23/12/2018

Mais um Natal!


Mais um Natal chegando e estou aqui passando pelo Blog Banal para registrar algumas banalidades em meu teclado, enquanto ouço Canon in D de Pachelbel. Linda demais! 

Quando eu era criança, o Natal era comemorado com toda família reunida na casa de minha querida avó. 

Existe até hoje, uma fotografia emblemática daquele saudoso tempo, onde todos estão reunidos em volta da mesa farta de comida e bebida.

O peru assado ao centro da mesa, a coca-cola na garrafa de um litro e esta fotografia já amarelada, confirma a veracidade dessa história. Provavelmente tal registro foi revelado no Foto Brasil, uma loja tradicional em Barra Mansa, onde tínhamos que subir uma escadaria e deixar o filme para revelar e aguardar ansiosamente por uma semana e retornar à loja e torcer para não ter queimado muitas "poses". A gente chamava a fotografia de "poses" (risos).
Para completar a mesa, latas de doce de pêssego em caldas e creme de leite Nestlé que meu vô adorava. O vinho era comprado em garrafão de 5 litros e ninguém reclamava da qualidade.

O tempo passou e a linha invisível que unia toda a família foi rompida com a morte dos avós, mas as lembranças são perenes.

Ah! o tempo! Este grãozinho invisível de areia que separa e elimina as famílias, as relações, a vontade e por fim, a vida.  

Aquela mesa jamais será restabelecida, mas ficou a marca do tempo dentro de cada cabecinha à sua volta.

Daquele tempo, restou apenas a fotografia, as memórias e o meu português ruim!

Atualmente, continuo comemorando o Natal com minha mulher e dois filhos e faço questão de manter a tradição da mesa, pois esses momentos ficam para sempre! 

Por motivos profissionais, estarei junto da família materna apenas na comemoração de final-de-ano.

Tenho certeza de que meus filhos também lembrarão desses encontros, mesmo que a famosa linha invisível do tempo e a distância os separe.



07/12/2018

Mudou o Natal ou mudei eu?



Hoje foi noite de festa de confraternização da empresa onde trabalho há mais de 33 anos.

Tradicionalmente essa homenagem é realizada para os "colaboradores" que conseguiram ficar na empresa por 10 e 25 anos.

Quando eu era jovem, não perdia essa festa, aliás, quase todos esperavam com ansiedade por este momento.

Havia três anos que eu não comparecia e este ano resolvi retornar, na expectativa saudosa de reviver os velhos tempos. Ledo engano.

Identifiquei-me na portaria e a cada degrau avançado, sentia que a música aumentava.

Fui em direção à mesa de buffet, que por sinal estava bem farta com bolinho de bacalhau, queijos de diversos tipos, salgados e cerveja gelada à vontade.

Havia um palco com dançarinas e músicos. No piso, as pessoas agrupadas com suas afinidades e interesses, enquanto eu não conseguia me encaixar em nenhuma tribo.

Distante e já arrependido de ter ido, fiquei isolado e embora tivesse poucos conhecidos de trabalho espalhados pelo ambiente, preferi ficar comigo mesmo. Apenas observando, degustando e bebendo minha cerveja no meu ritmo. Definitivamente eu não estava bem e nem disposto para me aproximar das pessoas.

Fiquei apenas duas horas, acenei distante para poucas pessoas, levantei-me e fui embora à francesa.

Adaptando Machado de Assis, num certo soneto: Mudou ou festa* ou mudei eu?









* No soneto de Natal de Machado a frase correta é "Mudaria o Natal ou mudei eu?"

02/11/2018

Ando sumido mas ainda estou aqui!



Depois de 6 meses distante das letras, estou aqui visitando este meu Blog.
Estive distante, mas ainda vivo!
Que ano!
Nunca antes na minha vida me envolvi com tanta intensidade com as eleições presidenciais como este ano!
Fiz campanha de graça por ainda acreditar num Brasil melhor.
Pensei que a minha esperança já tinha acabado, como um resto de café frio no fundo da xícara, mas felizmente me equivoquei.
Para minha surpresa ainda acredito em dias melhores.
Esperei a eleição como um noivo que aguarda a esposa no altar.
Caminhei à urna com vontade e ansiedade e o resultado me inundou de esperança que dias melhores ainda são possíveis. 
Acredito que essa será minha última esperança!
Força capitão!
Transforme o nosso país e não nos decepcione.
Estamos contigo!


27/02/2018

Sonhei que voava!



Tenho uma vida banal e durante a noite sonho. Humanos sonham. Sonhei novamente que voava! Um sonho agradável e impossível de se realizar. Lembro com prazer de cada detalhe dessa aventura com os olhos fechados e a mente leve. Eu tomava distância e corria feito um velocista em direção ao nada. Batia os braços com força, para cima e para baixo, até os meus pés se distanciarem do chão e ganhar altura. Suspenso no ar e com o corpo esticado, eu abria os braços suavemente e deslizava como um pássaro. Meu corpo ignorava a gravidade, estabilizava no ar e avançava sem obstáculos. Voava seguindo o traçado das ruas e do alto, enquanto olhava as pessoas distantes. Elas corriam pelas ruas e me acompanhavam com curiosidade. A sensação era agradável e arrebatadora. 
Não costumo atribuir sentido especial aos sonhos, mas quem sabe não seja um desejo inconsciente de querer liberdade e ficar livre do peso das preocupações e obrigações. Não sei se existe relação, mas admito que tal hipótese até que tem algum sentido.

Assim termino a minha bobagem de hoje.

08/02/2018

Noite miteriosa



Entrei em casa e ela não me notou!
Estava quieta e me olhava de soslaio.
Não se aproximou e permaneceu imóvel.
Algo estranho ocorreu!
Não disse uma palavra e seus olhos me evitavam.
- O que poderia ter acontecido?
Aproximo dela na tentativa de interpretar aquele ar misterioso.
Ela continuava calada!
Nem uma pista!
- O que eu fiz de errado? - pensei
Abri a geladeira, estiquei as mãos e escondi para ela ficar mais curiosa.
Finalmente me olhou com curiosidade e desejo.
Aproximei-me e percebi que seus olhos brilhavam.
Ela encostou lentamente em minha perna tentando me seduzir.
Não consegui resistir e sussurrei:
- Sofia, tenho algo que você adora! 
Abri lentamente o sachê de carne e despejei todo o conteúdo em sua vasilha.
Sofia comeu como uma louca e me olhou feliz!
Ela me ama!



Autoria de Alex Gil


04/02/2018

Religião dinheiro

Sendo a religião, um comércio fácil e lucrativo e nem sempre bem intencionada, onde os líderes recebem dinheiro e entrega ilusão como mercadoria, qualquer dinheiro que entra é lucro líquido.



Já imaginou você ficar com 10% de todo o salário de todos os seus amigos, e não precisar dar nada em troca? Uma mina de ouro, não é?



19/01/2018

Deus é amor!





Imagine um marido que diz assim para a sua esposa:
- Olha minha querida, você sabe que eu te amo muito e eu te dou toda a liberdade para ficar comigo aqui. Você pode ir embora quando quiser, eu não me importo. Você é livre, pode escolher...
Eu te amo muito, mas se você for embora eu te dou um tiro na cabeça!
Mas aí neste caso, a escolha foi tua...
Eu, na minha misericórdia e amor por você estou humildemente te avisando: Se você ficar aqui em casa, você será bem tratada, bem cuidada, nada te faltará e te amarei, porque o meu amor por você é absoluto!
Mas se você escolher ir embora... bem é uma escolha tua, lembre-se que eu estou dando todas as condições para que você viva bem comigo... 




06/01/2018

O velho na janela



Tarde de sábado, 6 de Janeiro de 2018. Caminho sem preocupação pela calçada de minha cidade natal, Barra Mansa-RJ. Estou de férias e nesta ocasião ando muito. Rara oportunidade de revisitar o passado e observar a passagem do tempo. Ando devagar esquadrinhando as construções, fachadas e ruas.
Desloco o meu corpo em direção à padaria na Avenida Domingos Mariano, próxima à esquina do colégio Verbo Divino, para aplacar a minha vontade de tomar café-com-leite e pão quente. Caminhar prolonga a saúde e exercita a reflexão. Minha mente movimenta com mais velocidade do que os carros que passam pela rua. Tenho a companhia de um turbilhão de pensamentos.
Em cada construção, uma história e em cada rosto, uma porta do passado.
Numa janela, do outro lado da calçada, havia um velho sobrado. Um rosto, também velho, aponta a sua cabeça para a rua, com movimentos lentos e despretensiosos. Olhar opaco e semblante sério de quem já cansou das batalhas da vida. O velho não me nota. Pareço invisível andando do outro lado da rua. Ou então fingiu que não me viu. Nessas alturas, isso pouco importa. Ele me devolve o desprezo que recebe dos outros primatas. Provavelmente seus pensamentos estavam longe, em algum tempo onde havia algum significado, um momento mais agradável do que aquela rua e transeuntes indiferentes à sua existência. Parecia que detestava pessoas e estava entediado pela paisagem monótona e vida sem graça.
Presumo que seus objetivos foram cumpridos ou abandonados. O ponteiro do relógio avança lentamente assim como os seus movimentos.
Talvez esteja esperando alguém chegar ou, caso solitário, esperando o sono. Seus instintos aparentemente se resumem a fome, sede, sono e dores.
Se eu fosse ele, escreveria tudo o que eu via daquela janela e leria também todos os livros possíveis. Dizem que aquele que lê jamais sente solidão.
Avanço pela calçada e não olho mais para aquela janela. Aquela cena virou passado.
Cheguei na padaria e pedi o meu café-com-leite e pão-quente. O velho ficou lá atrás. Jamais saberá que um desconhecido o notou e escreveu o seu suposto olhar pela janela. Vida que segue.

Alex Gil Rodrigues