17/04/2017

Pássaro que não voa



À medida que o tempo passa nossas asas ficam pequenas, podadas e não arriscamos voar mais alto e distante. Os voos acontecem de forma comedida e por pequenas distâncias. O trabalho, as obrigações e a falta de recursos financeiros deixam poucas oportunidades para aventuras. A prole e o sistema limitam a liberdade e mantêm uma cordinha invisível amarrada aos pés. O dia amanhece e não se ouve mais o canto. Perde-se a vontade de voar para outros lugares. Os pássaros daquele ambiente tornaram-se silenciosos e extintos. Além disso, os poucos que ainda voam, não possuem interesses e cantos similares. O isolamento ao ninho torna-se inevitável. As obrigações diárias exaurem a energia, restando apenas o exercício intelectual introspectivo, a contemplação da natureza e a vasilha cheia de sementes de girassol.
A vida segue enquanto observa o sol através das frestas da gaiola. Os sonhos, reflexões e voos ficam restritos apenas à imaginação desse pássaro encarcerado que já não canta e não mais se encanta.
Muito tempo sem bater as asas nos tornam mansos, apáticos, resignados e sem vontade de voar.


Alex 17/04



09/04/2017

Sobre a amizade


Amizade é uma coisa legal mas nem sempre é possível ter amigos. 


Desde criança, sempre tive poucas amizades e meus contatos se resumiam aos meus irmãos, primos e eventualmente algum vizinho. Quando adolescente, morando no interior do Rio, o aglomerado de casas e pessoas vivendo muito próximas, em tese favorecia a aproximação. Porém, mesmo nesse ambiente fértil eu não conseguia fazer parte de um grupo maior que duas ou três pessoas, sendo bem otimista. Minha interação com as pessoas sempre foram limitadas e circunstanciais. 


O tempo passou e hoje vivo praticamente para o trabalho, minha pequena família, um cachorro, um gato, meus livros e a internet. No trabalho, tenho amizades que duram o tempo exato da carga horária. É um tipo de aliança e interesses mútuos dentro das paredes corporativas. Existe certo companheirismo, respeito, colaboração e até certa dose de humor, mas a pressa e o foco no trabalho não deixam espaço para uma conversa mais elaborada, reflexiva e tranquila sobre a vida. Tudo ocorre na velocidade dos ponteiros do relógio... Na vizinhança eu também não possuo amigos. Apenas compartilhamos a mesma rua e o ar que respiramos.

Não critico as alianças no trabalho pois são extremamente importantes. Ajudam, sustentam, protegem e possibilitam a sobrevivência. Acredito que na selva do mercado, uma boa aliança possui papel mais importante do que a "amizade tradicional". Durante a minha existência tive muitos conhecidos, poucos amigos e boas alianças. 

Na juventude, eu gostava muito de sair de casa e ir às festas tradicionais da cidade. Essa era a diversão da época. Hoje esse divertimento deve ser considerado um programa de "Jeca" pelos jovens contemporâneos, mas na época, sem dinheiro e sem carro, era o possível para sair de casa para fazer algo diferente da rotina. Lembro que naquele tempo eu possuía apenas dois colegas na mesma situação e saíamos juntos para conhecer meninas... franguinhos de granja estreando e treinando na arte da paquera, com muita vergonha, pouco dinheiro e muitos hormônios. 

Com o passar do tempo, fui me tornando bem independente. Os amigos se foram e aprendi a gostar de ir sozinho aos lugares. Escolher o próprio caminho não tem preço e esta é a sina dos espíritos livres. Em minha cidade natal, ainda tenho um amigo de longa data e costumo visitá-lo apenas uma vez por ano durante as férias, mas a distância geográfica não contribui para um contato mais frequente e a vida vai passando. 

Conhecidos, tenho muitos...herdados do bairro, escola ou trabalho, mas são relações com encontros casuais e breves. No geral, a gente quase nada sabe sobre a vida do outro, no máximo o seu local de trabalho, o bairro onde mora ou o seu “time de futebol”. Resumindo, descubro apenas se estão vivos, doentes, velhos ou mortos. 

E por falar em velhice, mudando um pouco de assunto...minha mente funciona assim e vou registrando conforme penso... Outro dia li umas coisas de um autor já falecido chamado Rubem Alves sobre o envelhecer. Ele contava que a famigerada frase “melhor idade” deve ter sido feita “por um demônio zombeteiro disfarçado de anjo que inventou que a velhice é a "melhor idade". Chamar velhice de "melhor idade" só pode ser gozação ou ironia”. Ele continua: O que é melhor? Ser respeitado ou ser desejado? Velhice é quando a gente começa a ser tratado como "objeto de respeito" e não como "objeto de desejo". Mas o que quero não é ser olhado com respeito, mas com desejo... 

Voltando ao tema amizade, classifico-a em três tipos: a circunstancial, a interesseira ou aquela motivada pela admiração. O termo amizade está tão ultrapassado que parece que teremos que reinventar o significado literal mais adequado aos nossos dias. O maior exemplo da banalidade da amizade hoje é o Facebook. 

Quando somos jovens, possuímos mais energia, vontade e necessidade de procurar um rebanho. Com o tempo, a maturidade, o desenvolvimento da independência, o cansaço pelo trabalho, o peso da idade e o interesses diferentes, inevitavelmente nos afastam das pessoas. Note como os velhos são solitários. Acho que o segredo para essa fase é o auto-conhecimento, desenvolvimento da auto-estima e aprender a gostar de sua própria companhia. Eu sei que falar disso hoje é muito fácil... terei certeza se o que penso hoje funcionará se eu alcançar a idade avançada, afinal, só se sabe o gosto da merda se você colocar na boca. Desculpe o termo, mas não existia outro exemplo neste momento para esse pensamento. 

Na rede social, eu possuía muitos amigos até recentemente. Somavam mais de 300 pessoas em meu Facebook. Com o tempo fui percebendo uma certa indiferença e tomei a decisão de reduzir para aproximadamente 100 pessoas. Não digo que me tornei inimigo dessas 200 pessoas excluídas. Longe disso. Até arrependi de excluir algumas, mas desconfio que a reciprocidade não era a mesma... provavelmente nem notaram que não fazem parte da minha relação de "contatos". Algumas eu até me sentia incomodado por divergência de interesses... Tomei essa decisão porque acredito, posso até me enganar, não sou perfeito, que aquelas pessoas não me consideravam ou me ignoravam. Observei que haviam pessoas em minha lista que nem me cumprimentavam quando passavam por mim, mesmo eu tendo o hábito de olhar para a cara da pessoa, sempre! Se você está numa rede de interação, o mínimo que se espera, lógico, é a interação ou o compartilhamento de ideias. Agora, você fica compartilhando pensamentos, fotos e interpretações sobre o mundo e a pessoa apenas tomado conhecimento ou monitorando silenciosamente suas publicações, comportando-se como um cadáver ou um espião de sua vida... para mim não dá! Por um determinado tempo de ausência, até acho aceitável, mas por um longo período sem ao menos abanar o "rabo"...estou fora! 

Hoje me sinto muito bem com poucos amigos. Gosto de minha vida (às vezes não), literatura, filosofia e isso me satisfaz. Aprendi também que pessoas solitárias compensam o deficit social ou afetivo através de atividades intelectuais e essa compensação pode ser tão prazerosa ou mais do que relações que sugam ou não acrescentam nada à nossa vida. De vez em quando me chamam para um churrasco de confraternização da empresa e dependendo do meu estado de espírito, às vezes compareço e até gosto. Quem me conhece apenas por essas palavras que escrevo no Blog, pode até concluir equivocadamente que sou uma pessoa hermética e que evita a todo custo qualquer contato com os humanos... na realidade não é isso o que ocorre. Em determinadas circunstâncias sou bem relacionado, receptivo e portanto não tenho esse problema. 

Encontrei nos livros a companhia de gente que conversa comigo, ensina e me faz pensar. No mundo virtual também existem alguns grupos de discussão com pessoas espalhadas pelo Brasil, que embora não exista o contato físico, compensam uma boa troca intelectual. São grupos que nutrem o mesmo interesse pelas coisas da vida e isso é bom. 

Hoje me conheço melhor e me suporto, sem interesse em forçar amizade em troca de likes ou atenção. Com o auto-conhecimento, amadureci e me acho uma boa companhia. Descobri que o bom relacionamento é pautado pela compatibilidade de gostos e o seu prazo de validade depende da afinidade, circunstâncias afins ou interesses envolvidos. 

Existem pessoas cujo contato não consigo estabelecer uma conversa interessante. E nem sempre é por falta de repertório de minha parte. Modéstia parte, leio muito e consigo conversar sobre vários assuntos. 

Moro no interior de São Paulo há oito anos e constatei, de modo geral, que as pessoas daqui não gostam de conversar. Quando vou à cantina do meu trabalho tomar um café ou iogurte, sempre puxo assunto, porque é muito desagradável ficar em silêncio num ambiente pequeno. Normalmente, com gratas exceções, a pessoa responde de forma lacônica ou sai rapidamente como aquele famoso coelho branco de Alice no país das maravilhas, que corria o tempo todo e dizia "É tarde! É tarde! É tarde até que arde! Ai, ai, meu Deus! Alô Deus! É tarde, é tarde, é tarde!". Conheço uns quatro ou cinco amigos no meu trabalho que sabem e gostam de conversar algo interessante, nos breves intervalos, mas o relógio, aquele carrasco do tempo não deixa... a maioria é daquele tipo que fica olhando para o chão, com cara de interrogação ou de poucos amigos. 

Gosto de conversar sobre a vida e temas que continuam na cabeça mesmo depois da pessoa ter afastado. Isso é sinal de que a conversa valeu a pena. Agora se a pessoa que fala com você, além de não ter deixado ou levado algo interessante, ainda te deixa pior do que antes... melhor nem ter encontrado. Relação boa deve ser saudável e satisfatória para a vida. Penso assim. 

Ufa! Sem querer, virou textão! Essas eram as banalidades que estavam em minha mente quando sentei de frente de meu notebook. Esse assunto pode ser continuado em outra ocasião porque tenho mais considerações sobre esse tema demasiadamente humano, porém, fica para uma outra oportunidade. Raríssimas pessoas conseguem ler um texto deste tamanho e como não sei fazer charge ou aforismos... 


Até a próxima! 


08/04/2017

Janer Cristaldo sobre Nietzsche



Sobre Nietzsche, outro autor que não se encontra na universidade, vou reproduzir texto que escrevi há uma década. Meus professores de Filosofia não gostavam do alemão, ele demolia todas as filosofias. Cá e lá ele era citado, afinal não podia ser ignorado. Mas nunca tive professor que recomendasse Nietzsche em suas bibliografias. Para mim, foi autor decisivo em minha vida. É leitura, penso, que deve ser feita quando se é jovem. Não sei se adianta ler Nietzsche aos trinta anos. Também não sei se seria útil a um jovem contemporâneo. Em minha época de universitário, pensamento se demolia com pensamento. Hoje, os meios de comunicação se encarregam deste trabalho de demolição.

Aconteceu nos dias de Porto Alegre. Um colega um tanto inquieto, cujos interesses oscilavam do pugilismo às matemáticas, me abordou com o olhar desvairado. Empunhava um livro com verve. "Tens de ler este alemão. Urgente". Era o Ecce Homo - Como se chega a ser o que se é, de Nietzsche. Seriam umas dez da manhã. Acostumados àqueles humores repentinos, pensei dar uma vista de olhos no livro, para que meu instável amigo não mais me chateasse. Já no índice, comecei a irritar-me. Primeiro capítulo: porque sou tão sábio. Segundo: porque sou tão sagaz. Terceiro: porque escrevo bons livros. O último capítulo, uma pergunta: porque sou uma fatalidade?

É o tipo de introdução que convida o leitor desavisado a jogar o livro longe. Mas uma música qualquer, uma cantata de eremita que volta do deserto, emanava das páginas sublinhadas com fúria naquele livro ensebado. Deixei-me levar pela música, fui entrando na atmosfera rarefeita do pensador. "Ouvi-me!" - alerta Nietzsche já na introdução - "eu sou alguém e, sobretudo, não me confundais com qualquer outro".

Mergulhei com fúria na leitura. Sentia estar perto de algo vital. Este livro, no qual o alemão furibundo se apresenta aos pósteros com as palavras com que Pilatos entrega o Cristo às turbas - Eis o Homem - foi escrito pouco antes de seu mergulho na loucura. É certamente o pensador que com mais energia lutou contra a hipocrisia do cristianismo e contra o próprio Cristo, a ponto de assinar-se, em seus dias de insanidade, como o Anti-Cristo. Ao falar da morte dos deuses pagãos, completava: sim, os deuses gregos morreram. Morreram de rir, ao saber que no Ocidente havia um que se pretendia único.

A manhã se foi, entrei meio-dia adentro, esqueci de almoçar e, lá pelas três da tarde, tive de engolir esta: Não me são desconhecidas as minhas qualidades de escritor; em determinados casos compreendi como se corrompia o gosto com o manuseio de minha obra. Acaba-se, simplesmente, por não suportar mais a leitura de outros livros, pelo menos os filósofos. (...) Disseram-me que é impossível interromper a leitura dos meus livros, porque eu perturbo até o repouso noturno. Não existem livros mais soberbos e, ao mesmo tempo tão refinados quanto os meus.

Vontade de jogar fora o livro. Mas já era tarde demais para voltar atrás. Procurei imediatamente as obras completas do autor. Primeira escala, Assim falava Zaratustra: "Exorto-vos, meus irmãos, a permanecer fiéis à terra e a não acreditar naqueles que vos falam de esperanças supraterrestres". Zaratustra é o eremita que, ao voltar da montanha, encontra um santo em uma cabana no bosque, que entoa cânticos para louvar a Deus. O eremita se espanta: "Será possível que este santo ancião ainda não tivesse ouvido no seu bosque que Deus já morreu?"

Para um jovem sufocado pela propaganda de Roma, sorver Nietzsche era como beber água límpida, não poluída pelos construtores de mitos. Passei inclusive a estudar alemão, para degustar no original seus ditirambos. Mas a vida tem outros projetos para os que nela entram, e acabei aprendendo sueco. De qualquer forma, Nietzsche foi decisivo para minha libertação. Títulos como A Origem da TragédiaO Crepúsculo dos ÍdolosHumano, Demasiado HumanoAlém do Bem e do MalAnti-Cristo já antecipam o que este doublé de filósofo e poeta se propõe.

Postumamente, publicou-se uma versão apócrifa de Vontade de Potência, devidamente adulterada por sua irmã, Lisbeth Förster-Nietzsche - que morreu refugiada no Paraguai - para atender aos interesses do nazismo. Durante boa parte deste século, Nietzsche, inimigo jurado de filosofias coletivistas, foi associado ao nazismo. Principalmente pelos marxistas, que intuíam em seu pensamento uma condenação avant la lettre dos regimes socialistas. Esta associação é desonesta.

Basta lermos as invectivas de Nietzsche aos alemães e à cultura alemã em Ecce Homo, para descartarmos este absurdo: "Em Viena, em São Petersburgo, em Estocolmo, em Copenhague, em Paris, em Nova York, por toda parte estou descoberto: não o estou somente no país mais ordinário da Europa, a Alemanha". Ou ainda: "Por onde quer que passe, a Alemanha destrói a cultura". Cabe lembrar que Nietzsche nasceu em Röcken, Prússia.

Este autor, dificilmente você encontrará nos currículos universitários. Seu pensamento demole sistemas, e a academia adora o pensamento sistematizado. Tampouco serve para criar qualquer espécie de culto ou religião: Zaratustra não quer discípulos. Nietzsche fala a homens livres, capazes de respirar a atmosfera das grandes alturas, que não temem a intempérie metafísica e dispensam muletas espirituais.

Há cento e nove anos, morria Nietzsche. Nestes dias em que uma nova inquisição, o pensamento politicamente correto, quer impor sua vontade, o Anti-Cristo certamente lhe renderia uma carrada de processos. Este livro, que escandalizou - e ainda escandaliza - a Europa, é uma contundente catilinária contra o Cristo e seus discípulos e um entusiasta elogio de César, Nero, César Borgia, Napoleão e Goethe. Nas páginas finais, lemos um projeto de Lei contra o Cristianismo, dada no dia da Salvação do ano Um (a 30 de setembro de 1888, pelo falso calendário).

E por aí vai. Leia Nietzsche. É salutar. Mas atenção: de nada adianta lê-lo aos cinqüenta. Aos cinqüenta, ou você há muito se libertou... ou está definitivamente perdido.

Janer Cristaldo

Nota deste autor do Blog Banal sobre a última frase: Será que estou perdido? Se estou, agora é tarde. 

06/04/2017

Meus livros sobre Nietzsche



Finalmente recomecei a leitura de Nietzsche. Há algum tempo deixei-os dormindo na estante. A primeira constatação é que essa leitura não avança da forma tradicional. Alguns conceitos precisam ser "ruminados". É preciso muita calma e interpretação antes de avançar para a próxima página. A minha primeira tentativa de conhecer Nietzsche ocorreu no ano passado com o título "Assim falou Zaratustra". Comecei pelo mais difícil e quando cheguei na metade do livro, senti que não estava absorvendo. Tive que abandoná-lo porque me faltava uma base intelectual para absorver o seu pensamento. Deixei-o de lado e optei em me preparar e retornar à leitura no tempo certo.

Gosto de filosofia e esse autor me apontava para uma direção que compatibilizava com os meus pensamentos. Descobri também que Nietzsche não se lê, se aprende e que sua leitura requer paciência e conceitos básicos. Para resolver essa questão, comprei algumas literaturas de apoio e assisti vários vídeos na internet sobre o alemão. Outro ponto importante é que devemos ter muito cuidado na escolha do tradutor e da editora.

As melhores edições e traduções são feitas pela Companhia das Letras, através do tradutor Paulo César de Souza, que inclusive ganhou 2 prêmios Jabutis pela tradução das obras de Nietzsche.

Hoje não vou registrar o que estou aprendendo com estas leituras, porque isso será feito aos poucos, sem pressa. Adianto que estou diante de uma preciosidade que me faz pensar.


01/04/2017

Em que fase da vida estás?


Minha vida se divide em três fases.
Na primeira, meu mundo era do tamanho do universo
E era habitado por deuses, verdadeiros e absolutos.
Na segunda fase meu mundo encolheu,
ficou mais modesto e passou a ser habitado
por heróis revolucionários que portavam armas
e cantavam canções de transformar o mundo.
Na terceira fase, mortos os deuses,
mortos os heróis, mortas as verdades e os absolutos,
meu mundo se encolheu ainda mais
e chegou não à sua verdade final
mas a sua beleza final:
ficou belo e efêmero como uma jabuticabeira florida.



Rubem Alves (1933-2014)