Com a passagem do tempo, percebemos que deixaremos de realizar vários projetos. Eu também tive projetos abandonados e não foram poucos. Não fiz a faculdade que gostaria, não terminei o meu curso de inglês, não consegui tocar o meu teclado Yamaha sem esforço e também não concluí a escrita de meu livro. Gastei muitas horas de meu tempo nestes projetos inacabados e infelizmente fui vencido por outras prioridades para sobreviver no sistema e não tive mais vontade de continuar.
É difícil assumir um projeto abandonado. Primeiro a gente posterga e imagina sua realização no futuro, mas o tempo, ah! o tempo, esse vilão intransigente e implacável nos lembra que somos finitos e não teremos tempo suficiente para realizar tudo que projetamos. O tempo passa mais um pouco e a vontade e o prazer continuam ausentes. Até que um dia, mais velhos, finalmente assumimos que não conseguiremos dar prosseguimento e contabilizamos mais um risco do fracasso na parede da vida e aceitamos a interrupção.
Pensando bem, acho que não devemos sofrer por isso. Precisamos dar um ponto final nas pendências para nos sentirmos mais leves. Aliás, livrar-se do que é inútil deve ser um exercício constante em nossas vidas. E isso vale para coisas, pensamentos e até pessoas.
Quanto ao livro inacabado, para que não seja totalmente perdido, pretendo deixar as páginas que escrevi aqui no Blog Banal oportunamente, mesmo faltando conclusões e revisões. Seria uma forma de deixar um projeto inacabado como legado para conhecimento de algum amigo ou quem sabe, um descendente curioso por alguma memória de seu avô, tio, ou qualquer pessoa com tempo ocioso, que tenha chegado acidentalmente aqui no Blog Banal e que tenha paciência de ler, algo raro na atual geração. Adianto que tal conteúdo não tem nenhum valor literário e se coloco aqui é por um pouco da vaidade que me sobrou e também por pena de jogar fora esse tempo gasto, mesmo ciente de que isso nada acrescentará à vida do leitor.
Outono de 2020.
Alex Gil Rodrigues