08/05/2016

Dia das Mães - Uma história incompleta


Era apenas mais um dia de céu azul e o relógio marcava 7:00 h. Aos domingos a cidade era acordada pelos sinos da torre da igreja. Fora daqueles muros altos do asilo, o povo seguia para a missa. Naquele horário todos já estavam enfileirados para tomar o banho da manhã e ninguém reclamava. A repetição escravizava e todos se tornavam obedientes. Na ala direita ficavam os homens velhos. À esquerda, as senhoras. No centro, um grande refeitório com mesas e bancos de madeira. A televisão era o único contato com o mundo exterior além das parcas visitas. Dona Ana tomou o seu banho e passou talco no pescoço. Ela fazia isso todos os dias desde que entrou há quinze anos por aqueles portões. Após o banho, todos eram conduzidos ao refeitório e se sentavam no mesmo lugar mecanicamente. Ana cortava o pão em pedaços, jogava dentro da xícara com café e com as suas mãos trêmulas se alimentava até sobrar apenas um pouco do líquido preto no fundo da xícara. Isso acontecia todos os dias. Terminado o horário do café, os velhos se encaminhavam para tomarem banho de sol, em frente à área central. Ana permanecia imóvel em sua solidão, enquanto fitava o fundo da xícara. A televisão estava ligada com o volume acima do normal e Ana ouviu o anúncio de que aquele era o dia das mães. Naquele ambiente as datas não eram comemoradas por recomendação da direção.


Interrupção e comentário do autor do Diário Banal:
Essa história eu estava preparando especialmente para o dia das mães. Eu queria inventar uma história diferente para esta data. O problema é que quando escrevi essas linhas acima, julgando que a história estivesse ficando interessante, fiz uma coisa que eu não nunca mais farei. Eu pedi à minha esposa que avaliasse esse início e dissesse qual a sua impressão sobre essas poucas linhas da história. Reforcei que ela deveria ser imparcial e honesta em sua avaliação.
Eu não devia ter feito isso! O que ela me disse sobre a história me desestimulou totalmente em prosseguir até o final. Diante disso, guardo a lição aprendida: Nunca pedir para alguém avaliar uma história antes de terminar e além disso, pode ser que dependendo do ponto de vista, a história não seja interessante para uma pessoa e seja boa para outra.
Assim sendo, peço desculpas pela interrupção repentina dessa história. Não quero continuar. Desculpe mesmo.


Até a próxima!




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