31/05/2016

Visitando Poços de Caldas

Foto retirada de meu celular
Estamos terminando o mês de maio e o feriado de Corpus Christi de 2016.

Foram 4 dias longe do trabalho e perto da família. Sendo sincero eu nem sei o significado religioso deste feriado, mas nessas alturas isso não me importa. Aproveitamos a folga para retornar à Poços de Caldas-MG depois de 6 anos. Esta é uma cidade que me agrada com seu clima fresco, comida mineira, cachoeiras e natureza. 

Enquanto passeava pelo jardim muito bem cuidado da praça central, ouvi um senhor nativo conversando com outra pessoa que aquela cidade no passado se parecia com a Suíça. Não sei como ele chegou a essa conclusão, pois não conheço aquele país.

Sempre que conheço um novo lugar, gosto de pesquisar a sua história. Para esta cidade encontrei as informações logo abaixo através da Wikipédia. Pode não ser a melhor fonte mas ainda é melhor do que os comentários que a gente ouve pela praça.

"Desde 1886, funcionava no município uma casa de banho, utilizada para tratamento de doenças cutâneas. Ela se servia da água sulfurosa e termal da Fonte dos Macacos. Em 1889 foi fundado, por Pedro Sanches, outro estabelecimento para o mesmo fim, captando água da Fonte Pedro Botelho, no local onde está o parque infantil Darcy Vargas. Ali, a água sulfurosa subia até os depósitos por pressão natural. O balneário não existe mais. Em seu lugar foram construídas, no final dos anos 20, as Thermas Antônio Carlos, um dos mais belos prédios do município.

Poços recebeu seu primeiro visitante ilustre, o Imperador Dom Pedro II, em outubro de 1886. Ele esteve na "freguesia", acompanhado da imperatriz dona Teresa Cristina, para a inauguração do Ramal da Estrada de Ferro Mogiana. Três anos depois, em 1889, o município foi desmembrado do distrito de Caldas e elevado à categoria de vila e município. Seu nome tem relação com a história da Família Real Portuguesa. Na época em que foram descobertos os poços de água térmica e sulfurosa e, o município de Caldas da Rainha, em Portugal, já era uma importante terma utilizada para tratamentos e muito frequentada pela família real. Caldas possui o mais antigo hospital termal em funcionamento no mundo, desde o século XVI. Como as fontes eram poços utilizados por animais, veio o nome Poços de Caldas.

A prosperidade e o luxo tiveram seu grande momento em Poços de Caldas enquanto o jogo esteve liberado no Brasil. Pelos salões do Palace Casino e do Palace Hotel desfilava a nata da aristocracia brasileira e até de outros países. O presidenteGetúlio Vargas tinha uma suíte especial no hotel, com a mesma decoração da que ele usava no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então capital do país. O quarto ainda hoje preserva os móveis e o estilo da época. Mas uma das maiores atrações do hotel continua sendo sua piscina térmica, construída num suntuoso salão sustentado por colunas de mármore de carrara.

Dentre os artistas que passaram pelo Palace Casino naquela época áurea incluem-se Sílvio Caldas, Carmem Miranda,Orlando Silva e Carlos Galhardo. Estiveram também em Poços de Caldas personagens ilustres como Rui Barbosa, Santos Dumont, o poeta Olavo Bilac e o romancista João do Rio. Entre os políticos, o interventor de Minas Gerais durante o Estado Novo, Benedito Valadares, e o presidente Juscelino Kubitschek, entre outros, foram também presenças constantes.

A proibição do jogo, em 1946, e a invenção do antibiótico tiveram forte impacto para o turismo no município. O termalismo deixou de ser a maneira mais eficaz de tratar as doenças para as quais era indicado. E os cassinos foram fechados. A economia de Poços sofreu um grande abalo, mas logo encontrou uma alternativa ao entrar no "ciclo da lua-de-mel", quando tornou-se elegante passar as núpcias no município e o turismo conseguiu fôlego para sobreviver. Depois deste período, o perfil do turista que visita Poços mudou. A classe média e grandes grupos passaram a frequentar as termas, a visitar as fontes e outros pontos de atração do município, antes restritos à elite.

Em 2006, o município realizou investimentos para aumentar o fluxo de turistas, explorando outros belos atrativos de que dispõe, para pessoas de todas as idades e gostos, como o turismo ecológico, cultural, de aventura e esportes radicais."




30/05/2016

Raduan Nassar vence o Prêmio Camões 2016



O escritor Raduan Nassar, de 80 anos, foi anunciado nesta segunda-feira (30) o vencedor do Prêmio Camões 2016. Entregue desde 1989 pelos governos de Portugal e do Brasil, o Camões é considerado um dos maiores reconhecimentos da literatura em língua portuguesa.

O anúncio do nome de Raduan Nassar, que vai levar 100 mil euros (R$ 398,8 mil), foi feito em Lisboa pelo secretário de Estado da Cultura de Portugal, Miguel Honrado. 

Ao atribuir o prêmio ao autor de "Lavoura arcaica" (1975) e "Um copo de cólera" (1978), o júri destacou "a extraordinária qualidade da sua linguagem e da força poética da sua prosa". 

Nascido em 1935 em Pindorama (SP) em uma família de origem libanesa, Raduan Nassar é um dos maiores e mais cultuados escritores brasileiros do século XX. Publicou apenas três livros – o último é "Menina a caminho e outros textos" (1997). Nos anos 1980, abandonou a literatura e passou a trabalhar como fazendeiro. Raramento dá entrevistas ou aparece em público. 

Em nota, a organização do 28º Prêmio Camões cita que Raduan Nassar é comparado "a nomes consagrados da literatura brasileira, como Clarice Lispector e Guimarães Rosa". Ele é o 12º brasileiro a ganhar o prêmio. Até aqui, Brasil e Portugal estavam empatados com 11 vitórias para cada. 

Pelo regulamento, o Camões premia "um autor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum". O anúncio do ganhador acontece alternadamente no Brasil e em Portugal. 

O júri da edição 2016 do Camões foi formado por Paula Morão, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal); Pedro Mexia, escritor (Portugal); Flora Sussekind, escritora e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Brasil); Sérgio Alcides do Amaral, escritor e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil); Lourenço do Rosário, professor universitário e Reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique); e Inocência Mata, professora universitária da Faculdade de Letras de Lisboa e da Universidade de Macau (São Tomé e Príncipe). 


Nota do autor do Diário Banal: Quando li "Lavoura arcaica" a alguns anos, tive a certeza de estar diante de um autor diferenciado. Gostei tanto de sua forma de escrever que até comprei o seu segundo livro chamado "Um copo de cólera", que infelizmente não me agradou. O seu primeiro livro realmente é uma obra prima e julgava até estranho ele quase nunca ser lembrado. Tive vontade de ir  até Pindororama para conseguir um autógrafo no livro mas depois caí na real e desisti dessa ideia maluca porque provavelmente não teria sucesso vez que ele abandonou a literatura para criar galinhas. Espero que o fato dele ter discursado em favor de Dilma (argh!) não desqualifique a sua obra como fizeram com Chico Buarque.

Uma coisa é a obra e outra é o homem.



Fonte: 




27/05/2016

Pensamentos banais



Caro visitante, deixei alguns pensamentos de minha autoria registrados no site Pensador e caso tenha interesse em conhecê-los, clique no link a seguir. 


24/05/2016

Sobre o bom dia


Todas as manhãs, após atravessar a porta do escritório onde trabalho, mantenho um ritual automático e necessário ao me aproximar dos colegas de cela, cumprimentando cada um através de um breve aperto de mão.

Acho educado este gesto e já conheci gente que o considera anti-higiênico. 

Particularmente não me importo com isso e por via das dúvidas, mantenho um frasco de álcool na minha mesa para resolver este pequeno "problema" em poucos segundos. 

Alguns colegas cumprimentam as meninas com beijinhos mas tenho por hábito não tomar a iniciativa de avançar o meu rosto em direção ao delas. Adianto que não tenho nada contra esse gesto cultural e nem sinto repulsão. Nada disso! É que prefiro deixar esta iniciativa de aproximação para a outra pessoa pois temo ser considerado um invasor.  

Essa atitude pode até ser excesso de respeito de minha parte. Reparei que hoje em dia quase todos os jovens se cumprimentam beijando. Talvez me comporto assim por timidez ou por ser de outra época... Enfim, não tenho certeza. 

Depois de tantos anos repetindo a mesma cena ao iniciar o dia, reparei que nenhum cumprimento é igual ao outro. Na minha sala tenho uma amostra bem diversificada. 

Existe aquela pessoa que levanta a mão para cumprimentar sem manter contato visual enquanto continua distraída com a outra mão no teclado. Tem também aquela que sorri com os olhos e a boca enquanto fala bom dia, como se realmente estivesse desejando b-o-m-d-i-a! Há outra que aperta a mão com tanta força enquanto sorri que parece sua mão parece que entrou numa prensa! A estratégia é apertar com força também para oferecer um pouco resistência e equilibrar o combate. Tem também aquela que cumprimenta com o rosto tão sério que mais parece que está dando os pêsames. Há aquela que possui a mão tão frouxa, mas tão frouxa, que dá a sensação que estamos apertando a mão de um cadáver. Existe também aquele cumprimento econômico onde o indivíduo chega de cabeça baixa com a sua mochila igual a de um viajante, abre a boca e dá um bom dia fraco e genérico como se fosse tivesse falando consigo mesmo. A gente acaba respondendo com a mesma entonação e falta de emoção (educação) como um espelho que reflete o estado de espírito da pessoa. Há aquele também que mesmo não sendo tão jovem, dá um soquinho com a mão fechada e te obriga a fazer o mesmo e logo depois, abre a mão e dá um tapinha com a palma da mão. 

Tem também aquele que chega cabisbaixo, não fala nada e não cumprimenta. Atravessa a sala de forma tão silenciosa e invisível que parece andar de meia e sem sapato enquanto caminha pelo piso da sala, sem emitir nenhum ruído! Após essa entrada "invisível", ele puxa a sua cadeira calmamente e se senta atrás do monitor quietinho como um gato! 
Há dias que só percebemos que a pessoa está trabalhando apenas depois de algumas horas!

Brincadeiras à parte, acho que cumprimentar com um "bom dia" é um gesto mecânico, social e essencial para resumir em duas palavras o seguinte diálogo imaginário: 

 - Olá! Como você está? Olha, não estou tão feliz nesta manhã fria e preferiria estar debaixo de meu edredom neste momento, mas já que estamos compartilhando o mesmo oxigênio por oito horas e não tenho outra opção, que pelo menos estes momentos sejam tolerados da melhor maneira possível!

Pensando bem, é mais fácil dizer bom dia não é mesmo?


Até a próxima!

18/05/2016

Sadismo ou homenagem?


Quarta-feira fria na cidade de Araras enquanto o termômetro registrava 19º C.


Acordei sonolento e com vontade de ficar mais um pouco na cama quente mas o relógio, aquele vilão insensível, não me permitia. 

Enfiei os pés em meus chinelos, acendi a luz do abajur e caminhei como uma tartaruga até a cozinha para ligar a cafeteira. O calendário pendurado na lateral do armário me chamou a atenção e olhei demoradamente para os números até perceber que era o dia de meu aniversário.

O que um escravo do sistema faz no dia em que completa 50 anos de vida? 

 - O que sempre fez na vida inteira ora bolas!

Ou seja, o que sempre faço desde os 16 anos: trabalhar, trabalhar e trabalhar! No passado eu falava que quando chegasse aos 50 anos eu comemoraria essa data fazendo uma viagem especial com minha mulher! O tempo passou, o dia chegou, as contas continuam e a viagem será adiada mais um pouco, infelizmente! 

Caminhei para o banheiro e retirei a minha roupa rapidamente e brrrrrrr! Como estava frio! Depois do banho quente e roupa trocada, minha mulher e filho vieram me abraçar e felicitar-me pelo aniversário! 

Tomei o meu café quente, subi na moto e finalmente cheguei à fábrica onde trabalho para mais um dia comum. 

Parei na portaria com o crachá em punho e a catraca automaticamente liberou a minha entrada. Caminhei primeiro pelo piso sinalizado, depois pelo corredor até alcançar o relógio de ponto. O comprovante da marcação foi cuspido e enfiei-o no bolso de forma autômata. 

Quando cheguei até a porta do Escritório Técnico, um colega sorriu-me e fez a gentileza de abrir a porta! Senti que havia algo estranho no ar, pois estou acostumado a abrir as minhas próprias "portas". Assim que a porta ficou escancarada, vi que a luz apagada e imaginei que havia algo sendo preparado! Assim que enfiei o nariz na sala, as luzes se acenderam e a partir desse momento não tive mais dúvidas. Até tentei retornar, mas fui impedido pelo mesmo sacana que abriu a porta para eu entrar. Impossibilitado de voltar, respirei fundo e entrei constrangido enquanto um monte de gente na sala batia palmas e me olhava "feliz" cantando a plenos pulmões o famigerado "Parabéns para você"!!! 

Minha vontade era de sair correndo! Aquela turma do escritório descobriu que eu não gosto de aniversários e encontrou uma forma de extravasar o seu sadismo sobre mim.

Definição de sadismo: excitação e prazer provocados pelo sofrimento alheio. 

A minha querida e ingênua mamãe pensa que eles gostam de mim, mas na realidade eu sei o que motivou acordarem mais cedo do que o habitual, apenas para encherem bolas coloridas e usarem chapeuzinho!

Eu enxerguei o prazer e o brilho em cada olho dos presentes! Pareciam "diabinhos felizes" vendo a minha cara sem-graça! Fiz uma rápida pesquisa para entender esse comportamento e descobri que sentir prazer com o sofrimento alheio é uma reação biológica! Então está explicado! Para o próximo ano a minha estratégia será pedir folga nesse dia para não dar esse prazer aos colegas sádicos! hehehe 

Bem gente, agora que estou refeito, confesso que exagerei. Um pouco disso tudo é charme! Apenas não estou acostumado ser homenageado por gente sádica e fico constrangido com esse tipo de manifestação. 

Termino o texto e agradeço pelo carinho e felicitações de todos, mesmo sabendo por que acordaram cedo.


Cheguei aos 50 anos




Caro visitante do Diário Banal, o autor desse Blog completou meio século de vida nesta data. Não sou de comemorar datas mas achei o número 50 um pouco especial para passar em "branco" e como tenho essa página virtual vou escrever algumas banalidades sobre a vida. 



Aqui nesse ambiente eu converso comigo, me faço companhia e compartilho os meus pensamentos e caso você tenha interesse em ler, fique a vontade. Apenas solicito que não estranhe a forma desorganizada como escrevo. 

Em alguma publicação anterior revelei sobre esse meu "problema" de escrever conforme penso, meio sem regras gramaticais, emendando os assuntos e mudando a trajetória como um cachorro louco sem direção... Espero que isso tipo de leitura não aborreça a quem se disponha ler. 

Preciso falar também que sou péssimo em revisão de texto e muitas vezes só os percebo depois de uma releitura, mas como diz o famoso provérbio: "Utilius tarde quam nunquam" (Antes tarde do que nunca).

Bem, chega de introdução e vamos às banalidades. Respire fundo que hoje estou inspirado para esvaziar a minha mente e teclar um monte de coisas para registro desta idade. Espero não aborrecer o raro leitor pelo tamanho do texto. 

Cheguei aos 50 anos! Nem acredito! Meio século de vida! Passou rápido demais. Agora que alcancei essa idade, posso revelar um segredo! Não é tão ruim quanto eu imaginava. Aliás descobri com o tempo que a realidade muitas vezes é bem mais leve do que os pensamentos. Quanto tempo eu me perdi com preocupações desnecessárias. De modo geral até que cheguei bem até aqui.

Quando eu era mais jovem achava que quem possuía 50 anos já era velho! Será uma armadilha da natureza para suportarmos a vida? Não sei! Só sei que a vida é breve demais! Meio século de vida e aqui estou! Fora do meu estado e longe de minhas raízes! Ontem mesmo eu era um menino cheio de sonhos correndo nos campos de Barra Mansa e nenhum dinheiro no bolso!

O tempo passou e hoje estou aqui de frente para o notebook, fazendo uma reflexão com 50 anos e ainda com alguns sonhos! Poucos, é verdade porém mais realistas. Consegui alcançar vários objetivos na vida: uma casa, emprego e a mais importante de todas: a minha família.

Fracassei em algumas coisas mas não quero registrar. Alcanço essa idade com a certeza de que acertei muito mais do que errei! E se os meus erros não me tiram o meu sono é por que não foram tão graves. Além disso, é clichê dizer que os erros fazem parte de nosso aprendizado. 

Parte 2

Papai viveu apenas 42 anos e quando me aproximei desta idade, cismei que também morreria com a mesma idade! Que jovem fatalista eu era! Meu receio aumentava a medida que me aproximava desse número fatídico! Para lidar com essa preocupação resolvi fazer um check-up por precaução. O cardiologista me falou para não me preocupar por que a nossa vida não é uma fórmula matemática. Pode ser, mas estudei estatística na escola e aprendi que essa ciência costuma revelar muita coisa! Os dias se passaram e finalmente ultrapassei a idade de meu pai! Hoje estou aqui escrevendo minhas memórias sem me preocupar mais com a idade. O médico estava certo! 

De vez em quando ainda penso na morte, mas não como antes dos 42 anos. Psicologicamente foi mais fácil chegar aos 50 anos do que aos 20 e 30. 

Quando somos jovens temos muitas preocupações. Tudo é intenso e nem lembramos da morte. Muitas expectativas, projetos, indefinições e inseguranças! E além disso tudo ainda existem os hormônios e as espinhas! Uma ebulição de sentimentos! Um choque entre os desejos da mente e a realidade de um muro de concreto. Hoje a cabeça está bem, as expectativas menores e o corpo um pouco mais cansado nos finais de semana. 

Atualmente enxergo melhor a vida, apesar da miopia. Quando somos jovens pensamos que enxergamos bem, mas nem tanto. Hoje consigo perceber as segundas intenções e as dissimulações mais facilmente. Nessa idade deixei de acreditar na bondade desinteressada e fiquei mais chatinho também.

Quando a gente tem pouca idade, pensa que sabe de tudo. Pensando bem, em todas as idades pensamos dessa forma. Somos arrogantes! É preciso ficar mais velho e quebrar a cara várias vezes para descobrirmos os equívocos. Quando estamos mais velhos temos o "dom" de saber o que se passa pela cabeça do jovem. Dom nada! É por que a gente já foi jovem e sabe exatamente o que pensam, gostam, sonham e se comportam.

Um jovem nunca saberá como um velho pensa porque ele ainda não é velho, lógico! Outro dia eu estava comendo uma fruta no trabalho e joguei a metade na lata de lixo porque estava azeda e decidi não mais comer. Uma jovem colega que estava observando a cena me repreendeu! Disse que eu não devia fazer aquilo, pois seu coração ficava "partido"! Ela explicou que enquanto eu jogo uma fruta no lixo as crianças na África passam fome! Ham ham! Sei! Como os jovens são "sensíveis" com o sofrimento distante.

Eu entendo essa preocupação alheia. Jovens costumam ser "idealistas"! Nessa idade os problemas distantes do mundo incomodam mais do que as louças e panelas acumuladas em cima da pia da mãe! Curioso isso não?

Parte 3

Sei que as perdas na minha vida daqui em diante serão maiores, mas também não quero ficar lamentando o inevitável! Depois de uma certa idade o declínio ocorre gradualmente até perdemos tudo. Não entenda como pessimismo de minha parte. É fato! É realidade! Perdemos a saúde, a pressa, a beleza, a força, os músculos, o cabelo sedoso, a visão, os dentes e a pele esticada. 

Existem os ganhos também como experiência, conhecimento, segurança e a gordura!

Quando cheguei aos 15 anos eu tinha pressa para o tempo passar rápido. Naquela época eu queria poder entrar no Cinema Palácio ou Riviera, nos filmes para maiores de 18 anos e também aprender dirigir um carro. Hoje não tenho pressa nenhuma e quero sentir devagar os pequenos prazeres da vida. Quero sentir o silêncio e o sol de outono no corpo, além de me manter distante do agito de festas, da gargalhada estridente e da música alta. Prefiro uma comida bem feita, uma cama macia e um passeio longe da multidão. 

Lembro que quando era jovem e caminhava com as mãos nos bolsos pelas calçadas de minha cidade natal, olhava indiscretamente para dentro das casas com as janelas abertas e a televisão ligada... Eu olhava aquelas casas monótonas e ficava pensando "Nossa! Mas que vida banal dessa gente dentro de casa". Aquele cenário me deixava inconformado. Na minha cabeça imatura eu julgava equivocadamente que a vida interessante e divertida acontecia apenas na rua. 

Quando a gente é jovem pensa em tanta besteira! A gente pensa que não existe prazer dentro de casa. Acho que é o desejo de liberdade que carregamos e que começa a se manifestar na juventude. Hoje adoro ficar em casa ou retornar para as minhas coisas. Volto com muito prazer! Nessa época, além de pensarmos diferente também somos cheios de certezas... É a idade das convicções! 

Parte 4

Outra vantagem da idade atual é que fiquei livre das incontáveis pressões da juventude. Utilizando uma comparação que conheço muito bem na minha vida profissional, vivi a fase dos grandes investimentos e agora estou na fase da manutenção de tudo conquistado. 

Com 50 anos ainda é muito cedo para encerrar a carreira profissional e ainda bem que gosto do meu trabalho (menos um sofrimento!). Deve ser muito triste passar a maior parte do tempo num local detestável. Imagine o drama daquela cozinheira que odeia cozinhar! Agora se tem uma coisa que jamais me acostumarei é o despertar do relógio no melhor momento da cama! Carrego essa sensação durante toda a minha vida, mas não perco a hora e depois do café da manhã já estou bem melhor. 

Pensando bem é melhor acordar cedo do que não ter emprego. Sem dinheiro a vida se torna muito difícil. Às vezes tenho dúvidas se é o celular que me desperta ou o dinheiro que recebo! Acho que são os dois! 

Nessa idade também não dá para ficar sonhando com grandes mudanças profissionais. A fruta já está madura e o desemprego assombra. Materialmente falando, o desemprego é o meu maior pavor, pois com 50 anos estou automaticamente eliminado das melhores empresas. Isso começou lá atrás, por volta dos 40 anos. Quem perde o emprego em nosso país, nessa idade, está condenado ao ostracismo profissional. 

Você pode ser a pessoa mais experiente de sua área, mas jamais ganhará uma concorrência com um jovem recém-formado, mesmo inexperiente. Fuja dos discursos motivacionais pagos para te convencer que não é bem assim! Infelizmente é assim que funciona esse sistema perverso no Brasil. 

E o governo ainda quer seguir o modelo de outros países para que a pessoa se aposente com 65 anos! Lá as pessoas se aposentam com estrutura e dignidade. Você acha que as empresas vão bancar uma pessoa com essa idade? Du-vi-do! 

Parte 5 

Estou de frente ao meu espelho e examino a minha cara amarrotada de meio século! Meus cabelos não são fartos como antigamente! A luz ilumina o alto da minha cabeça e reflete o couro cabeludo entre os fios. Ainda tenho cabelos, se isso serve de consolo, mas já não crescem com tanta velocidade e vigor. 

Quando eu era mais jovem visitava o cabeleireiro a cada 25 dias e deixava o chão cheio de tuchos. Hoje tenho que esperar crescer quase dois meses para justificar o pagamento do corte e deixar uma pequena quantidade na capa. A cor do cabelo também está diferente. Seu tom agora é um pouco mais claro, além dos fios brancos que aparecem discretamente na frente da cabeça, em cima das orelhas, nas costeletas e sobrancelhas. 

Minha pele do rosto também não é mais tão lisa e pequenas rugas denunciam o início da perda da elasticidade. Embaixo de meus olhos percebo uma pequena bolsa que transmite um ar de cansado, mesmo estando descansado! Eu era bem mais bonito, mas que diferença isso faz hoje? Mentalmente eu me sinto mais jovem do que o meu corpo, embora as pessoas mais próximas me estimem menos idade. 

Sinceramente, não sei se falam isso para me agradar ou o meu corpo ainda consegue mascarar a idade! Ainda bem, mas nem tudo é ruim nessa idade, garanto. Meu estado psicológico agora está muito melhor do que com 20, 30 ou 40 anos. Quando alcançamos certa idade, deixamos para trás um monte de preocupações e objetivos que não mais serão possíveis. 

Nessa idade a maioria dos projetos, geralmente já foram realizados ou abortados. Então, já que o ponteiro do relógio não para, é tempo de eu me resignar por aquilo que não está mais ao meu alcance e acostumar em olhar uma pessoa mais velha no espelho... 

No ambiente profissional as piadinhas com a idade serão inevitáveis. O jeito é não ligar e aceitar também ser chamado de "senhor". Essa simples palavra será a senha para me sentir oficialmente velho. 

Doenças vão aparecer e a visita ao médico ficará mais frequente. Aliás, ninguém ficará impune ao tempo e às doenças. É o pedágio que se paga por viver mais. A menos que o tempo me vença prematuramente. 

Apesar de todos os problemas que enfrentei para chegar até aqui, sinto-me privilegiado por iniciar uma nova fase. Aceito a minha idade com naturalidade e não preciso provar mais nada a ninguém. Sou capaz e com limitações como todo mundo. Sou mais livre também e não tenho nenhuma vigilância invisível sobre os meus atos. Minha consciência me basta e não devo nada a ninguém. Daqui em diante, quero ter o prazer de viver de forma mais livre, afinal a vida é breve e logo voltarei ao nada, novamente! 

Vida que segue!

Obrigado pela atenção, desculpem-me pelos erros de português e excessos. 


15/05/2016

#14 - Uma História de Deus - Autor: Karen Armstrong - A primeira página de meu livro


Livro: Uma História de Deus - Autor: Karen Armstrong

Página 1

No começo, os seres humanos criaram um Deus que era a Causa Primeira de todas as coisas e o Senhor de Céu e da Terra. Ele não era representado por imagens e não tinha templos nem sacerdotes a seu serviço. Era excelso demais para um culto humano inadequado. Aos poucos, foi-se esmaecendo na consciência de seu povo. Tornou-se tão remoto que eles decidiram que não mais o queriam. Acabaram dizendo que ele desaparecera.

Esta , pelo menos, é a teoria, popularizada pelo padre Wilhelm Schmidt em A origem da ideia de Deus, publicado pela primeira vez em 1912.

Schmidt sugeria que houve um monoteísmo primitivo antes de homens e mulheres começarem a adorar vários deuses. Originalmente, reconheciam apenas uma Divindade Suprema, que criara o mundo e governava de longe os assuntos humanos. A crença nesse Sumo Deus (às vezes chamado de Deus do Céu, já que está associado ao céu) ainda é uma característica da vida religiosa de muitas tribos indígenas africanas. Eles anseiam por Deus nas preces; acreditam que ele os observa e punirá as más ações. Contudo, está estranhamente ausente de suas vidas diárias: não tem culto especial e jamais é descrito em efígie. Os membros das tribos dizem que ele é inexpressível e não pode ser contaminado pelo mundo dos homens. Alguns dizem que ele "foi embora". Os antropólogos sugerem que esse Deus tornou-se tão distante e excelso que na verdade foi substituído por espíritos menores e desses mais acessíveis. Também assim, diz a teoria de Schmidt, nos tempos antigos o Sumo Deus foi substituído pelos deuses nais atraentes dos panteões pagãos. No começo, portanto, havia Um Deus. Se assim é, então o monoteísmo foi uma das primeiras ideias desenvolvidas pelos seres humanos para explicar o mistério e a tragédia da vida. Também indica alguns dos problemas que tal divindade tinha de enfrentar.

É impossível provar isso num ou noutro sentido. Tem havido muitas teorias sobre a origem da religião. Contudo, parece que criar deuses é uma coisa que os seres humanos sempre fizeram. Quando uma ideia religiosa deixa de funcionar para eles, simplesmente a substituem.

...


14/05/2016

Aquele que não se satisfaz com pouco não se satisfaz com nada



Estima-se que, ao longo da vida, o filósofo grego Epicuro (341 a.C.- 270 a.C.) tenha escrito 300 livros com títulos como Sobre o Amor, Sobre a Música e Sobre a Natureza. Quase todos se perderam, mas o que sobrou é suficiente para entender sua filosofia aplicada à vida cotidiana. “Os conceitos de Epicuro são muito contemporâneos”, diz Trevor Curnow, professor de filosofia da Universidade de Cumbria, na Inglaterra, e autor de Ancient Philosophy for Everyday Life (Filosofia Antiga para a Vida Cotidiana, sem edição brasileira). 

Epicuro dizia que não saberia imaginar uma boa vida sem os prazeres do paladar, do sexo e da música. Os proporcionados pela comida eram especialmente importantes. O filósofo foi muito criticado e atacado pela Igreja Católica quando ela passou a assumir o controle sobre o Império Romano, mas suas teorias iam muito além da valorização dos excessos. Para Epicuro, a filosofia tinha a função de ensinar as pessoas a interpretar corretamente seus próprios impulsos físicos e, também, a dominá-los. Comer menos, por exemplo, é uma forma de autocontrole. E, de quebra, valoriza a satisfação ao saborear um pequeno pedaço de chocolate. A busca pelo prazer moderado como forma de atingir a plenitude e a felicidade é a essência do epicurismo, escola filosófica lançada pelo sábio e seguida por seus discípulos. 

De fato, Epicuro preferia água a vinho, valorizava jantares com legumes e azeitonas e dizia que um pedaço de queijo era mais do que o suficiente para um banquete. “Ele era um homem coerente com sua filosofia. Um pequeno prazer ocasional proporcionava um prazer maior. E, por isso, ensinava mais sobre o próprio corpo do que a comilança desmesurada”, diz Curnow. “Quem faz dieta tem muito o que aprender com Epicuro.” 



Fonte: Revista Galileu




12/05/2016

O que são pedaladas fiscais?



Eu tenho certeza de que pouca gente sabe explicar o que significa o termo "pedaladas fiscais", mesmo ouvindo este termo todos os dias na mídia!



Outro dia, numa entrevista de emprego de uma grande empresa, foi perguntado aos jovens aspirantes à vaga de aprendiz, o que seria a "Operação Lava Jato" e ninguém sabia dizer algo nem superficialmente!

Caso você esteja participando de alguma entrevista de emprego ou tenha curuiosidade sobre o significado do termo "Pedaladas Fiscais", segue uma pequena contribuição do Diário Banal.

Antes da definição, para registro da história, deixo aqui informado que a presidente Dilma está fora do cargo desde hoje 12/05/2016 e poderá ficar afastada até 180 dias devido entre outras coisas, pelas "pedaladas fiscais"!

Afinal o que são pedaladas fiscais? 

A "pedalada fiscal" foi o nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar de forma proposital o repasse de dinheiro para bancos (públicos e também privados) e autarquias, como o INSS. O objetivo do Tesouro e do Ministério da Fazenda era melhorar artificialmente as contas federais. Ao deixar de transferir o dinheiro, o governo apresentava todos os meses despesas menores do que elas deveriam ser na prática e, assim, ludibriava o mercado financeiro e especialistas em contas públicas. 



Caso tenham mais interesse no assunto, segue mais um link: 




11/05/2016

Tricô ou computador?



São nove horas da noite e estou aqui de volta nessa tela branca, sentado na poltrona da minha casa. Neste momento a televisão está ligada por tradição, mas parece que nem existe. O notebook se tornou a televisão moderna! As vezes coincide de nós quatro estarmos reunidos na sala, utilizando o computador simultaneamente como se cada um tivesse olhando para a sua televisão particular! Já li gente dizendo que os computadores afastam as famílias e diminuem o diálogo. Eu não concordo com esse ponto de vista. Aqui em casa conversamos na hora que temos que conversar e dedicamos nosso tempo àquilo que nos dá prazer. E não me venha com esse papo que a falta de relacionamento é devido a era digital! Acho que quando estamos perto de gente desinteressante, naturalmente perdemos a vontade de conversar, mas isso não é culpa do computador! Desculpe se penso assim, mas diante de uma pessoa sem conteúdo o silêncio é a melhor companhia. 


Voltando um pouco mais no tempo, lembra daquela senhora sendada no sofá, que ficava com as agulhas de tricô e linha atravessando o pescoço enquanto tricotava para passar o tempo? Então, compare aquele momento de lazer e coloque um notebook no lugar das agulhas daquela pessoa. Não é a mesma coisa? 

Neste momento, enquanto escrevo as minhas bobagens, a minha filha está no Skype conversando com a minha sogra e sobrinha com vídeo e imagem! E percebam que estamos a quase 500 km de distância! Isso jamais seria possível naquele tempo do tricô da vovó. E outra, naquela época, dependendo da condição social, o contato seria uma ligação telefônica bem rápida para não pagar muito ou então como alternativa a utilização daquele famigerado “orelhão” público, imundo e constantemente quebrado pelos "queridos" vândalos brasileiros! 

Além disso, esse privilégio de possuir uma linha telefônica em casa era para pouca gente. Atualmente vejo a minha filha ligando o Skype a qualquer hora, até para brincar com nossa sobrinha de "panelinha" e "fogãozinho"!!! 

Então, quem disse que a tecnologia afasta as pessoas? 

Bem, caro leitor, hoje escrevei apenas essas linhas porque vou desligar o notebook e ler um pouco. Neste final de semana comprei um livro do Alain de Botton que estou gostando muito e fico por aqui. 

Boa noite! 








10/05/2016

Minha queda!



Hoje contarei mais uma história banal nesse diário para justificar o nome do Blog!

No último feriado de Tiradentes deste ano, fomos (eu e minha família) para uma pacata cidade chamada Analândia, que possui apenas 4.672 habitantes. Ela encontra-se distante 66 Km da cidade de Araras-SP onde moro há 7 anos. 

Antigamente essa cidade se chamava Anápolis mas como em Goiás também existe uma cidade com o mesmo nome, resolveram alterar o nome para Analândia. Chegando nessa cidade avistamos um grande morro com 900 metros de altura que é conhecido como cuscuzeiro. É um ponto turístico, local de contemplação e escalada, porém não sentimos vontade de subir pois estava com bastante calor e preferimos tomar banho de cachoeira. Além disso essa aventura no morro parecia complicada porque estávamos com nossos 2 filhos e poderia ser inseguro. Fiz uma pesquisa e descobri que deram esse curioso nome ao morro porque julgaram o seu formato parecido com uma panela para fazer cuscuz! Achei esse nome muito estranho porque acredito que quase ninguém sabe o que é uma panela de cuscuz! Nem eu! Aliás, essa formação me lembra mais uma chapéu de jagunço ou uma pirâmide inacabada. Parece também um local abandonado por alguma civilização antiga e até um vulcão. 

O sol estava forte e a água fresca da cachoeira poderia ser uma boa opção para o feriado. Após visitarmos alguns pontos turísticos, optamos pela "Cachoeira do Escorrega" para passar o dia. Ela é um pouco inclinada e as pessoas, principalmente os jovens, se divertem escorregando com aquelas boias feitas de pneu de caminhão alugadas pelo proprietário do sítio. Sim, para chegar até aquela cachoeira precisamos entrar através de uma propriedade particular que explora o local com refeição, estacionamento para o carro, banheiro e camping. Resumindo, a cachoeira é pública mas o acesso é privado! 

Eu não tive coragem de escorregar porque observei que a descida era bem perigosa. Resolvemos avançar com cuidado pelo canto das pedras escorregadias, com a mochila no ombro enquanto as mãos puxavam o mato lateral para ficarmos no topo a cachoeira. Tudo parecia tranquilo até que ...no meio do caminho tinha uma pedra... uma pedra muito lisa e molhada que me fez desequilibrar e não conseguindo me agarrar em lugar nenhum, caí feito uma abóbora e escorreguei inesperadamente até a base da cachoeira sem enxergar nada e só parei porque não tinha mais onde cair! 

Levantei cheio de dores, aguardei alguns minutos para me recuperar e subi com cuidado redobrado, triste e devagar até chegar ao topo. Refeito o susto, pedi ao meu filho que buscasse a mochila que acabou ficando lá embaixo e o preveni para tomar muito cuidado e andar pela canto da pedra porque estava muito escorregadia. 

Ele foi descendo com cuidado até que... Pumba! Coitado! Desequilibrou-se e desceu escorregando e foi parar no mesmo lugar que eu caí alguns minutos antes!!! 

Depois disso, chegamos a conclusão de que não foi uma boa escolha essa tal "Cachoeira do Escorrega" pois ganhamos dores no lugar ao invés de sentir um prazer. 

Apesar desse imprevisto, insistimos e ficamos o dia inteiro nesse "inesquecível" passeio e finalmente voltamos para a nossa casa com o corpo todo dolorido! 

Voltar para a cama macia é bom demais! 

E assim termino mais uma história banal de minha vida. 


Nota do autor: Achou a história banal? Eu também. Aliás a nossa vida inteira é feita de uma coleção de banalidades! Na pior das hipóteses, serve para saber que existe um lugar com o nome de Analândia que possui cachoeira que escorrega e o famoso morro chamado cuscuzeiro que parece uma pirâmide de preguiçosos! 


09/05/2016

Culpa, medo e ganância



Adorei até aos 8 minutos, depois disso, o mesmo produto com outra embalagem!
Achei esse "pastor" muito parecido com um "executivo" ou "político" fazendo uma "delação premiada". 

Tire a sua conclusão. 

Sem mais comentários.


08/05/2016

Dia das Mães - Uma história incompleta


Era apenas mais um dia de céu azul e o relógio marcava 7:00 h. Aos domingos a cidade era acordada pelos sinos da torre da igreja. Fora daqueles muros altos do asilo, o povo seguia para a missa. Naquele horário todos já estavam enfileirados para tomar o banho da manhã e ninguém reclamava. A repetição escravizava e todos se tornavam obedientes. Na ala direita ficavam os homens velhos. À esquerda, as senhoras. No centro, um grande refeitório com mesas e bancos de madeira. A televisão era o único contato com o mundo exterior além das parcas visitas. Dona Ana tomou o seu banho e passou talco no pescoço. Ela fazia isso todos os dias desde que entrou há quinze anos por aqueles portões. Após o banho, todos eram conduzidos ao refeitório e se sentavam no mesmo lugar mecanicamente. Ana cortava o pão em pedaços, jogava dentro da xícara com café e com as suas mãos trêmulas se alimentava até sobrar apenas um pouco do líquido preto no fundo da xícara. Isso acontecia todos os dias. Terminado o horário do café, os velhos se encaminhavam para tomarem banho de sol, em frente à área central. Ana permanecia imóvel em sua solidão, enquanto fitava o fundo da xícara. A televisão estava ligada com o volume acima do normal e Ana ouviu o anúncio de que aquele era o dia das mães. Naquele ambiente as datas não eram comemoradas por recomendação da direção.


Interrupção e comentário do autor do Diário Banal:
Essa história eu estava preparando especialmente para o dia das mães. Eu queria inventar uma história diferente para esta data. O problema é que quando escrevi essas linhas acima, julgando que a história estivesse ficando interessante, fiz uma coisa que eu não nunca mais farei. Eu pedi à minha esposa que avaliasse esse início e dissesse qual a sua impressão sobre essas poucas linhas da história. Reforcei que ela deveria ser imparcial e honesta em sua avaliação.
Eu não devia ter feito isso! O que ela me disse sobre a história me desestimulou totalmente em prosseguir até o final. Diante disso, guardo a lição aprendida: Nunca pedir para alguém avaliar uma história antes de terminar e além disso, pode ser que dependendo do ponto de vista, a história não seja interessante para uma pessoa e seja boa para outra.
Assim sendo, peço desculpas pela interrupção repentina dessa história. Não quero continuar. Desculpe mesmo.


Até a próxima!




Por que o nome de Diário Banal?


Olá visitante, seja bem-vindo ao Diário Banal! Aqui nesse espaço costumo registrar alguns pensamentos sem compromisso. 

Sabe aqueles pensamentos que surgem em qualquer lugar e momento do dia? Então, são esses. É claro que não publico tudo, pois muitos não interessam a ninguém, mas existem vários, talvez a maioria, que posso compartilhar sem preocupação com a censura pública. O risco que corro é ser julgado por gente que nem conheço, mas pensando bem, que diferença isso faz? Não devo ligar para isso. Existe uma fase da vida que não importamos mais com certos julgamentos.

Bem, esclarecido esse ponto, agora vou aproveitar para explicar como foi escolhido o nome de "Diário Banal". 

Quando comecei a escrever por aqui, ainda não existia esse título "Diário Banal" e eu precisava de um nome, afinal todo Blog possui um nome. No início eu coloquei o nome de Blog de Alex Gil Rodrigues, mas eu não achava esse nome interessante. 

Nessa época eu ainda frequentava o Facebook e notava que as minhas publicações, embora interessantes, conforme meu julgamento, quase não recebiam comentários ou "curtidas" para utilizar a linguagem corrente. Eu achava aquilo muito estranho porque em contrapartida eu visualizava as publicações excessivamente banais dos "amigos" e estes recebiam muitos "likes"! Observando esse comportamento cheguei à conclusão de que a grande massa gosta mesmo é de "banalidades". 

E refletindo sobre essa necessidade no meu vaso sanitário, cheguei a conclusão de que o o termo banal no título seria perfeito! Então a partir daquele momento o meu Blog teve o nome pomposo e retumbante de "DIÁRIO BANAL". 

Mais banal do que este nome é impossível! 

Bem, feito esse esclarecimento que não vai mudar nem um pouquinho a sua vida, como tudo que eu costumo escrever, estarei sempre por aqui. Sempre que puder, faça-me uma visita! 

Por hoje é só e até a próxima! 


07/05/2016

Meu e-mail para contato


Caro visitante, caso sinta vontade de perder o seu precioso tempo e interagir com este autor Banal existem duas possibilidades e você escolhe a melhor forma.

Pode ser através dos comentários abaixo de cada publicação ou pelo meu e-mail particular: alexgil.rodrigues2009@gmail.com

Fique a vontade e se não desejar me escrever não tem problema, afinal aqui não é rede de relacionamentos e portanto não espero interação. Apenas agradeço a sua visita!

Até a próxima

Alex Gil Rodrigues


#13 - Fahrenheit 451 - Autor: Ray Bradbury - A primeira página de meu livro



Livro: Fahrenheit 451 - Autor: Ray Bradbury

Página 1

Queimar era um prazer. 

Era um prazer especial ver as coisas serem devoradas, ver as coisas serem enegrecidas e alteradas. 

Empunhando o bocal de bronze, a grande víbora cuspindo seu querosene peçonhento sobre o mundo, o sangue latejava em sua cabeça e suas mãos eram as de um prodigioso maestro regendo todas as sinfonias de chamas e labaredas para derrubar os farrapos e as ruínas carbonizadas da história. 

Na cabeça impassível, o capacete simbólico com o número 451 e, nos olhos, a chama laranja antecipando o que viria a seguir, ele acionou o acendedor e a casa saltou numa fogueira faminta que manchou de vermelho, amarelo e negro o céu do crepúsculo. 

A passos largos ele avançou em meio a um enxame de vaga-lumes. Como na velha brincadeira, o que ele mais desejava era levar à fornalha um marshmallow na ponta de uma vareta, enquanto os livros morriam num estertor de pombos na varanda e no gramado da casa. 

Enquanto os livros se consumiam em redemoinhos de fagulhas e se dissolviam no vento escurecido pela fuligem. Montag abriu o sorriso feroz de todos os homens chamuscados e repelidos pelas chamas. Sabia que quando regressasse ao quartel dos bombeiros faria vista grossa a si mesmo no espelho, um menestrel de cara pintada com rolha queimada. 

Depois, ao ir para a cama, sentiria no escuro o sorriso inflamado ainda preso aos músculos da face. Nunca desaparecia, aquele sorriso, nunca, até onde conseguia se lembrar. 

Pendurou o capacete preto-besouro e o lustrou. Pendurou caprichosamente a jaqueta à prova de fogo; tomou uma ducha voluptuosa e, depois, assobiando, as mãos nos bolsos, atravessou o piso superior do posto dos bombeiros 

e deixou-se cair pela abertura. No último instante, quando o impacto parecia fatal, tirou as mãos dos bolsos e interrompeu a queda agarrando o mastro dourado. Deslizou até a parada sibilante, os calcanhares a dois centímetros do chão de concreto do andar de baixo. Saiu do quartel e caminhou pela rua noturna até o metrô. O trem pneumático deslizou silenciosamente por seu tubo lubrificado na terra e o lançou para fora com uma grande lufada de ar morno, na escada rolante de ladrilhos bege que subia para o subúrbio. 

Assobiando, deixou que a escada rolante o deslizasse pelo ar sereno da noite. Caminhou rumo à esquina, sem pensar em nada de especial. Antes de chegar lá, porém, reduziu o passo como se tivesse sido surpreendido por nada, como se alguém tivesse chamado seu nome. Nas últimas noites experimentara as sensações mais incertas ali na calçada, ao dobrar a esquina, andando à luz das estrelas a caminho de casa. Uma impressão de que, um momento antes de fazer a volta, houvesse alguém ali. O ar parecia carregado de uma calma especial, como se alguém o esperasse, quieto e, um segundo antes de dobrar a esquina, simplesmente se convertesse em sombra e fosse por ele atravessado. Talvez seu nariz tivesse detectado um frágil perfume, talvez a pele do dorso de suas mãos, ou a de seu rosto, se aquecesse nesse exato local em que uma pessoa parada poderia, por um instante, elevar em dez graus a temperatura circundante. 

Não havia como compreender aquilo. Cada vez que se virava para trás, via apenas a calçada branca e vazia, estreitando-se. E numa dessas noites teve a impressão de ver algo que desapareceu rapidamente do outro lado do gramado, antes que ele pudesse focalizar os olhos ou dizer alguma coisa. Mas agora, nesta noite, ele reduziu o passo quase até parar. Sua percepção íntima, antecipando-se ao seu corpo na virada da esquina, ouvira o mais frágil sussurro. Respiração? Ou simplesmente a atmosfera estaria sendo comprimida por alguém, ali parado, muito quieto, à espera? Montag dobrou a esquina. As folhas do outono voavam pela calçada enluarada e faziam com que a garota que ali caminhava parecesse presa num piso deslizante, deixando que o movimento do vento e das folhas a impelisse para frente. Sua cabeça pendia para o chão a fim de observar os sapatos agitarem as folhas em volta. Seu rosto era esguio e branco como leite e havia nele uma espécie de fome delicada que em tudo se detinha com infatigável curiosidade. Era uma expressão quase de contida surpresa; os olhos escuros estavam tão fixos no mundo que nenhum movimento lhes escapava. O vestido era branco e ciciava. 

Montag quase podia ouvir o movimento das mãos da garota ao caminhar e o som, agora infinitamente frágil, da branca agitação de seu rosto quando se voltou, descobrindo que estava a um segundo de colidir com um homem parado no meio da calçada. As copas das árvores farfalharam ruidosamente, soltando sua chuva seca. 

... 

06/05/2016

#12 - Por um fio - Autor: Dráuzio Varella - A primeira página de meu livro


Livro: Por um fio - Autor: Dráuzio Varella

Página 1

Morte é a ausência definitiva. Tomei consciência desse fato aos quatro anos de idade, dois meses depois de ter ficado órfão. Estava sentado à mesa do café-da-manhã, encolhido por causa do frio; minha avó espanhola, de vestido preto, vigiava o leite no fogão, de costas para mim. 

Naquela noite, tinha sonhado que passeava de mãos dadas com minha mãe por uma alameda de ciprestes que havia na entrada da chácara de meus tios, na rua Voluntários da Pátria, em Santana, um bairro de São Paulo. 

- Vó, nunca mais vou ver minha mãe? 

Sem demonstrar a solicitude habitual com que respondia minhas perguntas, ela permaneceu calada, cabisbaixa na direção da leiteira. 

Vinte anos mais tarde, na faculdade, descobri que tratar de doentes graves era o que mais me interessava na medicina. Por essa razão, passei os últimos trinta anos envolvido com pessoas portadoras de câncer ou de AIDS, em convívio que moldou minha forma de pensar e de entender a existência humana. 

No começo da carreira imaginei que, se ficasse atento às reações dos que vivem seus momentos finais, compreenderia melhor o “sentido da vida”. No mínimo aprenderia a enfrentar meus últimos dias sem pânico, se porventura me fosse concedido o privilégio de pressenti-los. Com o tempo percebi a ingenuidade de tal expectativa: supor que, por imitação ou aprendizado, seja possível encarar com serenidade a contradição entre a vida e minha morte é pretensão descabida. Não me refiro à morte de estranhos nem à de entes queridos, evidência que só nos deixa a alternativa da resignação, mas à minha morte, evento único, definitivo. 

No exercício da profissão aprendi que a reação individual diante da possibilidade concreta da morte é complexa, contraditória e imprevisível; impossível compartilhá-la em sua plenitude. 

Há muitos anos penso que, se conseguisse construir um caleidoscópio com as histórias dos doentes que conheci na prática da cancerologia, com as reações de seus familiares e amigos próximos, talvez pudesse transformá-lo num livro. Se até hoje me faltou coragem para tanto, foi por me considerar imaturo para a natureza da empreitada. Será possível na juventude compreender o que sente um senhor de oitenta anos ao perceber que não sairá vivo do hospital? O sofrimento de uma mulher ao perder o companheiro de quarenta anos de convivência harmoniosa pode ser imaginado por alguém de trinta? 

Se me dispus a escrever agora, aos sessenta anos, foi menos por reconhecer a aproximação da maturidade do que por receio de morrer antes de me julgar preparado para alinhar as lembranças e inquietações que se seguem.

Imaginar a morte como um fardo prestes a desabar sobre nosso destino é insuportável. Conviver com a impressão de que ela nos espreita é tão angustiante que organizamos a rotina diária como se fôssemos imortais e, ainda, criamos teorias fantásticas para nos convencer de que a vida é eterna.

“Por que comigo?” foi a indagação que mais ouvi de quem recebe o diagnóstico de uma enfermidade fatal.

Nada transforma tanto o homem quanto a constatação de que seu fim pode estar perto.

...