08/05/2020

Página 08 - Meu livro: Memórias de Zara Crotone



Santa Ágata acreditava que a morte seria um feliz final para a sua torturas. Continuando a tenebrosa leitura, descubro também que os carrascos tinham o cuidado para não deixá-la morrer e carregaram o seu corpo alquebrado de volta a cela, enquanto ela orava pela liberdade. Naquele exato momento, um terremoto sacudiu a prisão e ela veio a falecer.

No seu funeral, inexplicavelmente, apareceu um jovem com uma tocha para honrá-la e pouco tempo depois, Quintianus foi jogado no rio pelo seu cavalo e afogou-se.

No primeiro aniversário da morte de Ágata, o vulcão do Monte Edna iniciou uma erupão. Os devotos de Santa Ágata tomaram o seu véu e colocando-o na ponta de uma lança subiram a montanha e o fluxo de lava milagrosamente parou.

A sua tumba está na Catania, Sicília e o seu véu está num santuário na Catedral de Florença. Várias igrejas espalhadas pelo mundo são dedicadas a ela.

Termino de ler isso e fico pasmo com a biografia da santa que mais parece uma aventura de cinema. 

A minha mente não consegue admitir tal estória com naturalidade. Trata-se de uma história surreal, pueril, inventada e criada com o único propósito de forjar mártires para atender as mais diversas necessidades do ser humano. Se a tal proteção atribuída a essa santa funcionasse mesmo nào haveria necessidade de convênio médico e ela teria se safado sem os terríveis sofrimentos.. Que história absurda!

Acredito que essa parede azul teria sido melhor aproveitada se tivesse um busto em homenagem a Hipócrates, aquele médico grego, cujas ideias lançou a base da medicina moderna a dois mil anos. 

Seu pensamento se resumia assim: “Cada doença tem sua própria natureza e nenhuma surge sem sua causa natural”. Com essa ideia simples, a medicina sofreu uma revolução. Antes de Hipócrates a saúde e a doença estavam nas mãos dos deuses. Mais de vinte séculos depois muita gente ainda ainda acredita na intervenção dos “deuses modernos” com nomes de santos protetores. O humano é mesmo um bicho incorrigível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário