25/01/2015

Perfume de mulher



Minha mulher queria ganhar um perfume e pediu que eu escolhesse um que me agradasse.

Acordei sábado com essa missão e fui sozinho ao comércio da cidade de Araras visitar as lojas do ramo e tentar selecionar algum bálsamo agradável.

Confesso que não é fácil comprar perfume de mulher.

Sentir o aroma agradável no pescoço e atrás da orelha é muito mais fácil.

A indústria que vende cheiro inventa muito para tentar agradar aos narizes e substituir o cheiro natural do ser humano.

Normalmente as atendentes se apresentam bem arrumadas, maquiagem e com o discurso decorado para tentar influenciar a escolha. Deduzo que fazem um cursinho básico para dizerem os dialetos perfumistas.

A atendente pergunta o meu nome para aplicar a técnica de venda aprendida no primeiro dia do cursinho e se eu prefiro colônia ou perfume.

- Perfume - arrisco sem saber muito bem a diferença.

Acho que estou indo bem!

Depois disso, ela me pergunta se minha mulher é suave, floral ou marcante!

Agora já complicou um pouco, mas para não demonstrar ignorância eu disse "suave".

Após essa pequena entrevista a mocinha se dirige à ala dos suaves, recolhe uns pedaços de papel cartão branco e borrifa os "suaves" para eu cheirar.

Pego o papel, aproximo de minha narinas, fecho os olhos, aspiro e... começo a espirrar sem parar.

A moça começa a detalhar o produto, tentando desviar a minha atenção para as palavras ao invés do cheiro e ignorando meus espirros.

Ela fala umas coisas estranhas entre um espirro e outro:

 - Alex, este perfume foi inspirado na velocidade dos movimentos, nos contrastes das formas e dos pensamentos do nosso tempo. 

- Hã!- Minha primeira interjeição após ouvir aquela verborragia decorada que mais parecia uma experiência psicodélica.

Nesse momento, percebendo finalmente que não gostei do cheiro, ela borrifa outro perfume em outro cartão e me entrega.

Repito o ritual de cheirar e a mocinha continua sua viagem quase mística:

- Nessa fragrância foram usadas ingredientes antagônicos, onde o quente e o frio se contrastam e se combinam. Os acordes da fragrância nos dão uma sensação direta e inusitada.

- Hem?, O quê? - Penso sem falar.

Entre uma amostra e outra ela me entrega um reservatório contendo café para eu cheirar e "apagar" os cheiros anteriores.

 - O cheiro de café estava tão bom que quase pedi um perfume de café para levar para minha mulher.

Ela me entrega outro cartão e continua com a tagarelice:

- Nesse perfume o frescor dos cítricos se integra a personalidade das madeiras, a leveza dos florais se funde à sensualidade dos musks e assim todos os ingredientes se interligam em um perfume novo e moderno.

- Chega!!! - pensei até em dizer amém!

Assim que terminou de falar ela me pergunta o que eu me lembrava enquanto sentia aquela amostra.

 Nesse momento até fiquei com vontade de ser sincero, mas preferi não falar.

Ela ficaria desapontada se revelasse que aquele cheiro me lembrava coroas de flores utilizadas em velório. Era melhor despistar e dizer que ainda não havia encontrado o aroma que procurava.

Agradeci, fui para uma outra loja e finalmente encontrei um perfume "suave" e com cheiro de mulher ao invés de flores, chiclete, baunilha ou tabaco.


Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 25/01/2015 

24/01/2015

Um dia a casa cai


Hoje eu vou contar a história de Natanael, um sujeito arrogante, soberbo, narcisista e que possui o péssimo hábito de falar num tom acima do considerado educado.

Além disso, não conhece a arte de ser simpático e cultivar uma boa relação com os subordinados.

Típico filhinho-de-papai que cresceu mimado tendo todas as suas vontades realizadas e achava que na vida profissional as pessoas abaixo de sua "grandeza" foram feitas para lhe servir, sorrir e admirá-lo.

Natanael, abre seu olho! A vida real é uma selva meu irmão! Ou você se adapta ou cedo ou tarde sua cara de mau não assustará nem uma criança.

Para alcançar o sucesso você precisa de uma equipe forte e alinhada com você. Os aliados entre outras coisas, atuam como combatentes que te defendem e garantem a sua sobrevivência. Ah! Ser educado com as pessoas também ajuda bastante.

Natanael se sentia autossuficiente e ignorava as pessoas ao seu redor. 

Mas essa imponência de Natanael teve vida curta. Minha avó dizia que, quem nunca comeu mel, quando come se lambuza.

Natanael era casado e sua mulher morava em outra cidade. Isso fez ele se sentir ainda mais poderoso em outro campo fora da profissional: o da conquista amorosa!

E foi exatamente nesse campo que Natanael quebrou a cara!

Ele era um galanteador típico e gostava de ir alinhado e perfumado para impressionar as mulheres. Cumprimentava-as com sorrisinhos, piscadinhas de olhos e beijinhos em cada face. Aos olhos dos homens, um autêntico canalha. 

Sua mulher morava em outra cidade e com essa distância, Natanael ficava sozinho e achava que esse álibi era suficiente para ficar imune e se lambuzar sem a vigília da patroa.

Certo dia, ele conheceu uma mulher na cidade e logo se tornaram amantes.

Natanael se sentiu o máximo com essa aventura e ficou cada vez mais gaboso.

O pavão perto dele era um pinto.

Porém, um belo dia, todo aquele céu azul se transformou num manto negro e ocorreu algo inesperado que deixou-o desesperado.

A mulher que Natanael estava se encontrando era casada e além disso possuía um marido extremamente ciumento e violento!

O marido, já desconfiado com as escapadas da esposa, acabou descobrindo o caso e não se conformando com a galhada, resolveu caçar o galanteador em sua cidade para tirar satisfações!

A mulher de Natanael ligou para ele e disse que havia um homem muito nervoso em seu portão, dizendo-se traído e querendo falar com ele a qualquer custo!

E agora Natanael? O que fazer? Você não possui aliados para te ajudar. Possui um cargo de respeito e um marido raivoso querendo te matar!

Natanael não contava com a possibilidade de ser descoberto e essa é uma falha muito comum. A pessoa muito "confiante e otimista" pensa que nada vai dar errado. 

Natanael se desespera e num ato inimaginável chama um subordinado que ele julga ser o mais bobo, fecha a porta e fala:

 - Você tem que me ajudar Hermes! - quase gritando como habitual como se fosse mais uma ordem profissional.

Hermes é um mineiro desconfiado e introspectivo. Está na empresa há muito tempo e ouve aquela "ordem" com atenção.

 - O que você precisa? - perguntou Hermes.

- Quero que você ligue para o marido de uma mulher que conheci nessa cidade e diga que você é meu namorado e que eu sou gay!

Hermes arregala os olhos sem entender direito aquele pedido aloprado.

Uma semana antes, Hermes havia pedido ao seu chefe uma folga não remunerada para visitar seus parentes em Minas e na ocasião Natanael negou o seu pedido e ainda riu dele, por pedir algo tão "absurdo" e contra as normas da empresa.

 - O quê você está me pedindo? - pergunta Hermes.

- Isso mesmo que você ouviu Hermes, você tem que me ajudar! - repete Natanael com a arrogância de sempre, como se tivesse o direito de pedir aquilo.

Hermes nem respondeu, levantou-se constrangido e foi direto ao setor de Recursos Humanos revelar toda aquela história insólita ao gerente.

Natanael foi desligado no dia seguinte por infringir as normas de conduta ética e até hoje ninguém na empresa, além de Hermes, ficou sabendo porque ele foi desligado. 


Alguns segredos nunca são revelados!



Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 24/01/2015

22/01/2015

O cachimbo

Gostaria que você raro leitor, olhasse a imagem abaixo e respondesse para si mesmo o que você vê.




Pensou? O que é isso?

Arriscaria um cachimbo?

Bem, essa imagem é uma pintura famosa de um pintor belga chamado René Magritte. Foi pintado em 1929 e foi dado o nome de "A Traição das Imagens". A frase em francês logo abaixo da pintura significa "Isto não é um cachimbo".

Você concorda com essa frase ou acha que isso é um cachimbo e o autor se enganou?

Não sei se você entendeu a intenção do pintor. A explicação é a seguinte.

Essa é a imagem de algo e não a coisa em si, ou seja a pintura de um cachimbo não é um cachimbo. Simples assim. A medida que enxergamos o quadro até a leitura da legenda, o leitor não tem dúvida que se trata de um cachimbo. 
Concluindo, isso não é o objeto cachimbo. É apenas a sua representação. 

Agora meu nobre leitor, por que estou escrevendo sobre isso? Ou melhor o que você ganha com isso?

Sinceramente? NADA! 

É que eu sempre olhava para essa imagem na mídia, internet ou revistas e ainda não tinha parado para pensar e além disso, qualquer assunto merece espaço no Blog Banal, até um simples cachimbo, mesmo que não seja apreciado, afinal, não vivo disso e escrevo "quase" livremente!



Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 22/01/2014 escrevendo sobre obviedades ao invés de estar protestando contra esse governo corruPTo!

17/01/2015

Legião da Boa Vontade?



Janeiro de 2015, sábado de sol escaldante e seca em Araras. 

Após cuidar das demandas da vida, tomar mais um banho para refrescar e almoçar, finalmente deitei em minha cama debaixo do ventilador para escrever um pouquinho em meu Blog e o telefone tocou.

- Boa tarde, estou falando com o Sr. Alex Gil?

- Sim, sou eu mesmo!

Do outro lado da linha uma voz suave como se fosse uma humilde freira me convida para ajudar as criancinhas que passam fome no Brasil e deseja uma ótima tarde para a minha família e também diz para Deus nos abençoar! (tudo lindinho e fofinho até aqui).

 - Fui direto ao ponto e respondi que não estou interessado em ajudar e assim que terminei a frase, aquela voz antes suave se transformou numa autêntica atendente de telemarketing determinada atingir sua meta do dia.

 - Mas o senhor não se sente incomodado com crianças passando fome enquanto sua família "esteja" (?) muito bem alimentada? - retruca a mulher agora incorporando o "capeta" ou sei lá o quê (sem esquecer de registrar que não acredito em capeta, inferno, céu, cobra falante, nem bondade despretensiosa) !!!

 - Incomodado eu me sinto com você sua invasora de paz alheia! - respondi ao "capeta". :)

Eu me irritei tanto com a pergunta que falei também para ela pedir ajuda à Dilma pois meus impostos estão lá, visto que trabalhamos 150 dias por ano (1º Janeiro a 30 de Maio) para resolver isso também!

A mulher nesse momento se irritou mais ainda e perdeu toda a sua candura inicial e me chamou de ignorante!

Não dava mais para continuar, desliguei o telefone esquecendo de mandar essa vaca, ops, atendente à merda e o faço agora através do meu bloguinho.

Aproveito para registrar também que se você quer fazer caridade faça com suas próprias mãos e recursos, sem a intermediação de terceiros e tome cuidado com esses profissionais da caridade.



Elaborado por Alex Gil Rodrigues no verão de quase 40º C de 17/01/2015. 
Bendito seja todo o ar condicionado e ventiladores da Terra e livrai-me de toda ligação telefônica inconveniente, amém!

O que você faria?




Olá pessoal, estou de volta depois de duas semanas ausente do Blog. Só para constar, eu não estava de férias, apenas dei um tempinho para descansar do mundo virtual. Nesse início de ano, apenas minha família esteve férias.

Recomeço colocando uma questão para pensar. 

Certa vez, li num livro de filosofia de Nigel Warburton uma estória muito interessante que nunca mais esqueci.

Recentemente numa conversa no intervalo do almoço entre amigos, relatei essa estória para saber deles que decisão tomariam frente a situação abaixo. 

Um dia você sai para passear e vê um trem desenfreado indo na direção de cinco trabalhadores. O maquinista está inconsciente, provavelmente por ter sofrido um infarto. 

Se nada for feito, todos morrerão. O trem passará por cima deles, pois está indo rápido demais e não haverá tempo de saírem do caminho. No entanto, há uma esperança. Há uma bifurcação nos trilhos pouco antes de onde os cinco homens, e na outra linha há apenas um trabalhador. Você está bem perto da chave que muda de direção a mate apenas uma trabalhador em vez de cinco. Matar esse homem inocente é a coisa certa a fazer? Em termos de quantidade, claramente é: você salva cinco pessoas e mata apenas uma. Isso maximizaria a felicidade. Para a maioria das pessoas, essa é a coisa certa a fazer. Na vida real, seria muito difícil virar a chave e ver uma pessoas morrer como resultado, mas seria ainda pior não fazer nada e ver nada menos que cinco pessoas serem mortas.

Essa é uma versão de um experimento mental originalmente criado pela filósofa britânica Philipa Foot (1920-2010). Ela estava interessada em saber por que salvar cinco pessoas nos trilhos era aceitável e por que, em outros casos, sacrificar uma pessoa para salvar muitas não era aceitável.

Agora imagine uma pessoas saudável entrando na ala de um hospital. Lá dentro há cinco pessoas que precisam desesperadamente de vários órgãos. Se uma delas não receber um transplante de coração, certamente morrerá. A outra precisa de um fígado, outra de um rim e assim por diante. Seria aceitável matar o paciente saudável e fatiar o corpo dele para fornecer os órgãos para os pacientes? Dificilmente. Ninguém acredita que seria aceitável matar a pessoa saudável, tirar o coração, os pulmões, o fígado, os rins e implantá-los nas outras cinco. No entanto, esse é um caso de sacrificar um para salvar cinco.

Qual a diferença desse caso para o exemplo do trem?

Algumas pessoas diriam que você jamais deveria virar a chave nesse exemplo porque seria o mesmo que "brincar de Deus": decidir quem morre e quem deve viver. A maioria das pessoas, no entanto, acha que você deveria sim virar a chave.

Agora vou embarcar nesse raciocínio e incrementar mais uma situação para você pensar no primeira caso dos trilhos do trem. E se aquele único trabalhador fosse o seu filho, você mudaria a chave para matar as outras cinco pessoas ou ficaria de braços cruzados?


Deixo essas questões para você pensar.


Meus amigos me disseram que deixariam para Deus resolver e você também não faria "nada"?



Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 17/01/2015.

03/01/2015

Deixai toda esperança, ó vós que entrais!



Olá visitante do Blog Banal, você já ouviu falar de Dante Alighieri?

Nunca? Sem problemas, pode ser que esse tipo de assunto não seja interessante para você. Existem muitas coisas que também não tenho interesse.

Só por curiosidade, você seria capaz de arriscar um palpite sobre quem foi essa pessoa?

Seria o nome de um esportista, ator de Hollywood, cantor de funk ostentação ou o novo namorado da Bruna Marquezine?

Estou fazendo essa brincadeira boba aqui no Blog Banal apenas para provocar.

No meio em que vivo Dante é menos conhecido do que Neymar, aquele jogador de futebol (nem precisava falar que ele joga futebol certo?) ou aquela "americana" Gisele Bündchen (Tive até que pesquisar no Google como se escreve o nome correto dessa “famosa”, sem me esquecer de colocar o trema em cima da letra “u”). :)

Hoje em dia, quase ninguém se interessa por isso.

Bem, chega de suspense. Dante para quem não sabe, viveu na Idade Média e foi escritor, poeta, político italiano e escreveu “A Divina Comédia” entre 1304 a 1321 (estimativa). Há muito tempo não é mesmo?

Mas porque estou perguntando isso já que ninguém possui interesse nesse assunto?

A explicação é simples. Aqui no Blog Banal o seu autor exercita sua liberdade negada em alguns campos da vida para escrever o que sentir vontade, mesmo que não seja interesse de ninguém. :)

Conheci apenas uma pessoa em vida (claro que é em vida, não morri!!!) que conhece autores relacionados aos clássicos da literatura. É o meu amigo Luis Vallejo, professor aposentado e autodidata que mora em Barra Mansa/RJ. Trata-se de uma pessoa com a inteligência acima da média, “expert” em muitas áreas do conhecimento humano e amante de músicas clássicas.

Segue o seu Blog:
http://cloneclock.blogspot.com.br/

A propósito, tenho muita admiração por ele ser culto, atencioso e culpado, ou melhor, responsável pelo meu ingresso ao mundo da literatura. Pelas suas mãos recebi o primeiro livro emprestado e não parei mais. 

Tenho que revelar uma pequena curiosidade. A primeira vez que entrei em sua residência, fiquei encantado com sua coleção de livros. Aquilo para mim era uma cena que eu não estava acostumado. Cada parede de seu escritório era ocupada com estantes lotadas de livros (ainda é) e a sala de estar também possuía outra parede com uma estante abarrotada de livros. Aquela atmosfera de conhecimento me despertou uma vontade até então adormecida.

Fui criado numa casa com poucos recursos e os proventos eram direcionados apenas para as necessidades básicas. Os livros da casa eram apenas a bíblia aberta no Salmo 91, que ninguém lia, uma pequena enciclopédia médica e uma coleção de seis livros do ensino médio com a capa dura já que não tínhamos condição financeira de possuir uma Barsa (Acho que os jovens nem sabem o que significa este termo obsoleto chamado Barsa). Se tiverem interesse, clique no Google! :)

Mas voltando ao assunto inicial, porque estou escrevendo sobre Dante? Ah! É que me lembrei, que sempre tive vontade de ler sua obra e mas nunca conseguia porque, não gosto muito de poesias. Acho os versos cansativos e prefiro algo escrito em prosa.

Porém para a minha sorte, no dia 31/12/2014 eu estava na rodoviária de Araras/SP, esperando o ônibus com destino à Campinas, para pegar a viação Cometa e ir à Barra Mansa/RJ passar o ano novo com a família quando resolvi entrar no “Sebo do Neu.




Após garimpar os livros usados (claro é um Sebo), encontrei a “Divina Comédia” de Dante Alighieri adaptada em prosa por apenas R$ 4,00. Uma bagatela! Mais barato do que um hambúrguer de péssima qualidade servido num trailer de lanches existente perto das Casas Bahia da cidade onde moro (mas isso é outro assunto)!

Consegui lê-lo inteiro antes de descer em Barra Mansa. Foram 450 Km com o corpo no ano 2014 e a mente na Idade Média. Uma viagem de 694 anos sentado na confortável poltrona reclinada e com ar condicionado do ônibus Cometa. Quer viagem melhor do que essa?
Não se preocupe se você nunca ouviu falar de Dante. Para a vida prática ele não fez nada de “importante”. Aliás, hoje em dia quase ninguém se interessa por essas coisas. O “importante” em nossa cultura atualmente é ser rico, famoso ou bonito. Essa é a medida de sucesso vigente.

Ter cultura hoje em dia não é o desejo ou prioridade na vida das pessoas.  

Você pode até retrucar: Ah, mas isso é cultura inútil!

Eu te respondo: Ok, você está “serto”, siga o seu caminho, “fassa” mais tatuagens em seu corpo, vá ouvir seu funk e me “deicha” no meu canto.:)

Brincadeira gente, não precisamos ser 8 ou 80. É que aqui no Blog Banal sou um pouco mais ácido e irônico do que o habitual.

Bem, Dante Alighieri foi um sujeito erudito e narigudo que nasceu em Florença em 1265, há 750 anos e foi considerado o “Poeta Máximo” da língua italiana.

A divina comédia é a sua obra-prima e foi escrita entre 1310 a 1321 onde descreve uma visão durante o qual o próprio Dante visita o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, servindo-lhe de guia Virgílio, um dos mais célebres poetas da Antiguidade latina. Virgílio o acompanha no Inferno e no Purgatório. Ao entrar no Paraíso, Dante é conduzido por sua amada Beatrice.

Em A Divina Comédia, Dante estabelece uma hierarquia dos pecados e dos castigos, de acordo com a Igreja de seu tempo (será que a igreja mudou atualmente?).

Imagine esse impacto na mente medieval, detalhando com riqueza a alegoria do Inferno como se o autor estivesse mesmo conhecido cada pedacinho! Se hoje, passados 694 anos ainda conheço pessoas consideradas "modernas" que acreditando no Inferno, como seria naquela época onde as pessoas eram bem ignorantes hein? (eu disse eram?). :)


                                                              

Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 03/01/2015.

01/01/2015

O que é "sucesso" para você?




Terminei o ano de 2014 com a leitura de um livro chamado “A TERCEIRA MEDIDA DO SUCESSO“ de Arianna Huffington.


O título me pareceu chato, mas após lê-lo, me enganei. O primeiro capítulo: "Bem-estar" já vale o livro inteiro e confesso que os outros capítulos não me conquistaram, mas isso não tira o mérito desse livro. 

Você pode até torcer o nariz por esse tipo de livro por puro preconceito, mas leia primeiro antes de concluir. Eu também tinha essa barreira por determinados livros e hoje prefiro colocar o dedo dentro da lata, cheirar e só depois constatar que era estrume mesmo! :) (Caso não tenha entendido essa frase, outro dia conto a origem dessa colocação).

Encontrei esse livro casualmente na Livraria Eureka de Araras e ao folheá-lo não resisti. Eu estava precisando desse tipo de leitura nesse momento de encerramento do ano para reavaliar algumas coisas da minha vida e mudar o rumo para ter mais qualidade, antes que eu morra!

Comprei e o li em 4 dias. Gostei tanto que comprei mais um e presenteei um amigo.

Essa leitura estimula refletirmos sobre as escolhas que fazemos na vida.

Temos aproximadamente 30 mil dias para viver sendo otimista com nossa expectativa de vida.

A maneira como vamos jogar o jogo da vida será determinada por aquilo que valorizamos. Se venerarmos o dinheiro, nunca nos sentiremos realizados de verdade. Se venerarmos poder, reconhecimento e fama, jamais acharemos que temos o suficiente. E se vivermos a vida numa correria frenética, tentando encontrar e economizar tempo, acabaremos exaustos e estressados.

A nossa sociedade nos incentiva a ganhar mais dinheiro e a subir cada vez mais alto na escada do sucesso, mas ela quase não nos estimula a permanecer conectados com nossa essência, a cuidar de nós mesmos, a nos aproximar dos outros, a recuperar a nossa capacidade de admiração, etc. 

A autora é uma mulher muito bem sucedida na carreira e inicia o livro dando seu próprio testemunho de vida. Ela conta que numa manhã de Abril de 2007, jazia no chão do escritório, deitada numa poça de sangue e que ao cair, bateu com a cabeça na quina da escrivaninha, cortando o olho e fraturando o osso da maçã do rosto.

Depois desse colapso, consultou vários médicos, fez vários exames para descobrir o motivo de seu esgotamento físico e depois disso refletir e formular uma série de perguntas sobre o tipo de vida que estava levando, trabalhando 18 horas por dia, mesmo tendo sido apontada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

A partir desse momento ela se questionou sobre o que é sucesso, se essa era a vida que ela queria. De acordo com os indicadores tradicionais de sucesso, que prioriza dinheiro e poder, ela era bem-sucedida. Mas segundo, qualquer definição lúcida de sucesso, a sua vida era um caos e não dava para continuar daquele jeito. Aquele colapso significou o sinal de alerta.

A cultura ocidental do trabalho é movida a estresse, privação de sono e esgotamento. O estresse destrói a saúde, enquanto a privação do sono – que muitos de nós experimentamos ao tentar progredir no trabalho – afeta profundamente a criatividade, a produtividade e a capacidade de tomar decisões, além, é claro dos erros ocorrerem com mais frequência.

Quando incluímos o bem-estar na definição do sucesso, outra coisa muda: nosso relacionamento com o tempo. Parece que nunca temos hora o bastante para tudo o que queremos ou precisamos fazer. 

Cada vez que consultamos o relógio, temos a impressão de que é mais tarde do que pensávamos.
Não vou escrever mais sobre o livro porque vai ficar muito longo esse texto e gostaria apenas de indicá-lo, afinal aqui no Blog Banal, livros é um assunto muito bem-vindo.

Boa leitura a quem se interessar pelo tema.


Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 01/01/2015.