas através da estrada imperial (nossa, essa frase foi de "lascar", aliás outro termo obsoleto!). As músicas eram apreciadas apenas por toca- discos de vinil, fita cassete e rádio.

Naquela época não existia a indústria da pirataria musical. Pirataria era um termo associado a pirata mesmo. Consultei o Grande Sábio Google e em 0,26 seg descobri que o primeiro a utilizar o termo “pirata” para descrever aqueles que pilhavam os navios e cidades costeiras foi Homero, na Grécia antiga, na sua Odisseia. 
Antes que a história seja desviada retornemos ao tema. Nada de piratas, Homero ou poemas épicos.
A intenção é conhecer a história do primeiro CD e pronto!



Bela pirata hein! ops! desculpe desviar a atenção. Como eu ia dizendo, o desejo por esse CD foi uma paixão à primeira vista, ou melhor, paixão à primeira “ouvida”. Isso aconteceu quando Alex, Luciano e Humberto, seus colegas de trabalho, foram convidados pelo Jorge, que morava pertinho da fábrica, no bairro Cotiara em Barra Mansa, para conhecer o aparelho de som que ele acabara de comprar e tomar umas cervejas. Era um autêntico Sharp, com toca-fitas, toca-discos e até CD. Além de ser uma novidade, era muito caro. Aproveitando esse momento de profunda reflexão sobre as mudanças no tempo, muita coisa mudou de lá até hoje. O aparelho é super moderno, estamos mais velhos, mas a cerveja continua a mesma! 




Back to the past: Esse período de sua vida também foi lebrado com saudosismo e alguns detalhes o tempo já estava apagando. Segundo informações do próprio casal amigo, esse aparelho foi o primeiro “som” comprado depois que se casaram no ano em que sua filha Luana nascera e ainda funciona até hoje! Coisa rara hoje em dia em que quase tudo é descartado em pouco tempo. Bateu uma saudade dos vários passeios que fazíamos com a família de Jaqueline à Ilha da Gipóia, Angra dos Reis. Um ambiente agradável com areias brancas e águas verdes. O velho Forster, pai de Jaqueline, possuía um pedaço desse “paraíso”. Foi um privilégio desfrutar ótimos momentos naquele ambiente.




Antes que o assunto escape, voltemos aos trilhos.
O Sr. Forster, na ocasião, emprestou alguns CDs a Jorge & Jaqueline, para experimentarem o novo "som". Dentre esses CDs estava um que Alex teve a oportunidade de ouvir pela primeira vez as músicas do cantor norte-americano chamado Nathaniel Adams Coles, mais conhecido como Nat King Cole, tudo gravado em 30 músicas em Espanhol. 

Essa foi a primeira vez que este homem teve oportunidade de ouvir aquela voz doce e afinada de Nat King Cole.
Logos após, iniciou sua jornada para garimpar lojas para encontrar esse CD e não foi fácil achar por dois motivos: era bem antigo e pouca gente apreciava aquele tipo de música.
De tanto procurar, achou por acaso numa loja de discos antigos num edifício também antigo chamado apropriadamente de "Edifício Redondo" em Volta Redonda-RJ.



O próximo passo, logicamente, foi adquirir um aparelho de qualidade. Pegou seu décimo-terceiro salário e adquiriu sem dó um lindo aparelho Sony LBT A12 com toca-discos, tape deck duplo para fita cassete, 2 caixas de som e controle remoto. Seu primeiro aparelho! Uma fortuna! 
Obs: Não sei  porquê, mas desconfio que ele era muito “duro” porque tudo que comprava julgava “caro” ou a vida antigamente era bem mais difícil.






Se alguém tiver interesse segue o link com algumas músicas deste CD. Uma raridade que poucos apreciam.
Apresento-lhes então, uma amostragem, sem vergonha nenhuma do passado, do primeiro CD comprado do saudoso Nat King Cole em Espanhol:

  


Nota: Infelizmente emprestei esse CD à uma professora de Espanhol, que  mudou de cidade e nunca mais devolveu. Será que ela pensou ser um presente?

Elaborado pelo descendente distante do Homo sapiens Alex Gil Rodrigues na madrugada de 31/05/2014.

29/05/2014

Os Idiotas

Indicação de livro
Título: Contra um mundo melhor.
Autor: Luiz Felipe Pondé



Trecho do livro:

O grande escritor pernambucano Nelson Rodrigues costumava falar que vivemos numa época dominada pelos idiotas. Quem são esses idiotas? Como reconhecê-los? O que eles costumam falar? Antes de tudo, eles são maioria esmagadora e, como a democracia é um regime fundamentado na maioria, são vencedores pela simples força numérica. A luta contra os idiotas é uma batalha perdida. Falam demais. Acreditam que, apenas porque têm boca, podem emitir opiniões sobre tudo. Como viraram engenheiros e médicos e professores, porque o “conhecimento” virou ferramenta de ascensão social, hoje os idiotas têm diplomas. Mais um dos danos da sociedade do “acesso” em que todo mundo tem “acesso”, na qual quase não há conteúdos que valham qualquer “acesso”. A maioria da humanidade sempre foi ignorante (nascia, reproduzia e babava na gravata, como dizia Nelson), mas, com o advento da sensibilidade democrática para o número e a estatística, essa maioria tomou a palavra. Toda a “ética” democrática é voltada para a banalização do conhecimento a serviço da autoestima dos idiotas. Não os ofenda porque eles venceram. Acreditam firmemente no que pensam enquanto veem novelas na TV. Deduzem argumentos sobre a vida a partir de suas experiências paroquiais. Quando se sofisticam, isto é, quando atingem um tipo de cartão de crédito mais “exclusivo” ou “esquentam” seus diplomas tirados em universidades periféricas, tornam-se mais ruidosos. E aí pensam que se tornaram indivíduos. Pensam que têm vida interior própria. Sou daquele tipo de pessoa que simpatiza fortemente com o mundo da aristocracia (não necessariamente de sangue nem de dinheiro, às vezes apenas de mérito puro e simples) simplesmente porque julgo que a minoria sempre carregou a humanidade nas costas. Isso acontece desde o recinto doméstico da sala de aula (poucos alunos valem a pena) até os grandes fatos históricos (fruto do esforço de poucos homens e mulheres).


24/05/2014

Últimas palavras







Texto elaborado por Alex para todos e para ninguém.

Olá humanidade,
Nasci às 9:05h do século 21 num ano qualquer. 
Escrevi essas palavras nos meus últimos quinze minutos de vida, numa cidade qualquer.
Neste momento que você lê, não existo mais e deixo registrado algumas lembranças.

Morrer faz parte do processo da vida.
A última etapa de todo ser vivo.
Estamos programados para nascer, crescer e morrer.
Tem gente que não aceita isso e cria alternativas, para suportar a realidade.
E como existem alternativas e fugas!
Com ilusão ou sem ilusão, ninguém escapa.
Implacavelmente.
Não adianta plano "B".
Aceitemos isso ou não, a morte é um fato.
Uma realidade inexorável.
Alguém já parou para pensar que deixar de existir é uma coisa tão "natural" quanto existir?

Não sei se você me conheceu. 
Ninguém conhece totalmente outra pessoa.
Apenas a superfície é revelada.
Minha mente foi um universo de pensamentos e interpretações. 
Hoje repouso em paz.
Estou bem.
Fui amado pela minha família, amei e tive filhos.
À família saudades, aos amigos gratidão e aos idiotas a distância.
Só lamento ter viajado muito pouco. 
Mas no geral, saio satisfeito da vida.
Valeu a experiência.





Minha missão foi cumprida.
Eu disse missão?
Não gosto dessa palavra.
Seu significado é traiçoeiro.
O universo é probabilístico.
Eu nunca escrevi com intenção de reconhecimento ou aprovação. 
Compartilhei algumas pérolas.
Não ofereci o alimento correto.
Houve gente que não apreciou,
Houve gente que não compreendeu,
Houve gente que não mereceu.
Dê pérolas a quem merece e água para quem tem sede.
Escrever dá prazer. 
Transforma pensamentos em palavras.
Exercício de liberdade.
Um olhar sobre a vida. 
Bobagens sem importância.



Conheci gente apaixonada por pássaros presos na gaiola, pescaria numa noite fria ou futebol debaixo do sol de verão.
Dizem que somos livres.
Nem todos são livres.
Alguns escolhem o seu próprio cativeiro.
Que deixam marcas por toda a vida.
Alguns se tornam papagaios de frases e comportamentos.
Os mesmos tiques, trejeitos e frases prontas.
Cheios de culpas e medos.


Fui apaixonado por livros, filosofia e ciência.
Cada pessoa cultiva sua paixão ou prisão.
Os livros quebraram minhas algemas.
Melhoraram minha interpretação sobre o mundo, forneceram ferramentas contra o dogmatismo e exercitaram o livre pensamento.




Palavras carregam significados.
Às vezes ferem, mas também emocionam.
Prefiro as feridas de uma palavra dura do que a doçura de uma palavra que ilude.
A ferida cicatriza e te prepara para a batalha.
A palavra doce te ilude, mima e corrompe.
Tudo que escrevi pode ter sido irrelevante. 
Com o tempo todos seremos.
Agora que não existo mais, provavelmente serei lido.
Por curiosidade ou passatempo.
A vida não pode parar.
O feijão está no fogo.
Nossa importância aumenta um pouquinho depois que partirmos.
 - O que ele vai revelar? Alguma coisa que eu não saiba? Você pergunta.
 - Vou ler então. Pode ser algo que pague o meu tempo perdido!
Desculpe, mas infelizmente não tenho nada a revelar.
Sou uma pessoa banal, já disse isso.
Sinto muito em desapontá-lo (a)
 - Ah!, mas esse é o último texto, então deve ter algo interessante. Você pensa, tentando salvar o seu tempo desperdiçado.
Não tenho nada mais para oferecer, desculpe-me.
 - Ah! Mas isso não tem graça. Você pensa novamente.
Infelizmente também não sou engraçado.
 - Ah! então não era nada! Você pensa.
 - Achei que tivesse alguma coisa importante para dizer. Perdi o meu tempo!


Quando alguém morre, é praxe pensarmos na pessoa por alguns instantes. 
É uma forma de homenagem silenciosa.
Porém, receber reconhecimento ou ficar arrependido depois de morto não tem sentido.
Parece remorso.
Vejam quantas estátuas repousam esquecidas e cagadas nas praças.



A maioria nem lê o nome da pessoa. 
Quanto menos o que ela representou em seu tempo.
Serve de pouso para pombos.
Isso não é homenagem. É um desprezo.
A verdade é que todos seremos esquecidos. 
Alguns em vida.
A maioria depois da morte.
Sem exceção.
Essas palavras estão recebendo mais atenção do que habitual.
A diferença é porque agora estou morto. 
Quem morre, merece atenção.
O comportamento humano é previsível.
Existem duas perguntas que normalmente se faz quando alguém comunica a morte de alguém:
 - Morreu de quê? Tinha quantos anos?
No íntimo a pessoa compara a sua idade e a possibilidade de ter o mesmo fim.
O ser humano é previsível, incorrigível e banal.
Já reparou que todo mundo costuma prestar mais atenção, nas últimas palavras de um morto?
É uma homenagem disfarçada.
Na verdade somos menos importantes do que acreditamos.
Nossa estima elevada é ferramenta de sobrevivência. 
Nossa importância possui prazo de validade. 
Somos valorizados de acordo com a nossa capacidade de dar algo um troca. 
O altruísmo é o egoísmo elevado ao extremo. 
Gostaria de deixar uma última mensagem na minha pedra lápide:
"Não conte mais comigo".
Mas essa frase não é bonita.
Isso é feio, você pensa.
Apesar de hiper-realista, eu digo.
O mundo deve parecer belo.
 - Mesmo que falso?
 - Sim, sem beleza não tem graça.
Quem morre deve deixar uma mensagem linda mesmo que pueril.
Eu não tenho essa mensagem. Sinto muito.
Um amigo de Barra Mansa um dia me falou que em sua pedra estará escrito:
 "Aqui viveu um homem feliz".
Essa frase é bem melhor do que a minha.
Todo mundo gosta de final feliz.
Desculpe por não conseguir oferecer ilusão, sonhos ou eufemismos.
Então só me resta um até breve...
Ou "Enfim off-line" 

Bobagens escritas por Alex Gil, vivendo num dos momentos mais felizes de sua vida em 27/05/2014.

22/05/2014

Música: Talento ou dedicação?






Neste exato momento, meu filho toca violão em seu quarto.
Nunca consegui tocar violão. Ele me superou e isso me deixa muito feliz. Definitivamente não tenho talento musical. Sempre que digo isso perto de alguém que possui facilidade para a música, logo sou repreendido de que não me esforcei o suficiente. Será? Acho que não. Essa discussão nunca chegará a um consenso. Quem possui talento e facilidade defenderá que você não se esforça o suficiente e quem possui dificuldade em aprender vai culpar a falta de talento. Eu me rendo.

Meu avô era músico e quando eu era criança, gostava de ouvi-lo. Seu instrumento era um saxofone prateado e dourado, que ele guardava numa espécie de mala apropriada com o contorno do instrumento e tinha um cheiro gostoso. Era muito bonito, brilhante e o som era doce. Eu achava que tocar um instrumento fosse muito fácil.




Em algum momento do passado, cismei de aprender tocar teclado. Além do som agradável, achei que teria habilidade, afinal não precisa afinar, os acordes são relativamente fáceis de montar e também não perturba o vizinho. Resumindo é um instrumento muito prático e bonito também.

Decidi então comprar um bom teclado. Fui até uma loja musical escolher o modelo. As opções eram muitas e na empolgação, ao invés de optar por um mais simples, deixei a razão de lado e peguei toda PLR da época e comprei um Yamaha PSR-530. Custou praticamente toda a minha Participação dos Lucros e Resultados. Paguei à vista e tomei posse daquele "brinquedo" todo orgulhoso. 

Chegando à minha casa, abri a embalagem, coloquei aquela caixa sobre a mesa e fiquei alguns minutos admirando aquele instrumento e ansioso para aprender tocá-lo. Logo, a emoção passou, a razão assumiu o comando e comecei a ficar preocupado por ter comprado um instrumento tão caro, sem saber tocar nenhuma música!






No dia seguinte, iniciei minha busca para encontrar alguém para me ensinar e colocar aquele presente para funcionar o mais rápido possível e diminuir logo a minha tensão. Mal sabia que o processo era lento...

Matriculei-me numa escola particular e optei por uma professora da vizinha cidade de Volta Redonda-RJ. Era uma senhora de negra, aproximadamente sessenta anos e infelizmente não me lembro de seu nome. Uma vez por semana, às dezenove horas eu estava em sua casa para aprender teoria musical e prática.

Estudei por um ano e meio e cheguei até a me apresentar num encontro musical realizado num teatro. 

Aprendi algumas músicas, mas confesso que somente através de muito esforço e repetição conseguia tocar. Era agradável, mas não era leve. Conheço gente que consegue tocar instrumentos de ouvido. Tenho um primo e um tio que ouvem uma música e conseguem tocar as notas com muita facilidade.

Infelizmente a herança genética não me favoreceu nessa área. Quando eu me dava conta disso, começava a desanimar, porque eu ficava muitas horas numa mesma música, lendo a partitura, para conseguir decorar com muito esforço apenas uma música!!!

A evolução era muito lenta para as minhas expectativas e infelizmente, depois de muita insistência com o aprendizado, cheguei à conclusão de que não tinha talento musical e resolvi parar com o curso.

Até hoje possuo esse teclado e às vezes penso em vendê-lo. 

Sabemos que todo mundo possui algum talento em determinada área da vida. O meu, definitivamente, não é a música, infelizmente. 
Já me conformei com isso, mas mesmo assim estou satisfeito, pois me regozijo cada vez que vejo o meu filho realizar aquilo que eu não consegui na vida.





18/05/2014

Indicação de Livro: Cypherpunks - Liberdade e o futuro da Internet

Segue mais uma indicação de livro que eu achei interessante: Cypherpunks - Liberdade e o Futuro da Internet de Julian Assange.






Essa leitura foi impactante e até pensei seriamente em desativar meu Blog e Facebook, mas depois percebi que isso não seria uma solução conveniente, pelo menos agora. Talvez tome essa decisão quando eu me tornar milionário. Suas palavras nos remete à reflexão sobre a privacidade e liberdade em nossas vidas. Muitas vezes, negligenciamos nossa privacidade expondo idéias, posição ideológica, crenças, histórias, fotos e até a nossa receita secreta de bolo de laranja que a vovó ensinou, que poderiam ser usadas contra a gente em determinada situação.

Apesar disso, continuarei por enquanto com esses dois pontos de contato (Blog e Facebook), embora ciente de servir de isca, vigilância e monitoramento pelo grande "Irmão". Apesar dos riscos, essas plataformas ainda favorecem uma facilidade de comunicação, mesmo que virtual, com pessoas que provavelmente eu nunca mais encontraria devido a distância ou velocidade da vida. Além disso, não tenho o rabo sujo o suficiente que necessite esconder-me de todos e minha vida pessoal ainda é banal.



Seguem alguns trechos que selecionei aleatoriamente:

 - Uma guerra furiosa pelo futuro da sociedade está em andamento. Para a maioria a guerra é invisível. De um lado, uma rede de governo e corporações que espionam tudo o que fazemos.

- Quando nos comunicamos por internet ou telefonia celular, que agora está imbuída na internet, nossas comunicações são interceptadas por organizações militares de inteligência. É como ter um tanque de guerra dentro do quarto. Nesse sentido, a internet, que deveria ser um espaço civil, se transformou em um espeço militarizado. Mas ela é um espaço nosso, porque todos nós a utilizamos para nos comunicar uns com os outros, com nossa família, com o núcleo mais íntimo de nossa vida privada. Então, na prática, nossa vida privada entrou numa zona militarizada. É como ter um soldado embaixo da cama.

 - A WikiLeaks se dedica a publica documentos secretos revelando a má conduta de governos, empresas e instituições.

 - É preciso acionar o alarme. É o grito de advertência de uma sentinela na calada da noite.

 - Maior comunicação versus Maior Vigilância: O poder de vigiar todas as comunicações. 

 - ...Hoje isso é feito por todo o mundo e por praticamente todos os Estados, em consequência da comercialização da vigilância em massa. E ela tem sido muito mais totalizadora agora, porque as pessoas divulgam suas ideias políticas, suas comunicações familiares e suas amizades na internet...não inclui apenas uma maior vigilância das comunicações em relação ao que existia antes, mas também o fato de que atualmente temos muito mais comunicação...

  - As pessoas são recompensadas por participar no FB, com créditos pessoais...É importante relacionar esse fenômeno com o aspecto humano...

 - Quando nos comunicamos por internet ou telefonia celular, que agora está imbuída na internet, nossas comunicações são interceptadas por organizações militares de inteligência. É como ter um tanque de guerra dentro do quarto. É como ter um soldado entre você e sua mulher, enquanto vocês estão trocando mensagens de texto. Todos nós vivemos sob uma lei marcial no que diz respeito às nossas comunicações, só que não conseguimos enxergar os tanques – mas eles estão lá.

 - Que tipo de vigilância está sendo realizada nas telecomunicações?
Armazenamento em massa – o armazenamento de todas as telecomunicações, todas as chamadas de voz, todo o tráfego de dados, todas as maneiras pelas quais se consomem os serviços de mensagem de texto (SMS), bem como conexões à internet – em algumas situações, pelo menos limitado a e-mails. Se você comparar o orçamento militar como custo da vigilância e o custo dos ciberguerreiros, verá que os sistemas de armas convencionais custam muito dinheiro. Os ciberguerreiros ou a vigilância em massa são superbaratos em comparação com uma aeronave apenas. Uma aeronave militar custa US$ 100 milhões.
E a cada ano o armamento fica mais barato. Chegamos a fazer alguns cálculos no Chaos Computer Club: É possível armazenar todos os telefones feitos na Alemanha ao longo de um ano, com uma qualidade decente de voz, por cerca de 30 milhões de euro, incluindo despesas de administração. Então o armazenamento em si sairia por cerca de 8 milhões de euros.

  - Um celular é um dispositivo de monitoramento que também faz ligações....

 - Espionagem pelo Setor Privado:

A vigilância patrocinada pelo Estado é de fato um grande problema, que põe em risco a própria estrutura de todas as democracias e seu funcionamento, mas também há a vigilância privada e a potencial coleta de dados em massa por parte do setor privado. Basta dar uma olhada no Google. Se você for um usuário-padrão, o Google sabe com quem você se comunica quem você conhece o que está pesquisando e, possivelmente, sua preferência sexual, sua religião e suas crenças filosóficas.

Eles sabem mais sobre você do que você mesmo. Mais do que a sua mãe e talvez mais do que você mesmo. O Google sabe quando você está on-line  e quando não está. Você não sabe as buscas que fez há dois anos, três dias e quatro horas atrás, mas o Google sim.

 - Não é só a vigilância patrocinada pelo Estado, é a questão da privacidade, o modo como às empresas terceirizadas lidam com os dados e até que ponto as pessoas sabem o que é feito com eles. Eu não uso o Facebook, então não sei dizer muito a respeito. Mas agora, com o Facebook, dá para ver o comportamento dos usuários, que ficam felizes em divulgar qualquer tipo de dado pessoal, e será que é justo culpá-los por não saber qual é o limite ente privacidade e publicidade? Alguns anos atrás, antes das tecnologias digitais, as pessoas famosas eram as celebridades, os políticos ou os jornalistas, mas hoje qualquer pessoa tem potencial para a vida pública, basta clicar no botão “publicar”. “Publicar” significa tornar algo público, permitir acesso a esses dados ao resto do mundo – e, é claro, quando vemos adolescentes postando fotos de si mesmos bêbados ou algo assim, ele podem não ter a noção de que isso pode ser acessado pelo resto do mundo, potencialmente por muito, muito tempo.

O Facebook ganha dinheiro reduzindo a distinção dessa linha entre privacidade, amigos e publicidade. E eles armazenam os dados que você acredita serem restritos aos seus amigos e às pessoas que você ama. Então, não importa o grau de publicidade que você gostaria de atribuir a seus dados, a cada vez que você clica no botão “publicar”, dá esses dados primeiro ao Facebook, e em seguida permite o acesso a outros usuários.

...E dá para argumentar que as agências de espionagem dos Estados Unidos têm acesso a todos os dados armazenados pelo Google. E têm mesmo.

... E a todos os dados do FB; então, de certo modo, e o Google podem ser considerado extensões dessas agências.

 -  Ao discar qualquer número de telefone, você está explicitamente dizendo: Não tenho expectativa nenhuma de privacidade. As pessoas não entendem como a internet funciona, nem como as redes telefônicas funcionam, mas os tribunais têm cada vez mais proferidos decisões como se elas soubessem, no nosso caso do Twitter até agora, sobre o qual infelizmente não posso falar muito porque na verdade não moro em um país livre, eles têm alegado basicamente a mesma coisa.

...Entregamos todos os nossos dados pessoais a essas empresas....elas se transformaram basicamente em uma polícia secreta privatizada. E no caso do Facebook, chegamos a democratizar a vigilância.

- Algumas pessoas conseguiram pressionar o FB para entregar todos os dados armazenados a respeito delas sob os termos da Legislação Europeia de Proteção de dados. O menor volume de dados foi de 350MB e o maior, de aprox.. 800 MB. O Interessante é que, com essa decisão legislativa, a estrutura de bancos de dados do FB foi revelada. A cada vez que você faz login com o número IP, tudo é armazenado, cada clique, cada horário, e também o número de vezes que vc visita uma página, de forma que eles podem deduzir se vc gostou ou não de uma página, e assim por diante. Mas isso revelou que o principal identificador de estrutura do banco de dados era a palavra “alvo”. Eles não o chamam as pessoas de “assinantes”, “usuários”ou qualquer termo do gênero; eles as chamam de alvos”...

 - É necessário instilar medo nas pessoas para que elas compreendam o problema antes de uma demanda suficiente ser criada para solucioná-la.

Quatro cavaleiros do Infoapocalipse: Lavagem de dinheiro, drogas, terrorismo e pornografia infantil.
Essas quatro “ameaças” são sempre enfatizadas e usadas como argumento para derrubar tecnologias de preservação de privacidade, porque ninguém questiona que são grupos que devem ser derrotados.....

- Hoje todo mundo tem voz, e muita gente só fala besteira. Como diz o acadêmico e ativista Larry Lessing – e eu suponho, tantos outros professores também – ensinamos  as pessoas a escrever, mas quando os alunos entregam os trabalhos, mais de 99% são um lixo, e mesmo assim nós os ensinamos a escrever. Então é claro que as pessoas vão falar muita bobagem na internet, é óbvio...

- Nenhum dado, de nenhuma pessoa no planeta é 100% secreto.

- Se você tiver acesso aos seus registros do Facebook, verá que ele têm 800 MB de informações sobre a sua vida......

Todas as comunicações serão vigiadas, permanentemente registradas e rastreadas, com cada indivíduo em todas as suas interações permanentemente identificado nesse novo establishment, desde o nascimento até a morte....

17/05/2014

Eclesiastes Adaptado

Extraído do Eclesiastes, cap. 1 a 12

“Bíblia Sagrada” – Pe. Figueredo, AP – Vol VI – Ed. das Américas, 1950

Compilado e adaptado por L. Vallejo 

Uma geração passa e a outra lhe sucede. Mas a Terra permanece sempre firme. O sol nasce e se põe. E volta a renascer no mesmo lugar. Todos os rios correm para o mar, e este, nem por isso transborda.




Todas as coisas têm seu tempo e a sua oportunidade e o homem fica aflito porque ignora as coisas passadas e por nenhum mensageiro lhe dar a conhecer as coisas futuras.

Todas as coisas são difíceis. O que é que houve? Aquilo que sempre aconteceu. O que é que se fez? Aquilo que sempre foi feito. Não há nada que seja novo debaixo do sol e ninguém pode dizer: “Eis aqui uma coisa nova”. Porque ela já existiu nos séculos que passaram antes de nós e não há lembrança daquilo que já foi, assim como os que nos sucederão não se lembrarão daquilo que nos aconteceu.







É melhor bom nome que bálsamos preciosos.

É melhor o dia da morte que o do nascimento.

Melhor é ir para uma casa onde há aflição do que a uma onde há banquete. Porque naquela alguém se vê advertido do fim de todos os homens e passa a refletir no que vai lhe acontecer.

Melhor é a ira que o riso: porque pela tristeza que aparece na face se corrige o ânimo do delinquente.

No coração do sábio vive a tristeza e no coração dos insensatos, a alegria. Melhor ser advertido por um sábio que ser enganado pela adulação dos insensatos.

Eu vi tudo o que se passa embaixo do sol e eis que achei que tudo era vaidade e aflição. Os perversos dificilmente se corrigem e o número de tolos é infinito.

Eu vi, embaixo do sol, a impiedade no lugar do juízo e a iniquidade no lugar da justiça. Porém a morte é a mesma para os justos e os ímpios. Todos respiram da mesma sorte e todos caminham para o mesmo lugar: da terra foram feitos e à terra retornarão.

Não há ninguém que viva para sempre, nem que tenha esperança disto. Mais vale um cão vivo que um leão morto. Porque os que estão vivos sabem que vão morrer; porém os mortos não sabem mais nada, nem dali por diante terão nenhuma recompensa. Porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Toda a sua nobreza e maldade pereceram com os mesmos.

Eles não mais fazem parte de tudo que se passa debaixo do sol.

Vi que, debaixo do sol, não estão determinados prêmios para os que melhor correm, nem a guerra para os que são mais fortes, nem o pão para os que são mais sábios, nem as riquezas para os que são mais doutos, nem a boa aceitação para os que são mais hábeis artífices. Mas, que tudo que ocorre é feito por encontros e por casualidade.

Mas também vi que os justos perecem logo em sua justiça e o ímpio vive muito tempo em sua malícia. Portanto não sejas muito justo, nem sejas mais sábio que o necessário para que não venhas a te tornar estúpido. Não permaneças em ações criminosas e não sejas insensato para que não venhas a morrer em um tempo que não é o teu.

Eu vi os ímpios serem sepultados; eles que, quando viviam, estavam em lugar santo e eram louvados na cidade como se suas obras tivessem sido justas. Isso porque ao não se proferir logo sentença contra os maus, tem como conseqüência que os filhos dos homens cometam crimes sem qualquer temor. Assim, mesmo que o ímpio cometa cem vezes o mal, sempre será tolerado com paciência.

Então, embaixo do sol, existem os justos que são acometidos de males como se tivessem feito obras de ímpios; e existem ímpios que vivem tão seguramente, como se tivessem feito obras de justos.

Portanto, louvei a alegria, visto não ter o homem, embaixo do sol, outro bem a não ser comer, beber e folgar. E vim a entender que o homem não pode achar razão alguma de todas as obras de deus embaixo do sol. Portanto, quanto mais trabalhar para descobri-la, menos achará.



Vai, pois, e come teu pão com alegria e bebe com gosto teu vinho. Os teus vestidos sejam, em todo o tempo, brancos e não falte óleo que unte tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, por todos os dias de tua vida efêmera. Obra com presteza tudo o que pode fazer tua mão, pois na sepultura, para onde te apressas, não haverá obra, razão, sabedoria, nem ciência.


14/05/2014

O NADA





Quando eu morrer, eu só quero o NADA.
Mais NADA.

Quero voltar à inexistência...ao NADA.
Antes de eu nascer eu não era NADA.
NADA de tristezas.
NADA de alegrias.
NADA de sofrimentos
NADA de preocupações.
NADA de incômodos.
NADA de felicidade.
NADA além.
Simplesmente NADA.
Eternamente NADA.
Absolutamente NADA.
NADA de morte eterna.

NADA de vida eterna.
Contento-me com o NADA.
O NADA me basta.
Nem acho que "mereça" mais do que o NADA.
NADA de sofrimento eterno.
Eu só quero de volta o NADA que eu tinha antes de nascer.
Uma vida apenas e mais NADA.
Isso é mais do que suficiente.
Quem se acha merecedor além do NADA, deve ser insatisfeito com a sua vida NADA interessante.
Desperdiçando a sua vida, criando teorias NADA coerentes
Para aplacar sua insatisfação com a sua vida NADA especial.
Sou grato com uma única vida NADA excepcional.
Meu sonho futuro é um grande NADA.
Não quero mais NADA além do NADA
NADA me obriga a desejar além do NADA.
Eu quero pouco.
Eu não era NADA.
NADA me incomodava.
NADA me entristecia.
Imerso no vazio do NADA.
Isso é tudo eu quero de volta no futuro.
NADA mais.
NADA menos.
Um mergulho no NADA.
Eternamente NADA.


Elaborado por Alex Gil em 14/05/2014

11/05/2014

Às vezes a vida é uma droga.






Vivi dos dez aos vinte e seis anos de idade num bairro considerado "boca-quente".
Naquela época, traficantes e usuários eram mais discretos e não incomodavam a vizinhança. 

O ambiente costuma influenciar, mas no meu caso, consegui atravessar essa fase sem necessidade ou curiosidade de ter experimentado nenhum tipo de droga, nem cigarro.

Outra coisa rara aconteceu na minha vida é que apesar de viver boa parte num bairro “boca de fumo”, ninguém chegou perto de mim para oferecer algo. Estou "negritando" as partes delicadas porque algumas pessoas realizam "leitura dinâmica" ou não entendem o que leem.

Quando eu era jovem, frequentava um clube de minha cidade natal chamado Ilha Clube. Era um clube tradicional e teve seu auge na década de 90. Promovia muitos shows de rock nacional e várias bandas de sucesso. As duas quadras do clube ficavam lotadas com mais de seis mil pessoas para assistirem Lulu Santos, Roupa Nova, A Cor do Som, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e os Abóboras selvagens, Capital Inicial, Lobão, Titãs, Legião Urbana e muitos outros.


Música alta, jogo de luzes, muito suor, gente pulando e cheiro de maconha no ar, como qualquer clube do Brasil.


Foi nesse ambiente que inevitavelmente identifiquei aquele cheiro estranho e característico no ar. Isso foi o mais perto que cheguei da droga. Uma fumaça fedida e suspensa que o vento se encarregava de esparramar pelo recinto.
Não tinha como fazer de conta que nada acontecia. A coisa fedia. Assim como a fumaça do cigarro legalizado, porém um pouco menos.

Algumas pessoas são tolerantes com o vício da boca para fora ou famigerado discurso liberal politicamente correto para agradar e continuar em paz com todo mundo.

Ser tolerante falando ou escrevendo no teclado do computador é bem mais fácil. No mundo real a coisa não é tão fácil assim.    

O vício normalmente foge do controle e detona a vida e a saúde da pessoa.

Sabemos que às vezes a vida é uma droga, mas definitivamente "mais droga" não é a melhor solução.

Conheci gente que experimentou esporadicamente e conseguiu administrar, sem viciar, mas muitos não pararam por aí. Quando retorno a minha cidade, recebo notícias dos que já morreram  e outros vagando, falando sozinho, improdutivos e vendo bichos no ar...

Li esta semana que o presidente Mujica do Uruguai, legalizou a maconha e disse que 'viver é experimentar'. É uma frase de impacto e falaciosa. A liberação da maconha atende a muitos interesses, um deles, tem relação com o aumento do consumo nas classes mais altas, e isto inclui parentes e amigos de políticos. Descriminalizar, portanto, tem o viés de afastar este tipo de público da insegurança e violência das bocas de fumo e claro, por tabela extirpar o risco de ser flagrado pela Polícia. Hoje o país que mais comercializa maconha são os Estados Unidos e só isso já dá para entender o poder e interesse envolvido.



 Vou aproveitar o tema e falar um pouco sobre um livro do Dr. Dráuzio Varella chamado “Borboletas da Alma”. Gosto muito de seu trabalho, pois ele faz a divulgação da ciência para o público de uma forma simples, sem jargões médicos complicados, o que aproxima o leigo ao conhecimento.


Neste livro eu entendi melhor porque as pessoas usam drogas. É uma armadilha. Ele explica que para o cérebro, toda recompensa é bem-vinda, venha ela da experiência vivida ou de uma droga ilícita. Sempre que os neurônios encarregados de reconhecer recompensas são estimulados repetidamente por substâncias químicas ou vivências que confiram sensação de prazer, existe risco de um cérebro vulnerável tornar-se dependente delas e desenvolver uma compulsão. Por isso tanta gente bebe, fuma, cheira cocaína, perde casa em jogo de baralho (isso é da época do meu avô), come demais, faz sexo sem parar, compra o que não pode pagar e levanta pesos compulsivamente nas academias. A palavra “dependência” vem sempre associada às drogas químicas, ao desespero do dependente para obtê-las, ao aumento da tolerância às doses crescentes e à crise de abstinência.
Toda vez que o cérebro é submetido a estímulos repetitivos que provocam prazer, os circuitos de neurônios envolvidos em sua condução se modificam para tentar perpetuar a sensação de prazer obtida.

Caso alguém, tenha interesse em ler este livro, recomendo.



Elaborado por Alex Gil em 11/05/2014