Estima-se que, ao longo da vida, o filósofo grego Epicuro (341 a.C.- 270 a.C.) tenha escrito 300 livros com títulos como Sobre o Amor, Sobre a Música e Sobre a Natureza. Quase todos se perderam, mas o que sobrou é suficiente para entender sua filosofia aplicada à vida cotidiana. “Os conceitos de Epicuro são muito contemporâneos”, diz Trevor Curnow, professor de filosofia da Universidade de Cumbria, na Inglaterra, e autor de Ancient Philosophy for Everyday Life (Filosofia Antiga para a Vida Cotidiana, sem edição brasileira).
Epicuro dizia que não saberia imaginar uma boa vida sem os prazeres do paladar, do sexo e da música. Os proporcionados pela comida eram especialmente importantes. O filósofo foi muito criticado e atacado pela Igreja Católica quando ela passou a assumir o controle sobre o Império Romano, mas suas teorias iam muito além da valorização dos excessos. Para Epicuro, a filosofia tinha a função de ensinar as pessoas a interpretar corretamente seus próprios impulsos físicos e, também, a dominá-los. Comer menos, por exemplo, é uma forma de autocontrole. E, de quebra, valoriza a satisfação ao saborear um pequeno pedaço de chocolate. A busca pelo prazer moderado como forma de atingir a plenitude e a felicidade é a essência do epicurismo, escola filosófica lançada pelo sábio e seguida por seus discípulos.
De fato, Epicuro preferia água a vinho, valorizava jantares com legumes e azeitonas e dizia que um pedaço de queijo era mais do que o suficiente para um banquete. “Ele era um homem coerente com sua filosofia. Um pequeno prazer ocasional proporcionava um prazer maior. E, por isso, ensinava mais sobre o próprio corpo do que a comilança desmesurada”, diz Curnow. “Quem faz dieta tem muito o que aprender com Epicuro.”
Fonte: Revista Galileu
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