06/06/2014

A arte de conversar entre o jornal, celular e o gato.

Caro visitante, olhe atentamente para essas duas imagens e reflita.
Você acha que o jornal e o "smartphone" são os principais responsáveis pela falta de relacionamento entre as pessoas?

Logo abaixo, minhas limitadas interpretações.






Nas duas imagens acima, notamos o mesmo comportamento separado pelo tempo.

Na primeira cena, homens concentrados, segurando seus jornais, enquanto aguardam seu transporte.

Na segunda, homens concentrados, segurando seus "smartphones", aguardando também o seu transporte.

O tempo passou e muita coisa mudou. Desde a paisagem, o transporte, a informação, a comunicação e até mesmo o chapéu, que um dia já foi símbolo de distinção social.

Apenas o homem continua o mesmo.



Há quem defenda que os aparelhos eletrônicos contribuem para o "isolamento" do indivíduo e interferem nas relações sociais. Tenho minhas reservas se esses objetos são tão "eficientes" na arte de afastar as pessoas.

Prefiro debitar essa conta ao próprio comportamento do Homem.

Não é o jornal ou o aparelho que diminuem a vontade das pessoas se aproximarem. Outras questões estão envolvidas. Transferir a culpa para a tecnologia é uma bobagem. O Homem é quem deve aprender a utilizar melhor esses aparelhos que facilitam muito a sua vida. Equilíbrio é palavra chave.

Existe uma regra tácita de comportamento que determina que quando estamos na companhia de amigos ou familiares, a atenção deve se dada às pessoas, porém muita gente não conhece essa regrinha de educação, nem a palavra tácita (brincadeira!).

Já que mencionei a palavra tácita, antes de prosseguir com o raciocínio, vamos ao significado. Essa palavra vem do latim "tacitus" que significa "não expresso por palavras" ou subentendido. Tácito também foi um historiador romano que viveu entre 55 d.C. - 120 d.C e segue uma frase sua:

"Os homens apressam-se mais a retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança, um prazer".


Irônico esse Tácito hein!

Voltando ao tema, sabemos que muitas vezes uma conversa não acontece ou evolui de forma satisfatória...
Após refletir um pouco enquanto lavava o banheiro da minha casa, cheguei à seguinte conclusão: A primeira é porque possuem boca e a segunda porque possuem ouvido!



Brincadeiras à parte, posso listar uma série de possibilidades para que uma conversa não ocorra: Pode ser falta de afinidade, interesse, assunto, conteúdo da pessoa, circunstância desfavorável, pressa, cansaço, personalidade, falta de tempo, nível cultural incompatível, preconceito, soberba, falta de curiosidade, empatia, vaidade, conveniência, necessidade, distração... 

Bem, vou parar por aqui porque os motivos são muitos. Daí se conclui que a tecnologia não pode ser considerada a principal vilã para o fracasso das conversas e interações entre as pessoas. 

Ah! Antes que eu me esqueça, o fator regional também pesa. Até meus quarenta anos de idade, vivi numa cidade do interior do Rio de Janeiro onde as pessoas gostam de conversar. Lá, dificilmente você entra num estabelecimento para comer uma empada num balcão, por exemplo, e ficava anônimo, tipo invisível. Logo alguém puxa assunto com você na maior naturalidade e se você desejar ou gostar de conversar, meia hora depois já se torna amigo de longa data daquele desconhecido. É assim até hoje. Então acho também que essa questão de gostar de conversar também pode estar relacionada à cultura do local. 
Antes que meus amigos de minha cidade atual fiquem aborrecidos, ratifico que existem gratas exceções.



Existem pessoas que não gostam de interagir com outras e evitam qualquer aproximação. Movimentam-se e agem como gatos silenciosos. Escrevo isso porque agora conheço melhor o comportamento desse bichano. Tenho uma gata preta em minha casa e achei muito parecido com algumas pessoas. Confesso que é uma boa companhia. Ficar em silêncio e sozinho com os próprios pensamentos também é gostoso. Não posso reclamar.


(Foto de minhas gatas Mimi quando filhote e Júlia)
Para ser sincero, às vezes prefiro a companhia silenciosa e respeitosa de alguém do que ser obrigado a alimentar uma conversa com gente chata, desinteressada ou inconveniente.

Desconfio que esse seja o motivo de muita gente na segunda foto lá em cima, preferir a sua "solidão" com seus aparelhos silenciosos, do que ter que interagir com pessoas chatas ou sem conteúdo ao lado.


Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 07/06/2014

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