07/07/2014

Viajar é preciso.


Quando eu era criança o meu mundo era a minha casa e o quintal.
Quase nunca viajava e nem sentia falta disso.
Os deslocamentos eram mínimos e se restringiam aos bairros vizinhos, casa de algum parente ou quando muito às cidades próximas.
Cresci sem necessidade de afastar muito de meu local de origem.
Porém, quando menos esperamos algo acontece e muda toda a história...
E quando isso acontece temos 2 opções: Ficar lamentando ou ir à luta...

Por falar em luta, deixa eu registrar um pensamento para lembrar um episódio importante que ocorreu em minha vida profissional que tem relação com o que desejo escrever (saio do tema mas já volto)... lembre-se que tenho o hábito de escrever livremente conforme os pensamentos aparecem (expliquei isso quando apresentei o Blog). Espero que isso não o incomode. rsrsrs (Obrigado pela compreensão!)

Em 2007, fui sobrevivente de uma grande empresa que funcionava a pleno vapor desde 1937 e que infelizmente fechou as portas na minha cidade natal e tive que ser transferido para outra cidade...

Tive a missão de ser o último a sair e apagar as luzes, mas essa história eu conto depois em outro tema, porque foi uma experiência extremamente marcante e merece registro, afinal não é todo dia que nos despedimos de TODOS os colegas de trabalho para SEMPRE depois de 22 anos de serviço.

Mas hoje não quero falar disso. lembrei disso porque queria falar de mudança e comportamento...

Quando mudei-me para outra cidade devido motivações profissionais, pude perceber a diferença entre uma pessoa que passou toda a sua vida num mesmo "habitat" e aquele que já "rodou" por outra cidade...

Ressalto que isso não é uma regra geral. Conheço pessoas que possuem "jogo de cintura" na arte do relacionamento às vezes até melhor do que pessoas viajadas, assim como existem pessoas "rodadas" que mantem a distância elitista, como se nunca tivessem saído do ovo, mas isso é outro caso...

Hoje entendo que a saída da casa dos pais e mudança de ares são fundamentais para a formação da pessoa, pois a torna melhor preparada para enfrentar a vida e a capacita para adaptação, relacionamento, independência... um monte de situação que se aprende apenas quando se está na "chuva".

O conforto e a segurança provisória da família pode se tornar uma armadilha àqueles momentos em que o inesperado bate à porta...

Moro atualmente 500 km distante de minha terra natal e consigo identificar alguns comportamentos...

Hoje até conheço melhor a minha cidade natal do que antes, pois agora tenho parâmetros e posso fazer comparações.

Percebi que quando uma pessoa trabalha num ramo onde possui contato com várias pessoas e diferentes pensamentos, ela perde aquela "trava de segurança" que a mantêm afastada das pessoas fora do convívio familiar...

Normalmente se relaciona de forma mais "aberta", conversada, expansível e menos desconfiada e isso facilita a vida da pessoa.

Acredito que essa exposição modifica a forma de enxergar o outro, melhora a relação. Torna-a mais acessível, quebra barreiras, facilita a aproximação com desconhecidos, sem aquele silêncio característico que denuncia que o sujeito é da "terra". Se bem que conheço gente simples com pouco contato mas com um afeto inacreditável nas relações...

Normalmente a pessoa que viveu em outros ares se torna menos bocó, menos imatura... 

Para quem não conhece esse perfil vou explicar. O sujeito é daquele tipo que observa muito, fala muito pouco e fica te observando no canto do olho até mesmo depois de um simples cumprimento.

Outro dia, precisei contratar um "profissional" para trocar o cabo de aço de meu portão eletrônico e começamos conversar de forma espontânea, enquanto ele trabalhava, sem pausas longas ou aqueles olhares típicos desconfiados típico do matuto tradicional que comentei anteriormente.


Era um senhor já aposentado que trabalhou a vida inteira com contato com gente e que pela sua desenvoltura, apesar do sotaque paulista, perguntei-o de onde ele era... Ele me disse que era realmente de São Paulo mas que vivia viajando antes de se aposentar e mudar-se para o interior... logo percebi o motivo de tal desenvoltura!

Eu disse a ele que só de conversar percebi que não era nativo, pelo modo natural de conversar com este forasteiro que escreve suas bobagens nesse blog.


Por outro lado tenho um outro exemplo oposto que valida minha tese nada confiável kkk de que a imobilidade torna a pessoa mais distante e reticente ao contato...


Em outra ocasião, precisei trocar a capa do banco de minha moto e fui até um local indicado na cidade para esse tipo de serviço, que consistia em retirar a antiga capa rasgada e substituir por uma nova. 


É um trabalho que demora uma hora e consiste na remoção do banco da moto, os grampos que mantem o couro na estrutura, recortar um pedaço de couro novo, utilizar o couro retirado como molde e montá-lo novamente na carcaça do banco. É bem artesanal o tal serviço...


O trabalho ficou muito bem feito, mas não é isso o que quero mencionar. O caso é o seguinte: Percebi que o homem que executou o serviço ficou calado por uma hora, sem esboçar NENHUM comentário, nenhum assunto e mal me olhava. Parecia um mudo. E olha que eu puxei assunto com ele e apenas o dono da loja conversava... 

O dono da loja por sinal, gostava de prosear. Era um coroa motociclista típico, com cabelo amarrado tipo "rabo de cavalo", que logo deduzi tratar-se de um aventureiro... e aventureiros como sabemos gostam de viajar, lógico e contar histórias...

Bem, o serviço terminou, paguei, agradeci e fui embora.

Um tempo depois, meio que por acaso, descobri acidentalmente que aquele rapaz que trocou o banco de minha moto trabalhava na mesma empresa a muito tempo e fazia "bico" nos finais de semana... Só descobri isso num contato casual, onde ele finalmente me falou que me conhecia e perguntei de onde...

Obs: Descobri que o camarada é gente boa...caso leia não fique chateado. Só o utilizei como exemplo...

Era o próprio que havia trocado o banco de minha moto!!! Ele me conhecia, mas preferiu ficar ouvindo a conversa em silêncio sem se identificar... 


Esses foram apenas dois exemplos bobinhos para ilustrar mas existem muitos...

Mas porque estou escrevendo isso? Bem, é que eu gostaria de passar uma dica (grátis rsrsrs) aos jovens: Viajem, explorem até encontrar o seu próprio caminho. Faça isso com planejamento (Muita mães não compartilharão essa dica, afinal mãe é parcial kkkk)... Não espere a vida te levar... escolha o seu caminha e vá.

Não te torne um escravo de seu ambiente e busque oportunidades em outros ares... No início é complicado mas depois se acerta. Isso é fundamental para ampliar seus horizontes, explorar o mundo, ter parâmetros, mais opções e não se tornar um sujeito com poucas alternativas...pois viajar é preciso.






Elaborado por Alex Gil após descobrir a pólvora em 06/07/2014.

Um comentário:

  1. Excelente observação sobre sair do casulo.
    Hoje, também longe de casa, posso ratificar cada palavra.

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