Esse é Axel, o inimigo do riso, com quase 50 anos! |
O texto abaixo foi escrito pelo meu amigo Luis Vallejo, professor aposentado, em seu blog Clone Clock e o link encontra-se no final desta página.
A história na verdade se passa quando Axel estava com 19 anos (05/04/1985) e estava iniciando a sua carreira profissional na Nestlé de Barra Mansa-RJ. Ele era muito jovem e tímido e por um lapso do autor, o texto menciona que ele possuía 18 anos, mas esse detalhe é irrelevante. No próximo mês Axel completará 50 anos de idade!
A sala em que a história ocorreu era o Escritório Técnico da extinta fábrica de Iogurtes de Barra Mansa cuja história já escrevi algumas vezes aqui no Diário Banal. Segue um link no final desta página com a publicação de meu último dia naquela unidade.
Uma história que já dura 30 anos! Por isso é legal registrar a vida pois o tempo passa e as palavras permanecem.
Para contextualizar a história revelo o nome real dos personagens que se apresentam com nomes "artísticos":
- Luís Vallejo era o sujeito intelectual da sala e foi através de sua influência,que tive o interesse pela literatura. Maiores detalhes veja o link no final desta página.
- Axel é esse sujeito banal que vos escreve com apenas 19 anos na época desse relato.
- Hilário era um sujeito chamado Mário Estrela que fora desligado um tempo depois.
- Livramento era o Sr. Antônio Nascimento, encarregado do Escritório Técnico.
- Serapião era o chefe do setor e seu nome era Sebastião Andrade.
- Esmeraldo era o famoso José Geraldo Koenigkan
O Inimigo do Riso
Axel entrou para ocupar o lugar de Hilário, como auxiliar de escritório, subordinado ao Livramento. Com dezoito anos, caladíssimo e preocupado em fazer corretamente o serviço, ficava na sala como uma sombra. Parecia que nem estava ali.
Nosso sala, sempre com alto astral, era muito movimentada, pois a consulta ao arquivo técnico era imperiosa para o bom funcionamento da fábrica. Todos os encarregados de seção, chefetes e alguns funcionários passavam por ela diariamente. Nessa hora, além de assuntos de serviço, saiam também comentários de noticias, política, futebol, mulher e .... piadas.
Sempre que alguém contava uma piada ou um caso jocoso, todos riam, menos Axel, que se abaixava e colocava a cabeça debaixo do tampo de sua mesa. No princípio ninguém notou esse pormenor, mas com o passar do tempo, essa particularidade foi notada e certas pessoas iam ali, para contar piadas velhas, só para ver o coitado, na hora em que todos riam, se jogar para debaixo da mesa.
Depois de algum tempo, quando já tínhamos nos divertido bastante com esse comportamento estranho, Livramento resolveu espremer o garoto.
- Olha aqui, Axel - começou ele, paternalmente - Você é um garoto esforçado, trabalha bem e estou satisfeito com você, que pode contar comigo.
- Sim senhor, obrigado - respondeu Axel, com os olhos baixos
- Mas, tem uma coisa que está preocupando todo mundo - continuou Livramento - É esse seu tique nervoso de colocar a cabeça embaixo do tampo da mesa. Isso é de nascença ?
- Eu não sei do que o Sr. está falando - vacilou Axel
- Vamos ser claros, menino - falou sério Livramento - A fábrica inteira tá sabendo disso e tem gente que tá vindo aqui só prá ver você se comportar dessa maneira estranha. Quando eu achar que isso está atrapalhando o serviço, aí você já sabe... - e fez um gesto de facão cortando.
Axel quase se mijou de medo e começou a gaguejar.
- É que, eu, que..... quando....
Esmeraldo começou a rir do embaraço do rapaz.
- Pega leve, Livramento. O garoto pode ter uma doença...
- Você tem alguma doença nervosa ? - emendou Livramento - Vamos, desembucha já, porque vamos resolver essa situação hoje, agora.
- O Serapião - Axel apontou tremendo para a divisória de vidro que separa a sala do Serapião da nossa - É ordem dele....
- Essa não entendi - respondeu surpreso Livramento - Que ordem é essa? Vamos! Fala!
Axel demorou um pouco, analisou a situação, olhou para a sala de Serapião, que estava vazia, olhou para Livramento, olhou para sua mesa de trabalho e abriu a boca, falando como nunca tínhamos ouvido antes:
- Tá bom, eu falo. Quando o Sr. me escolheu para trabalhar aqui, o Serapião, um dia antes de eu começar, me chamou para uma entrevista, me deu várias instruções e uma delas foi jamais rir durante o expediente. Ele disse que havia várias reclamações sobre risadas nessa sala e que se ele me visse rindo aqui dentro, a qualquer hora, me demitia sumariamente. Como esses caras vêm aqui contar piadas, eu não me agüento e quando tenho que rir, para garantir que o Serapião nunca vai me pegar rindo, escondo a cabeça embaixo da mesa. Tá explicado?
Soltamos uma gargalhada conjunta e Axel se jogou debaixo da mesa, para nos fazer companhia.
Nosso sala, sempre com alto astral, era muito movimentada, pois a consulta ao arquivo técnico era imperiosa para o bom funcionamento da fábrica. Todos os encarregados de seção, chefetes e alguns funcionários passavam por ela diariamente. Nessa hora, além de assuntos de serviço, saiam também comentários de noticias, política, futebol, mulher e .... piadas.
Sempre que alguém contava uma piada ou um caso jocoso, todos riam, menos Axel, que se abaixava e colocava a cabeça debaixo do tampo de sua mesa. No princípio ninguém notou esse pormenor, mas com o passar do tempo, essa particularidade foi notada e certas pessoas iam ali, para contar piadas velhas, só para ver o coitado, na hora em que todos riam, se jogar para debaixo da mesa.
Depois de algum tempo, quando já tínhamos nos divertido bastante com esse comportamento estranho, Livramento resolveu espremer o garoto.
- Olha aqui, Axel - começou ele, paternalmente - Você é um garoto esforçado, trabalha bem e estou satisfeito com você, que pode contar comigo.
- Sim senhor, obrigado - respondeu Axel, com os olhos baixos
- Mas, tem uma coisa que está preocupando todo mundo - continuou Livramento - É esse seu tique nervoso de colocar a cabeça embaixo do tampo da mesa. Isso é de nascença ?
- Eu não sei do que o Sr. está falando - vacilou Axel
- Vamos ser claros, menino - falou sério Livramento - A fábrica inteira tá sabendo disso e tem gente que tá vindo aqui só prá ver você se comportar dessa maneira estranha. Quando eu achar que isso está atrapalhando o serviço, aí você já sabe... - e fez um gesto de facão cortando.
Axel quase se mijou de medo e começou a gaguejar.
- É que, eu, que..... quando....
Esmeraldo começou a rir do embaraço do rapaz.
- Pega leve, Livramento. O garoto pode ter uma doença...
- Você tem alguma doença nervosa ? - emendou Livramento - Vamos, desembucha já, porque vamos resolver essa situação hoje, agora.
- O Serapião - Axel apontou tremendo para a divisória de vidro que separa a sala do Serapião da nossa - É ordem dele....
- Essa não entendi - respondeu surpreso Livramento - Que ordem é essa? Vamos! Fala!
Axel demorou um pouco, analisou a situação, olhou para a sala de Serapião, que estava vazia, olhou para Livramento, olhou para sua mesa de trabalho e abriu a boca, falando como nunca tínhamos ouvido antes:
- Tá bom, eu falo. Quando o Sr. me escolheu para trabalhar aqui, o Serapião, um dia antes de eu começar, me chamou para uma entrevista, me deu várias instruções e uma delas foi jamais rir durante o expediente. Ele disse que havia várias reclamações sobre risadas nessa sala e que se ele me visse rindo aqui dentro, a qualquer hora, me demitia sumariamente. Como esses caras vêm aqui contar piadas, eu não me agüento e quando tenho que rir, para garantir que o Serapião nunca vai me pegar rindo, escondo a cabeça embaixo da mesa. Tá explicado?
Soltamos uma gargalhada conjunta e Axel se jogou debaixo da mesa, para nos fazer companhia.
Links:
http://cloneclock.blogspot.com.br/2007/11/crnica-industrial.html
http://alexgilrodrigues.blogspot.com.br/2016/03/nestle-barra-mansa-meu-ultimo-dia.html
http://alexgilrodrigues.blogspot.com.br/2016/03/livro-o-mundo-assombrado-pelos-demonios.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário