09/03/2015

O Estrangeiro





Ontem, domingo de chuva em Araras, aproveitei para reler O Estrangeiro.
Comprei esse livro na bienal internacional do livro de 2010, quando visitei o pavilhão de exposições do Anhembi/SP pela primeira vez.

Foi escrito em 1957 por Albert Camus (pronuncia-se Câmi). O protagonista leva uma vida banal e recebe a notícia da morte de sua mãe no primeiro parágrafo do romance, aliás este parágrafo é antológico, assim como a primeira página de Lolita de Nabokov (outro livro polêmico), que citarei outro dia aqui no Banal.

É impossível ficar indiferente com a indiferença do protagonista.

Mérito para Camus que consegue chamar a atenção logo na primeira página.

O livro começa assim:


Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo:

"Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames".

Isto não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem.

O asilo de velhos fica em Marengo, a oitenta quilômetros de Argel. Vou tomar o ônibus às duas horas e chego ainda à tarde. Assim posso velar o corpo e estar de volta amanhã à noite.

Pedi dois dias de licença a meu chefe e, com uma desculpa destas, ele não podia recusar. Mas não estava com um ar muito satisfeito.

Cheguei mesmo a dizer-lhe "A culpa não é minha". Não respondeu. Pensei, então, que não devia ter-lhe dito isto. A verdade é que eu nada tinha por que me desculpar. Cabia a ele dar-me pêsames. Com certeza irá fazê-lo depois de amanhã, quando me vir de luto. Por ora é um pouco como se mamãe não tivesse morrido. Depois do enterro, pelo contrário, será um caso encerrado e tudo passará a revestir-se de um ar mais oficial.



Clique na foto e veja a primeira página ampliada


Título: O Estrangeiro
Autor: Albert Camus
Editora: Record
Ano: 1957
Páginas: 126


Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 09/03/2015.

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