Ontem comprei uma máquina de escrever!
- Como assim Alex, ficou maluco?
- Claro que não! Eu sempre tive o sonho de ter uma desde a infância.
- Mas isso está ultrapassado. O que você vai fazer com uma máquina de escrever se temos hoje o notebook silencioso, rápido, moderno, leve entre outras coisas.
- Eu sei disso, mas é um sonho de infância e além disso me traz boas lembranças de meu pai!
A história foi assim. Ontem, sábado de manhã, recebi o jornalzinho que assino aqui em Araras e minha mulher, como praxe, rastreou a seção de classificados e localizou o anúncio da imagem abaixo e me avisou da máquina, pois eu já havia comentado que tinha interesse em comprar uma um dia.
Liguei para o vendedor na mesma hora, conversei com o simpático senhor Francisco e fui até a sua residência avaliar meu objeto de desejo. Chegando lá, encontrei uma bela máquina, em perfeito estado, revisada e funcionando como nova! Comprei na hora e ele quase desistiu de vender, pois apesar de precisar liberar espaço em sua casa, possuía apego pela máquina.
Trata-se de uma Olivetti Linea 98. Uma relíquia por apenas R$ 50,00, equivalente ao preço de 2 Kg de carne de segunda!
Uma curiosidade. Quando a peguei para carregar até o meu carro, não imaginava o quanto é pesada. Não tinha noção de seu peso, principalmente agora que estou acostumado em repousar o notebook em meu corpo. A minha filha queria que eu colocasse a máquina em seu colo como um notebook para ela escrever na sala, também sem a noção do peso.
Nesta foto abaixo, minha filha Júlia já se interessando pela máquina e escrevendo suas coisas. Adorei!
Nasci numa época em que ainda não existiam computadores. O principal instrumento de trabalho nos escritórios eram as pesadas máquinas de escrever de onde se ouvia o barulho da tecla com seu tec-tec-tec ecoando por todo o ambiente. A gente nem sonhava com a informatização.
Esse era o acessório indispensável para o trabalho de muita gente.
Naquela época era muito comum os jovens se matricularem em escolas de datilografia.
Obter um certificado de conclusão era motivo de orgulho e requisito básico para conseguir um "bom emprego". Eu infelizmente não fiz esse curso e apesar de digitar rápido não possuo a técnica dos dez dedos.
Meu pai trabalhava numa máquina de escrever e um dia ele me levou, num sábado de manhã, para ficar no escritório, já que neste dia ele trabalhava apenas meio período.
Para mim era um programa. Para ele, o último dia de trabalho da semana.
Ele colocava o papel na máquina e deixava eu escrever o que desejasse.
Este foi o meu primeiro contato prazeroso com uma máquina de escrever e que ficou gravado em minha mente até hoje. Eu ficava admirado por aquela engenhoca onde a gente apertava a tecla e cada letra era impressa no papel, formando as palavras...depois as frases... a ideia... a imagem... o pensamento.
Foi a partir dessa época que nasceu a vontade de ter uma máquina de escrever.
A minha filha, apesar de ter crescido com a informatização, adorou escrever nessa máquina. Sinal de que este instrumento possui alguma coisa que ainda atrai, apesar do tempo. Tenho certeza que este contato também ficará em sua memória.
É um sonho simples, mas estou feliz em tê-lo realizado.
Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 08/02/2015