22/01/2017

Eletrocardiograma de cadáver


Estou deitado numa maca fria olhando para o alto e em meu peito vários eletrodos fixados.
Minutos antes, uma assistente, enfermeira ou sei lá o quê, não perguntou o meu nome e manuseou o aparelho de barbear em meu tórax nu, como se operasse uma enxada. Espirrou gel em meu peito como se apertasse um frasco de catchup. Levantou  o meu braco rispidamente para verificar a pressão como se fosse o membro de um cadáver. Seu rosto era grave e aquela voz mecânica me orientava subir à maca como um cão adestrado.
Definitivamente delicadeza não era o forte daquela mulher.

Ademais este atendimento foi através do convenio médico!

A "autópsia" chegou ao fim e estou bem.

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