À medida que o tempo passa nossas asas ficam pequenas, podadas e não arriscamos voar mais alto e distante. Os voos acontecem de forma comedida e por pequenas distâncias. O trabalho, as obrigações e a falta de recursos financeiros deixam poucas oportunidades para aventuras. A prole e o sistema limitam a liberdade e mantêm uma cordinha invisível amarrada aos pés. O dia amanhece e não se ouve mais o canto. Perde-se a vontade de voar para outros lugares. Os pássaros daquele ambiente tornaram-se silenciosos e extintos. Além disso, os poucos que ainda voam, não possuem interesses e cantos similares. O isolamento ao ninho torna-se inevitável. As obrigações diárias exaurem a energia, restando apenas o exercício intelectual introspectivo, a contemplação da natureza e a vasilha cheia de sementes de girassol.
A vida segue enquanto observa o sol através das frestas da gaiola. Os sonhos, reflexões e voos ficam restritos apenas à imaginação desse pássaro encarcerado que já não canta e não mais se encanta.
Muito tempo sem bater as asas nos tornam mansos, apáticos, resignados e sem vontade de voar.
Alex 17/04
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