O escritor Raduan Nassar, de 80 anos, foi anunciado nesta segunda-feira (30) o vencedor do Prêmio Camões 2016. Entregue desde 1989 pelos governos de Portugal e do Brasil, o Camões é considerado um dos maiores reconhecimentos da literatura em língua portuguesa.
O anúncio do nome de Raduan Nassar, que vai levar 100 mil euros (R$ 398,8 mil), foi feito em Lisboa pelo secretário de Estado da Cultura de Portugal, Miguel Honrado.
Ao atribuir o prêmio ao autor de "Lavoura arcaica" (1975) e "Um copo de cólera" (1978), o júri destacou "a extraordinária qualidade da sua linguagem e da força poética da sua prosa".
Nascido em 1935 em Pindorama (SP) em uma família de origem libanesa, Raduan Nassar é um dos maiores e mais cultuados escritores brasileiros do século XX. Publicou apenas três livros – o último é "Menina a caminho e outros textos" (1997). Nos anos 1980, abandonou a literatura e passou a trabalhar como fazendeiro. Raramento dá entrevistas ou aparece em público.
Em nota, a organização do 28º Prêmio Camões cita que Raduan Nassar é comparado "a nomes consagrados da literatura brasileira, como Clarice Lispector e Guimarães Rosa". Ele é o 12º brasileiro a ganhar o prêmio. Até aqui, Brasil e Portugal estavam empatados com 11 vitórias para cada.
Pelo regulamento, o Camões premia "um autor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum". O anúncio do ganhador acontece alternadamente no Brasil e em Portugal.
O júri da edição 2016 do Camões foi formado por Paula Morão, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal); Pedro Mexia, escritor (Portugal); Flora Sussekind, escritora e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Brasil); Sérgio Alcides do Amaral, escritor e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil); Lourenço do Rosário, professor universitário e Reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique); e Inocência Mata, professora universitária da Faculdade de Letras de Lisboa e da Universidade de Macau (São Tomé e Príncipe).
Nota do autor do Diário Banal: Quando li "Lavoura arcaica" a alguns anos, tive a certeza de estar diante de um autor diferenciado. Gostei tanto de sua forma de escrever que até comprei o seu segundo livro chamado "Um copo de cólera", que infelizmente não me agradou. O seu primeiro livro realmente é uma obra prima e julgava até estranho ele quase nunca ser lembrado. Tive vontade de ir até Pindororama para conseguir um autógrafo no livro mas depois caí na real e desisti dessa ideia maluca porque provavelmente não teria sucesso vez que ele abandonou a literatura para criar galinhas. Espero que o fato dele ter discursado em favor de Dilma (argh!) não desqualifique a sua obra como fizeram com Chico Buarque.
Uma coisa é a obra e outra é o homem.
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