31/12/2016

Que o ano 2017 seja mais leve!



Chegamos ao último dia do ano 2016 e novamente aqui estamos renovando os desejos para uma nova fase. Há quem diga que este momento deve ser ignorado porque a vida será a mesma na segunda-feira. Pode ser, mas um pouquinho de esperança não faz mal a ninguém, além de ser importante para a nossa saúde mental.
Dia desses, estava lendo sobre as comemorações de final de ano e descobri que em algumas cidades da Itália, quando os sinos soam à meia-noite, existe a tradição do povo atirar as panelas velhas e os vasos rachados pelas janelas, para simbolicamente ficar livre de todas as coisas que não servem mais e que a acompanham por toda a vida.
Como sou uma pessoa cética, consultei um contato virtual que mora em Veneza para confirmar essa história (facilidades do mundo moderno!) e ele ainda acrescentou que inclusive é preciso até tomar cuidado quando se anda em certas ruas porque o povo costuma jogar qualquer coisa que esteja quebrada e não sirva mais e não necessariamente as panelas velhas e vasos rachados!
Bem pessoal, deixo essa mensagem a todos para, quem sabe, servir de inspiração para esse novo ano, não necessariamente jogando coisas pela janela, mas de preferência, ficar livre de tudo aquilo que nos aprisiona e torna a nossa vida menos satisfatória. Tenho certeza que todos temos nossas panelas velhas e vasos rachados em nossa mente e este dia, especialmente, pode ser uma boa oportunidade para nos livrarmos desse lixo. Que tal utilizarmos esta data para arremessarmos essa tralha para bem longe da gente ou pelo menos planejar o descarte o mais breve possível?
Então é isso, para finalizar adaptarei uma frase que li nos livros de história que os romanos inscreviam nos túmulos "Sit tibi terra levis", porém com outro sentido:
Que o ANO 2017 SEJA MAIS LEVE!


19/12/2016

A morte da consciência




Não temos nenhuma razão para acreditar que a nossa consciência, alma ou qualquer nome que você queira denominar, continuará depois que morremos. A evidência que temos é que a nossa consciência depende do funcionamento do cérebro e considerando isto, a vida mental acaba com a morte deste cérebro. Simples assim! O resto é sonho e inconformismo com a própria extinção.


30/11/2016

Cheguei aos 30 anos de trabalho na mesma empresa!



Caro leitor, hoje contarei uma história particular com uma foto que possui um significado todo especial para a minha vida.

Quando eu era menino, passava pela calçada da fábrica desta fotografia em preto-e-branco, parava no portão e ficava olhando aí para dentro, exatamente nessa área onde aparece esse caminhão. É claro que o cavalo não é de minha época! 

Com as mãos apoiadas no portão de entrada, eu ficava olhando e admirando as pessoas com uniforme branco, botas, “quepe” na cabeça igual “soldado” e pensava: Quando crescer vou trabalhar nessa fábrica!

Ali onde está encostado o caminhão era a Recepção de Leite com seu teto construído em formato de abóboda, inventado pelos povos mesopotâmicos e difundidos pelo império romano (fonte Wikipédia). Em frente ao cavalo situava-se a janela do Laboratório. Logo atrás da Recepção de Leite, se vê as duas chaminés das Caldeiras, sendo uma de tijolinho e outra de metal. Aquela construção lá no alto do morro era o tratamento de água da cidade.

Quando completei 19 anos consegui realizar esse sonho e comecei a trabalhar nessa fábrica no dia 1º de dezembro de 1986 e fui muito feliz na minha carreira profissional.

O tempo passou e em 2009 tive a missão de ser o último colaborador dessa fábrica, pois as atividades desta unidade seriam transferidas para outro estado. 

Não foi fácil ser o último a apagar a luz do Escritório Técnico até chegar ao ponto de não ter mais ninguém para me despedir...

Todos meus colegas e amigos foram partindo aos poucos até que me vi só, ocupando uma sala, sem nenhum “colaborador” para falar “bom dia e até amanhã”...Tudo estava desligado e desértico. 

Andava pelos corredores e o silêncio gritava nos meus ouvidos. 

O último dia foi o mais difícil de toda a minha vida profissional. O relógio marcava 17:30h quando desci os dois lances de escada, caminhei pelo corredor e fiquei parado na portaria, naquele mesmo portão que um dia quando menino ficou olhando para dentro da fábrica para dar a última olhada! 

Foram momentos de muita tristeza observar essa mesma área que vemos nessa foto. Senti um nó na garganta e parti definitivamente, deixando para trás e para sempre a segunda fábrica Nestlé no Brasil, minha primeira escola profissional, a minha segunda casa, sonhos, amigos e 24 anos de história. Felizmente o tempo passou, as lágrimas secaram e o sol voltou a brilhar!


Hoje tenho 50 anos de idade e aproveito este dia para registrar que nesta data, 1º de dezembro de 2016, completei 30 anos de trabalho na mesma fábrica, um fato inédito nos dias atuais, porém em outra cidade (Araras-SP). Não tenho vergonha ou necessidade nenhuma de demagogia para registrar que essa empresa é a minha segunda "família" e onde passei a maior e melhor parte da minha vida.

Entrei solteiro, casei e tive filhos trabalhando na mesma empresa, tenho muito orgulho disso e pretendo ficar por muito tempo!

Os jovens podem até julgar estranho um profissional ficar tanto tempo na mesma empresa, dada a velocidade, ansiedade e insatisfação que a atual geração carrega, mas olhe, preciso dizê-los uma coisa: Para mim, esse tempo não foi um fardo como muitos podem considerar, pelo contrário, depois de 30 anos posso atestar que a chave para uma vida profissional ética e satisfatória é ter muita boa vontade, humildade, honestidade, querer aprender todos os dias, respeitar o outro e sempre dar o melhor de si. Agindo assim, as nuvens e as dificuldades ficam para trás até que um dia olhamos orgulhosos e recompensados, com a certeza de que a luta valeu e que as tristezas inevitáveis e dissabores serviram de aprendizados e fortalecimento.

Queria dizer também que o prazer de trabalhar não se encontra atrás dos muros, marcas, produtos ou portões de outras empresas. Essa busca está bem mais perto do que imaginamos e essa energia que nos move e impulsiona, junto com a satisfação de realizar um trabalho bem feito está dentro da gente e quem não consegue perceber isso, infelizmente não encontrará em lugar nenhum, por mais que procure.

Obrigado pelos amigos de Araras que me receberam muito bem e também pela oportunidade de trabalhar com todos por tanto tempo!

03/11/2016

James Taylor - You've Got A Friend (Live HD) Legendado em PT- BR


Lembro dessa música quando eu ainda era solteiro e estava de olhos fechados e deitado no safá da minha casa enquanto a a televisão estava ligada. Eu tinha apenas 20 anos, o ano era 1986 e o evento se chamava Rock in Rio. O tempo passou e isso ficou na lembrança.

Alex


02/11/2016

Dia de finados antigamente



Hoje é feriado de 2 de novembro e acordei lembrando do significado desta data.

O tempo passa e os costumes também se modificam... ainda bem!

Quando eu era criança, neste feriado, havia o costume das pessoas se reunirem no cemitério em volta do túmulo da família ou algum conhecido para conversarem e passar o tempo. Era uma espécie de tributo para quem não sabe que está sendo homenageado! Atualmente eu não sei se isso ainda ocorre, pois aquelas pessoas que possuíam esse costume em nossa família também estão dentro dos túmulos e logicamente nem desconfiam que estão mortas.

Eram horas intermináveis de conversa entre os adultos e eu ficava ali quieto tipo um vaso, debaixo do sol, esperando o ritual terminar para voltar à minha casa e repetir essa história no ano seguinte. Esses encontros pareciam uma sala de estar ao lado do túmulo, onde parte da família se encontrava uma vez por ano, sem precisar ir à casa do outro.

Hoje eu não faria isso em hipótese alguma, mas naquela época esse encontro era normal e as pessoas não pareciam aborrecidas.

Lembro também que havia uma preparação do cemitério, como se fosse uma festa, para este dia especial. A prefeitura cortava as árvores, pintava as grades, varria o chão e as famílias pagavam os coveiros para limpar ou pintar os túmulos. Normalmente se utilizava tinta de baixa qualidade com corante ou apenas pintura a base de cal, pois o dinheiro era pouco e minguado.

Do lado de fora do cemitério de Barra Mansa, minha cidade natal, havia um comércio frenético de flores, frutas e velas. Na parte interna, o povo se movimentava entre os túmulos sob o calor habitual do mês de novembro! Havia um espaço chamado cruzeiro onde as pessoas acendiam muitas velas e tornava aquele "espetáculo" deprimente. No ar, uma mistura de cheiro de vela queimada, suor e calor! Triste momento!

Enfim! Quem bom que isso ficou para trás e hoje não preciso mais participar desse ritual enfadonho e nada saudoso!

Hoje este feriado significa dia de descanso. A gratidão, a saudade e os sentimentos que possuo pelas pessoas que prezei e não existem mais, permanecem guardados silenciosamente em minha memória, sem necessidade ou obrigação de estar presente ao lado do túmulo que um dia "descansarei" implacavelmente.



23/10/2016

Por que escrever?


Estou há um bom tempo sem escrever. Acho que estou vivendo uma espécie de ressaca, mas sei que essa fase também passará, como tudo na vida. Ainda sinto prazer em rascunhar por aqui alguns pensamentos. Antigamente eu compartilhava o meu Blog na rede social mas percebi que os meus textos não despertavam interesse e por isso, deixei de divulgar, mas nunca perdi o interesse em escrever minhas bobagens.

Dizem que escrevemos por vários motivos:

- Para buscar um sentido na vida
- Para nos sentirmos vivos
- Para deixarmos algo para a posteridade
- Para tentarmos mudar o mundo

É claro que os motivos não se encerram nestes quatro exemplos citados e também não estou com vontade de prolongar. Escrevo porque sinto prazer e também para deixar algo quando eu não mais existir, mesmo sabendo que o que deixo aqui poderá não ter valor para ninguém. Por ora, contento-me em escrever apenas para mim, o que já é um bom motivo.


Bem, por hoje é só!


27/09/2016

O travesseiro no divã


O travesseiro é o divã da existência.
Existem noites em que a angústia precede o sono.
Nessas horas o pensamento perde a razão e você pensa:
Quem não nasce, não sofre e nada mais abala.
Morrer é necessário pois a vida também cansa!
E tem gente querendo a vida eterna.
Que tolice!
Uma vida é mais do que suficiente.
Quero ter o direito de ser o que eu não era antes de nascer ou seja, nada!
A maior parte do tempo eu não era nada.
Nunca reclamamos por não ter existido!
A inexistência nos livra absolutamente de tudo.


Alex Gil Rodrigues



27/08/2016

Aproveitar a vida




Tempos atrás, publiquei uma recomendação sobre um antigo filme chamado "Sociedade dos Poetas Mortos" e citei que escreveria algo mais sobre a frase "aproveitar a vida".

Quando somos mais jovens temos uma vontade louca para "aproveitar a vida". No filme Sociedade dos Poetas Mortos a palavra de ordem era "Carpe Diem", aproveite o dia.

Assisti este filme com 23 anos e tinha uma vida inteira pela frente. Tudo era possível naquela época. Assim pensam todos os jovens... Hoje, certamente assistiria o filme de uma forma diferente, com mais serenidade e menos expectativas. 

Os anos se passaram e ainda não "aproveitei" a vida conforme o filme sugere. É claro que tive excelentes momentos e nem teria o direito de reclamar, pois tenho uma vida satisfatória e consegui ter uma vida digna. Minhas reclamações são injustas sobre a vida, reconheço. Somos assim! 

Acho também que esse "aproveitar" é muito relativo. No final das contas, trabalhamos muito mais do que "aproveitamos" e ficamos espremidos entre o trabalho, o descanso para trabalhar mais, a manutenção da vida, da casa, do carro, da resolução dos problemas de toda ordem, da luta diária e sobra muito pouco para esse tal de "aproveite a vida". 

Gostaria imensamente de saber a receita de, além de aproveitar a vida, como "tornar a vida extraordinária", como o filme sugere!!! 

Enquanto não descubro, sou ciente que somos poeiras inconformadas com a mortalidade que luta contra o tempo e o enfado até o último suspiro. 

Pensando bem, acho que a vida é assim mesmo. Poderia ser pior. Não posso reclamar. 

Minha vida até que é boa! O chato é apenas a rotina e o modo automático. 

Acho que o segredo é não criar expectativas demais... Pensar assim depois de velho é mais fácil né! 

Até a próxima! Por hoje é isso. 


24/08/2016

Festa do Peão! Eu tive coragem de ir!



Estou de volta ao Blog para registrar as minhas banalidades.
Semana retrasada fui pela primeira vez à uma "Festa de Peão" na cidade de Araras!

Os jovens devem achar que vivo em outro planeta para nunca ter ido, mas a verdade é que este gênero musical não me agrada.

Essa festa ocorre anualmente num local bem espaçoso chamado "Parque Ecológico de Araras". Embora esteja morando nesta cidade há mais de 7 anos, nunca tive a curiosidade de conhecer a tal festa e seus rodeios tão famosos na região.
Como este ano coincidiu de meus parentes virem passar alguns dias em nossa casa e queriam ir ao show de uma desconhecida dupla (pelo menos para mim que vive em outro planeta) chamada "Munhoz e Mariano". Haviam ingressos para o área VIP, Camarote, Pista e Arquibancadas. Pagamos R$ 40,00 cada pessoa e ficamos na arquibancada na hora do Show.

Antes disso, vou contar como é a chegada e o ambiente.
O show ocorreu no domingo 14/08/2016 e como segunda-feira foi feriado (aniversário da cidade de Araras) não tivemos problemas em ficar até tarde.
Chegamos por volta das 23:00 h e pelo lado de fora, grande movimentação de carros à procura de estacionamentos e gente aglomerada nos portões de entrada. Haviam vários estacionamentos entorno da festa. Os valores variavam ente R$20,00 a R$30,00. 
Pelo lado de fora, forte esquema de segurança com policiais militares e guardas municipais.
Entramos na fila e logo que nosso ingresso foi validado por um leitor de código de barras, haviam policiais (homens e mulheres) que revistavam o corpo de todos os convidados com as mãos, à procura de alguma arma ou drogas.
O ambiente era bem amplo e possuía uma grande área coberta e bem iluminada destinada a venda de bebidas, lanches e doces. O preço era "salgado" e para exemplificar, um copo de caipirinha de diversos sabores custava entre R$20,00 a R$25,00. O preço do chopp era R$ 10,00 e a cerveja em lata R$5,00. A única opção para cerveja era Bavária, argh!!!

Andamos pelos vários ambientes enquanto o show não começava. Fomos para a arena principal onde aconteceria o show e nos acomodamos na arquibancada. O som era extremamente alto! Havia um locutor que berrava ao microfone de uma forma agressiva e eu percebia que as pessoas gostavam. Ele narrava uma competição onde uma pessoa montada num cavalo deveria percorrer no menor tempo possível pelos pontos da arena marcados com tambores e chegar ao ponto de partida. No final de cada prova chata havia um grande painel onde se divulgava a nota de cada concorrente.
Havia uma excitação exagerada do locutor e aquilo parecia normal. Terminada a prova e divulgado o campeão, foi a vez dos bois. De tempo em tempo, o portão era aberto e aparecia um touro tentando derrubar a pessoa que estava montada em suas costas. Não conheço as regras mas parece que o competidor devia ficar o máximo possível em cima do touro e se conseguisse ficar 8 segundos sem cair, soava uma sirene. Bem, acho que foi isso que entendi da diversão. Não me diverti também!

Terminado o rodeio, o tal locutor chato berrava ao microfone enaltecendo a coragem, a tradição e a proteção da santa Aparecida.
Depois disso, finalmente começou o show. O som era muito alto e me incomodava bastante. Eles cantavam rebolando e as jovens gostavam. Reparei que o público conhecia todas as letras e acompanhava as músicas cantando junto com e balançando os braços. Eu achava aquilo tudo muito estranho pois não conhecia nenhuma música e me sentia bem desanimado... De onde todo aquele povo ouviu aquelas músicas?
Muitos dançavam juntos enquanto a música alta invadia os tímpanos... Colocavam os braços para cima e bebiam... Pareciam extasiados e alegres. Eu não estava alegre e torcendo para a hora passar. Acho que eu deveria ter bebido também para suportar melhor o tédio mas nem para isso eu estava animado! Espero não ter que ir tão cedo num evento como este! Prefiro uma mesa com boa comida, cerveja gelada ou caipirinha, conversar e... depois dormir numa cama aconchegante!


Obs: Nem revisei esse texto! Ando meio desanimado para escrever e se demorasse mais um pouco desanimava até de publicar! 



13/08/2016

Estranhos que se dizem bom dia


Trabalhavam na mesma empresa.
Todos os dias, caminhavam em direção oposta pelo mesmo corredor.

Nunca conversavam!
Repetiam esse ato por anos a fio.
Aproximavam-se de cabeça baixa e pronunciavam:
- Bom dia!
Dependendo do estado de humor e das circunstâncias, davam um sorriso forçado para simular simpatia.
Eram estranhos que se cumprimentavam!
Passar quieto perto do outro era considerado falta de educação.
Eles nem sabiam o nome um do outro, mas fingiam se conhecerem.
Usavam o mesmo tom de voz e a mesma cara de amigo, embora evitassem qualquer contato visual.
Um dia, a empresa onde trabalhavam implantou um programa para integrar seus funcionários.

A norma estabelecia era que todos deveriam sentar com pessoas cujos contatos eram raros e, como todos que possuem juízo, normas nunca devem ser questionadas, apenas cumpridas!
No dia estabelecido, tiveram que almoçar juntos por força dessa circunstância.
No dia marcado estavam apenas os dois sentados na mesma mesa para almoçar.
O silêncio era constrangedor.
Mal se olhavam e nem tinham assunto.
Aliás não sentiam nenhuma vontade de falar um com o outro.
Estavam próximos e entediados com a presença do outro, mas normas, são normas!
Um fez cara de preocupação e olhou para o prato como se fosse um médico cirurgião diante de corpo aberto.

O outro olhava para o teto como contemplando o teto como se fosse um imenso céu.
Nem sentiam o gosto da comida lançada em direção às suas bocas.
O ponteiro do relógio parecia paralisado.
Finalmente um tomou a decisão de se levantar, pediu licença e foi embora com seu prato ainda cheio.


No dia seguinte novamente se encontraram de passagem pelo corredor e sorridentes pronunciaram:
- Bom dia!

Humanos são seres educados!

17/07/2016

Silêncio forçado


É hora de silenciar-se para sobreviver.
Quando a hesitação predomina, oportunistas sentem o cheiro da presa e assumem o controle como raposas sedentas pelo poder.

05/07/2016

A lenda de Lady Godiva



"Mulheres que buscam ser iguais ao homem têm falta de ambição" (Timothy Leary)


Quando eu tinha 21 anos em 1987, havia uma música chamada Kátia Flávia muito tocada no rádio chamada "A Godiva de Irajá" do cantor Fausto Fawcett e eu nunca tive a curiosidade de saber quem era "Godiva". Em tempo, a música, bem bobinha por sinal, contava a história de uma moça chamada Kátia Flávia, a "Godiva do Irajá" que roubou o carro da polícia civil numa linguagem cheia de gírias, cuja história se passa em Irajá, um bairro do Rio de Janeiro...

Somente agora descobri que Godiva é personagem de uma lenda praticamente desconhecida e que não vai te acrescentar nada, mas mesmo assim gostaria de deixar registrado a lenda estória de Lady Godiva. Lembre-se que isso é lenda! Chamo a atenção para este ponto porque hoje é muito comum as pessoas considerarem lenda como realidade!

Conta a lenda que havia um vila chamada Coventry. Um homem chamado Leofric era um importante funcionário do governo cuja atribuição era determinar a maneira como os impostos eram cobrados dos moradores do local. 

Godiva era a dedicada esposa de Leofric. Ela era também, uma experiente amazona. Tinha também, apurado gosto por festas, artes e conhecimento. 

Nos seus passeios equestres foi conhecendo melhor a vida dos camponeses e teve pena da sua existência miserável. 

E foi desta forma que percebeu que a maior parte da vida destas pessoas era dedicada ao esforço para conseguirem o seu sustento, algo para vestir e formas de se protegerem sob um teto. Antes de perceber essa dura realidade, Godiva tentou levar às massas o gosto pela beleza e pela arte, sem muito sucesso, através da abadia que fundara com o marido. 

Como se não bastasse todos os problemas dos camponeses, os impostos cobrados por Leofric eram absurdamente altos. Eram colocados sobre tudo o que ele pensasse, chegando ao ponto de existir mesmo um imposto sobre o estrume vendido e usado nos campos. 

Godiva decidiu então que os impostos teriam de baixar para melhorar a vida dos camponeses e para lhes proporcionar o acesso às artes. Mas a conversa que teve com o marido acerca do assunto não correu muito bem e ele não aceitou a idéia. E ainda, para castigar a mulher, decretou um imposto sobre todas as obras de arte, a maior parte pertencente a Godiva. 

Godiva, no entanto, continuou a insistir veementemente para que o marido abaixasse os impostos. Leofric, já sem paciência, sugeriu a mulher um acordo, imaginando que ela jamais aceitaria. Disse-lhe que se cavalgasse inteiramente nua por toda a vila, então ele não apenas atenderia ao seu pedido, como retiraria todos os impostos já existentes. 

Para a surpresa de Leofric sua esposa aceitou o desafio. Foi marcada uma data para o evento. 

O dia chegou e Godiva cumpriu sua promessa. Enquanto cavalgava inteiramente nua pelas ruas de Coventry, toda a população permaneceu trancada em casa, com portas e janelas fechadas, em respeito à Godiva. 

Apenas um homem se atreveu a observar Godiva. Diz a lenda que ele teria ficado cego no mesmo instante. 

E assim os impostos foram retirados! Leofric cumpriu sua palavra, reconhecendo a coragem e os esforços de sua esposa Lady Godiva. 

Nota do autor: Nem sei porque desejei publicar essa lenda! Caro leitor, isso não vai te tornar melhor mas vai aumentar a sua cultura! kkk...já que está fica! 


04/07/2016

Você é justo?



Adoro essa frase atribuída à Sêneca e faço a seguinte pergunta?

Você já julgou alguém sem ouvir os dois lados ou foi julgado sem ser ouvido?

Somos julgados o tempo todo... O chato é quando não temos oportunidade de nos defender e pior ainda é se você está numa situação onde o seu futuro é decidido entre paredes e a sua voz ignorada. Neste caso, fica apenas a versão daquele que possui a possibilidade de falar e julgar!

Este, infelizmente, é um risco que todos correm. Não ter a oportunidade de demonstrar a sua versão é injusto! Espero sempre ter a oportunidade de falar a minha versão.


03/07/2016

A lenda do café


Ano passado, participei da fase final de um projeto de café denominado Kaldi. A história desse nome é bem interessante e por isso, compartilho aqui no Diário Banal.

Não há evidência real sobre a descoberta do café, mas há muitas lendas que relatam sua possível origem.

Uma das mais aceitas e divulgadas é a do pastor Kaldi, que viveu na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos. Ela conta que Kaldi, observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio.

O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivação, e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vários quilômetros por subidas infindáveis.

Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério. Ele começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os monastérios, criando uma demanda pela bebida. As evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos no Yemen.

A planta de café é originária da Etiópia, centro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. Foi a Arábia a responsável pela propagação da cultura do café. O nome café não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no século XIV. 

Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Yêmen, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser cultivado. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos. 

O café tornou-se de grande importância para os Árabes, que tinham completo controle sobre o cultivo e preparação da bebida. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves pelos árabes. Era proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações, e os árabes protegiam as mudas com a própria vida. A semente de café fora do pergaminho não brota, portanto, somente nessas condições as sementes podiam deixar o país.

A partir de 1615 o café começou a ser saboreado no Continente Europeu, trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao oriente. Até o século XVII, somente os árabes produziam café. Alemães, franceses e italianos procuravam desesperadamente uma maneira de desenvolver o plantio em suas colônias. 

Mas foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botânico de Amsterdã, fato que tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente, passando a fazer parte definitiva dos hábitos dos europeus. 

A partir destas plantas, os holandeses iniciaram em 1699, plantios experimentais em Java. Essa experiência de sucesso trouxe lucro, encorajando outros países a tentar o mesmo. A Europa maravilhava-se com o cafeeiro como planta decorativa, enquanto os holandeses ampliavam o cultivo para Sumatra, e os franceses, presenteados com um pé de café pelo burgomestre de Amsterdã, iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon. 

Com as experiências holandesa e francesa, o cultivo de café foi levado para outras colônias européias. O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expansão do plantio de café em países africanos e a sua chegada ao Novo Mundo. Pelas mãos dos colonizadores europeus, o café chegou ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas. Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil. Desta maneira, o segredo dos árabes se espalhou por todos os cantos do mundo. 




02/07/2016

O ronco idiota da moto!


Acho que todos temos pequenas implicâncias no dia-dia e inclusive já confessei algumas aqui no Diário Banal.

A implicância de hoje é com aquele motoqueiro que surge do nada e acelera sua moto possante com exagero e sem necessidade, mesmo em locais de trânsito lento. Note que não são aquelas aceleradas suaves para manter a moto ligada, até porque motos com a manutenção em dia não necessitam dessa ação. São agressões à paz interior e do ambiente. Já que existe lei para tudo nesse país, acho que deveria existir também com esse comportamento.

Eu sempre me assusto com esses roncos deliberados provocados por esses pavões do asfalto carentes por atenção e narcisismo exacerbado.

Já ouvi de um amigo motociclista que o ronco alto do motor dá muito prazer ao seu dono! 

Ah! então é isso? Porque não vão para a pista terem o seu prazer longe das pessoas. Minhas desculpas aos amigos motoqueiros mas agindo assim, parecem idiotas sem educação que não se importam com os outros e querem chamar a atenção a qualquer custo enquanto passam. Acho que esse tipo de gente sente muita necessidade de demonstrar o seu "rabo de pavão" colorido aos outros!





28/06/2016

Meu filho, aprendiz da vida!



Esta semana fiquei muito feliz e foi por um motivo muito especial! 

Meu filho foi admitido ontem, 27 de Junho de 2016 numa indústria alimentícia! 

Escrevo isso com orgulho e conhecimento de causa, afinal dediquei, ou melhor, continuo dedicando a minha vida profissional há 31 anos nesta mesma corporação

Meu filho ingressou como aprendiz e também está muito feliz por essa primeira oportunidade de ouro. 

Por coincidência, eu também entrei com 19 anos, mas numa situação bem mais desfavorável, afinal, eu não tive um pai que me orientasse como me comportar num ambiente profissional, porque ele morreu quando eu tinha 14 anos, deixando minha mãe viúva com 3 filhos... Mas mesmo assim, com com muita força de vontade e dedicação consegui superar todos os desafios. 

Parabéns Rodrigo, por iniciar seu primeiro emprego através de seu próprio mérito, na mesma empresa onde seu pai construiu sua trajetória profissional e fique sabendo que estarei sempre aqui te orientando para que você desempenhe a sua função com eficiência, ética, honestidade, boa vontade, educação, atenção, disponibilidade, interesse em aprender e respeitar o seu líder, os mais velhos e todos que cruzarem pelo seu caminho, lembrando sempre que ninguém vence sozinho!

Sua jornada será longa mas pode ter certeza de que valerá a pena. Siga em frente com honestidade, respeito e jamais interrompa seus estudos ou desanime pelas pedras ou chuvas que certamente surgirão (em qualquer lugar ou momento da vida). Essa condição será parte fundamental de seu aprendizado e seu aperfeiçoamento, como homem e profissional. 

Abraços meu querido filho e desculpe por seu "velho" pai expor essa felicidade em público. Não poderia deixar de registrar um momento tão importante, mesmo sabendo que você é uma pessoa discreta e preferir evitar esse tipo de manifestação. Não consegui conter a minha alegria e orgulho por essa etapa de sua vida!


Esse é o meu querido filho em sua igreja!

25/06/2016

Jacutinga, queijo e café.

 

Hoje acordei cedo e fui à Jacutinga, uma cidade mineira conhecida pelo forte comércio de malhas e tricots que fica distante 107 km de Araras-SP, onde moro atualmente.

O céu estava azul com temperatura em torno de 12ºC nas primeiras horas e esquentando bastante com a passagem do tempo a ponto de precisar ligar o ar condicionado quando retornei à minha casa. 

Muitos lojistas e sacoleiros de várias cidades compram ao atacado para vender ao dobro do preço em suas regiões. 

Finalmente depois de uns 5 anos sem precisar de nada para o frio, tive que comprar algumas coisas para a estação. 

Missão cumprida! Além do passeio e das compras de roupas de inverno, comprei um apetitoso queijo meia cura e pó de café moído naquela boa terra. O aroma delicioso do café nos acompanhou no carro durante toda a viagem enquanto aguçava nossa vontade e pressa de chegar logo em casa. 

Carro na garagem e finalmente pudemos saborear aquele café maravilhoso com cheiro e gosto de café, além de degustar um queijo com gosto de queijo! Parece óbvio mas aqui em minha região isso não é possível apreciar, infelizmente. 

Queijo e café: Duas coisas simples que tornam a vida mais agradável! 

23/06/2016

Noite feliz!



A noite silenciosa foi interrompida pelo trovão e o ruído da chuva. Acordo assustado e procuro o celular para consultar as horas. Era perto das 4:00 h e fico aliviado ao saber que ainda tenho mais 2 horas para dormir. Nenhum latido de cão. Apenas o barulho dos pingos nas telhas. Adormeço feliz e torcendo que o tempo seja eterno no aconchego da cama quente.


22/06/2016

Fígado gordo. Só me faltava essa!



Na virada deste ano, ao invés de relacionar os desejos para o ano novo como faz a maioria das pessoas, resolvi fazer diferente e registrei aqui no diário banal as coisas que eu jamais faria no ano novo que se iniciava.

Pois bem, chegamos na metade deste ano e confesso que resolvi quebrar uma das "promessas", mas por uma boa razão. 

Tudo começou quando eu percebi uma dor de cabeça constante e que mesmo tomando dipirona sódica a dor não passava!

Resolvi procurar um médico, que após analisar o exame de sangue constatou que estou com o fígado gordo. Eu nem sabia que o fígado engordava! O nome técnico dessa condição é esteatose hepática. Nada grave, desde que se cuide. 

Diante disso, para que as minhas bilirrubinas retornem aos níveis aceitáveis e o meu fígado fique magrinho, tenho que fazer apenas duas coisas: dieta e exercícios. 

Confesso que eu estava sem fazer exercícios desde dezembro e passei a comer de tudo que sentia vontade e... engordei!

Eu até poderia caminhar à noite e andar de bicicleta nos finais de semanas, mas com esse frio intenso não dá né!

Bem, para resolver esse impasse, fui até uma boa academia da cidade, matriculei-me e estou frequentando todas as noites. Estou conseguindo! Quando coloco algo na minha cabeça ninguém tira. Sou teimoso até comigo. Chego lá com frio e saio pingando de suor!

Paralelo a isso, elaborei um pacote completo de "sofrimento" eliminando pão, massas, refrigerante, fritura e gordura. O benefício é que após uma semana com este propósito não senti mais nenhuma dor de cabeça. 

Além disso , estou tomando também o tal óleo de cártamo que o farmacêutico disse que ajuda, mas não tenho tanta certeza assim de seu efeito. Esse pessoal fala qualquer coisa para vender... Informei-me que é um óleo parecido com o azeite de oliva, parente do girassol...acho que não vai fazer mal. Espero!

Para ajudar a quebrar o meu hábito alimentar, assisti vários vídeos no YouTube para fazer-me uma auto lavagem cerebral sobre saúde, nutrição e emagrecimento e me deparei com um tal de Lair Ribeiro. Pense num sujeito falastrão, bom de mídia e marqueteiro. Então esse é o cara. Ele se apresenta como cardiologista e nutrólogo, mas lembra muito aquele pastor Silas Malafaia. Ele tem toda a pinta de um pastor! Ele diz também já escreveu mais de 200 livros, lecionou nos Estados Unidos, mestre disso, daquilo, com vários diplomas, blá blá blá... nunca vi tanta auto promoção!

Então, o cara é xarope, mas apesar disso falou algumas coisas interessantes sobre o veneno que é o refrigerante, o adoçante, o óleo de canola e até a água de garrafa! 

Apesar desse perfil duvidoso, gostei demais de uma frase que ele disse e compartilharei, pois achei achei bem pertinente:

"Aquele que não tem tempo para cuidar da saúde vai ter que arrumar tempo para cuidar da doença."

Nesse ponto ele tem razão!

Bem visitante, fico por aqui e segue o link dos desejos de final de ano que mencionei no início dessa publicação:



21/06/2016

Expectativa de vida em 2016




Parece que "papai-do-céu" atualizou seus KPIs referentes a expectativa de vida do planeta Terra. O continente Africano continua com os menores índices, sendo Sierra Leone (50.1 anos) e o Japão a maior longevidade (83,7 anos)! 

Segue o link caso tenha curiosidade. Passe o mouse sobre os países e gráficos e veja que interessante.


Expectativa de vida no mundo aumenta 5 anos entre 2000 e 2015

É o maior crescimento desde os anos 60, segundo OMS.

Japão, com expectativa de 83,7 anos, lidera. Suíça é 2º, com 83,4 anos.

A expectativa média de vida no mundo aumentou 5 anos entre 2000 e 2015, o maior crescimento desde os anos 60, e agora a média de vida global se situa em 71,4 anos, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).


20/06/2016

Inimigo do conhecimento




Como Hawking disse, o maior inimigo do conhecimento não é ignorância, mas a ilusão do conhecimento. Pessoas saem de dentro das igrejas pensando saber tudo o que um físico, biólogo e os demais cientistas passam a vida tentando entender!


19/06/2016

Acordar sem relógio


Hoje o relógio não despertou e mesmo assim acordei cedo!
Despertar "naturalmente" todos os dias é um luxo reservado apenas aos sábados, domingos e feriados.
Uma vida inteira acordando cedo e saindo da cama à força.
Nos dias comuns, quando faltam alguns minutos para o celular despertar, a mente e o corpo ficam na expectativa e a cama mais agradável!
Depois desse momento crítico, um banho quente e um café-com-leite restabelecem o equilíbrio e a vida segue melhor.
Ainda bem! Caso contrário poderia até julgar que o sono eterno fosse melhor do que viver!


18/06/2016

Frio intenso em Araras



Nunca senti tanto frio em minha vida quanto esta semana aqui em Araras-SP. Amanhecemos por duas semanas com temperaturas abaixo de 10ºC!!!

Aliás este é um fenômeno que está atingindo quase todo o Brasil com exceção do nordeste e norte do país, como habitual.

Sair de casa cedo para trabalhar tem sido um sofrimento... A cidade de Araras tradicionalmente é muito quente a maior parte do ano, mas dessa vez me surpreendeu. 

Quando eu passava perto de um condomínio cujas casas possuíam lareiras, eu achava essa instalação inútil, mas juro que depois dessa semana tenebrosa irei rever o meu conceito. 

Acho que se um dia eu tiver dinheiro para construir uma boa casa, instalarei uma lareira, mesmo que seja para utilizar poucas vezes no ano porque quando precisamos é que descobrimos o seu valor.


17/06/2016

Aposentadoria Vanderlei Lacerda




Hoje foi a despedida de um antigo colega de trabalho. Apesar de tímido, senti que deveria falar alguma coisa para ele durante a sua homenagem no auditório da fábrica onde trabalhamos. Tive que vencer essa minha limitação e me expor em público! Para registro desse momento, rascunhei as palavras abaixo e o dediquei em seu último dia de trabalho mais ou menos assim:

Por obra do acaso, percorremos o mesmo caminho há muito tempo. 
Nascemos em Barra Mansa. 
Vanderlei é filho de um leiteiro e eu de uma viúva. 
Conheci o Vanderlei quando estudávamos no SENAI. 
Éramos garotos e tínhamos 16 anos. 
O Vanderlei era magro, seus cabelos eram pretos, mas com esses mesmos olhos arregalados que vocês conhecem! 
Ele estudava Tornearia Mecânica e eu o curso de Fresador Industrial. 
Terminamos o SENAI e quando e cada um seguiu seu caminho. Só que não! Para usar uma frase dos jovens. 
Assim que saí do SENAI, resolvi trabalhar numa oficina de usinagem chamada ESFIL, uma oficina que ficava em meu bairro sem muita estrutura. Uma oficina sem banheiro, sem refeitório, sem café, sem sabão para lavar as mãos, sem EPI e principalmente, SEM FUTURO. 
E lá encontrei o Vanderlei mais uma vez! Ele trabalhava num torno mecânico antigo e eu numa velha fresa. Aquilo não era vida, mas era o melhor que tínhamos. Foi ali que tivemos a primeira oportunidade e sou grato até hoje por ter iniciado naquelas condições. Com a dificuldade aprendemos a dar mais valor na vida. 
Paralelo ao trabalho na oficina resolvi fazer o curso de desenho técnico no colégio Verbo Divino, um dos melhores cursos da região da época... lembro até hoje do professor Koiti Teresaki. E, para minha surpresa lá estava o Vanderlei novamente também fazendo o mesmo curso. 
Formamos em anos diferentes, mas sempre seguindo a mesma estrada. 
Até que em 1985 entrei na Nestlé de Barra Mansa como desenhista com 19 anos. Passaram dois anos e em 1987 lá estava o Vanderlei com seu olho arregalado! 
O Vanderlei foi para a oficina mecânica, sua paixão e eu fui para o Escritório Técnico. 
A fábrica de Barra Mansa funcionava como uma família. Só quem trabalhou lá sabe do que eu estou falando. O Tairo é testemunha disso porque trabalhou e sofreu com a gente lá. Nossa fábrica quase não tinha investimento, mas possuía uma outra riqueza que o dinheiro não compra: a amizade, o companheirismo e o trabalho em equipe. 
Existia uma competição muito grande com a fábrica de Araras. Araras sempre foi uma sombra para a nossa fábrica, mas isso foi legal porque havia uma competição saudável para conseguirmos números iguais ou melhores que Araras. 
Era uma competição saudável semelhante àquela existente entre irmãos querendo superar ao outro. 
Bem o tempo passou e a história de Barra Mansa não teve um final feliz e em 2007 recebemos a pior notícia de nossa vida profissional. 
Vivemos o momento mais dramático de nossa carreira que deixariam marcas para sempre. 
Lugar nenhum se aprende, estuda ou se prepara para fechar uma fábrica. 
Somos treinados para ampliar, construir, inaugurar e comemorar uma linha nova, uma fábrica nova e perseguir os objetivos. 
A fábrica de Barra Mansa seria fechada e suas instalações deveriam totalmente transferidas para Araras. 
E lá estávamos nós juntos para a missão mais dramática de nossas vidas! 
Eu fui o designado para ficar até apagar as luzes! Não foi fácil! Muitas noites sem dormir. 
Eu andava pela fábrica e escutava os ecos da fábrica em funcionamento. 
A sala vazia, a caldeira desligada...parecia uma fábrica fantasma. 
Naquele ano não estávamos transferindo apenas envasadeiras, tanques e bombas... 
Era uma parte importante de nossa vida que estava sendo modificada para sempre 
Aquela decisão representava a ruptura de uma era, da convivência diária e de nossos sonhos compartilhados. 
Sofremos muito despedindo de cada amigo. 
E as despedidas foram acontecendo de forma gradativa! 
E a cada despedida um abraço e muito choro. 
Choramos por diversas vezes. 
Pelas pessoas, pela fábrica, pelas histórias, pelos amigos. 
A dor era psicológica. Enquanto Araras comemorava a ampliação da fábrica, a gente sofria. 
Mas o tempo passou e as lágrimas secaram. 
Fomos convidados para trabalhar aqui nessa fábrica. 
Queríamos continuar a história Nestlé e a empresa nos possibilitou esse desejo. 
A fábrica nos recebeu muito bem e isso foi fundamental para suportarmos a distância de nossas raízes e continuarmos a nossa jornada, crescendo com a empresa e cuidando de nossa família. 
Hoje, passados 9 anos, podemos dizer que foi acertada a decisão de chegar até aqui. 
Tivemos obstáculos nessa caminhada e conseguimos enfrentá-los com honestidade, caráter, com o apoio da família e muita força de vontade. Não foi fácil chegar até aqui Vanderlei, mas conseguimos. 
De vez em quando bate uma saudade das pessoas, mas a vida continua e ficar preso ao passado é perda de tempo. 
Como vocês puderam reparar, tivemos muitas dificuldades para conseguir fotos com o Vanderlei, porque ele sempre estava debaixo de alguma máquina. 
Para finalizar Vanderlei, você foi um profissional exemplar com sua dedicação, disponibilidade e força de vontade. Um homem do campo que ama a mecânica e que não queria ser “chefe”, para usar um termo ultrapassado! 
Lá na minha casa, eu tenho um filho de 19 anos e eu sempre uso você como exemplo de superação e força de vontade, porque você veio para Araras com esposa e mais de 40 anos e conseguiu além de trabalhar todos os dias e inclusive finais de semana e ainda assim conseguiu, paralelo a isso, fazer uma faculdade de engenharia à noite, na UNIP, deixando sua mulher sozinha em casa e longe de todos os parentes e amigos e conseguiu formar a duras penas em 5 anos viajando essa Anhanguera, depois do árduo trabalho aqui dentro. 
Você é um exemplo. Te admiramos e que você consiga ter a mesma qualidade na sua vida que sempre buscamos para os nossos produtos desde que pisamos nessa estimada empresa. 


Obrigado mesmo pela companhia desses 29 anos! 




12/06/2016

Quebrando o encanto


Neste sábado com temperatura média de 10°C aqui na cidade de Araras, interior de São Paulo, fiquei em casa como habitual e resolvi esconder-me debaixo do edredom lendo um livro do Daniel Dennett que se chama "Quebrando o encanto".

Ele inicia o livro pedindo ao leitor que observe uma formiga em um prado, laboriosamente subindo por uma folha de capim, cada vez mais alto, até que cai, depois sobe outra vez, e mais outra, como Sísifo rolando sua pedra, sempre tentando chegar ao topo e faz a seguinte pergunta: Por que ela faz isso? Que benefício estará buscando para si própria nessa estranha e extenuante atividade? 

A pergunta é que está errada. Não há benefícios biológicos para a formiga. Ela não tenta obter uma visão melhor do território, nem procura comida ou se exibe para um parceiro em potencial, por exemplo. Seu cérebro foi dominado por um parasita minúsculo, Dicrocoelium dendriticum, que precisa entrar no estômago de um carneiro ou de uma vaca para completar seu ciclo reprodutivo. 

Esse pequeno verme cerebral dirige a formiga a uma situação que beneficie sua progênie, e não a da formiga. Esse não é um fenômeno isolado. Do mesmo modo, parasitas manipuladores infectam peixes e camundongos, Essas caronas fazem com que seus hospedeiros se comportem de modo bizarro - até mesmo suicidas - para benefício do parasita, não do hospedeiro. 

Será que com os seres humanos acontece alguma coisa parecida? Acontece sim. Com grande frequência encontramos seres humanos que deixam de lado seus interesses pessoais, sua saúde, suas oportunidades de terem filhos e dedicam a vida inteira a promover uma ideia que se fixou em seus cérebros. A palavra árabe islam significa "submissão", e todo bom maometano dá testemunho disso, reza cinco vezes por dia, dá esmolas, jejua durante o Ramadã e tenta fazer a peregrinação ou hajj a Meca, tudo em nome da ideia de Alá e de Maomé, o mensageiro de Alá. Cristãos e judeus fazem coisa parecida, é claro, devotando a vida a disseminar a Palavra, fazendo sacrifícios enormes, sofrendo bravamente, arriscando a vida por uma ideia. Os skhs, os hindus e os budistas fazem o mesmo. E não nos esqueçamos dos muitos milhares de humanistas seculares que deram a vida pela Democracia, pela Justiça ou pela simples Verdade. Há muitas ideias pelas quais se pode morrer. 

Ao contrário dos vermes, as ideias não são seres vivos e não invadem cérebros; elas são criadas por cérebros. As duas coisas são verdadeiras, mas não são objeções tão reveladoras como a princípio parecem. Ideias não são seres vivos; elas não conseguem enxergar aonde estão indo e não tem membros com os quais guiar um cérebro hospedeiro, mesmo que conseguissem enxergar. É verdade, mas um Dicrocoelium dendriticum também não é exatamente um cientista de foguetes espaciais; não é mais inteligente que uma cenoura, na verdade; nem sequer tem um cérebro. Tudo o que tem é a boa sorte de ser dotado com características que afetam os cérebros de formigas dessa maneira útil sempre que entram em contato com elas. (Essas características são como as manchas semelhantes a olhos nas asas de borboletas, que algumas vezes enganam as aves predadoras, fazendo-as pensar que algum animal grande as está olhando. Os pássaros se afastam e as borboletas se beneficiam, mas sem mérito algum por isso). Uma ideia inerte, se for projetada acertadamente, poderá ter um efeito benéfico sobre um cérebro sem precisar saber que isso está acontecendo! E, se tiver, ela poderá prosperar, porque é feita por aquele projeto. 

A comparação entre a Palavra de Deus e um Dicrocoelium dendriticum é inquietante, mas a iniciativa de comparar uma ideia a uma coisa viva não é nova. 

Bem, o livro continua mas paro por aqui. Caso tenha interesse pelo tema, recomendo.