Semana passada ganhei peixes de um vizinho.
Peixes pequenos, é verdade, mas quando se ganha algo não se olha o tamanho, não é mesmo?
Brincadeirinha vizinho! Aliás, caso um dia você leia isso e antes que me julgue mal educado, "Obrigado pelos peixes"! (Aproveitando, essa frase para quem não conhece é uma menção ao quarto livro escrito pelo saudoso Douglas Adams).
Agora uma pergunta: O que o livro tem a ver com os peixes?
Eu repondo: Nada! , quando escrevo gosto de divagar sem compromissos e regras rígidas.
Mas mesmo assim, para que ninguém fique no vácuo, vou explicar essa bobagem. Essa frase era a mensagem que os golfinhos deixaram na Terra, antes dela ser demolida para a construção de uma via expressa hiperespacial, no Guia do Mochileiro das Galáxias.
Pensando bem, essa informação não vai fazer a menor diferença em sua vida, como tudo que escrevo aqui no Blog Banal.
Bem, voltando ao assunto após agradecer a gentileza do vizinho, devorei-os fritos com limão e cerveja Itaipava gelada! , mas antes, claro, tive que tirar as escamas, cortar a cabeça, rabo, barbatanas, limpar a barriga e temperar! Dá um trabalho limpar peixe em casa!
Falando sério, esses peixes me fizeram lembrar de minha primeira e única pescaria na vida.
Mas Alex, só mais uma perguntinha: Porque escrever sobre um assunto tão banal?
Ninguém tem interesse nesse tipo de história!
Eu sei disso, pensamento intruso! Não fazemos algo apenas para o interesse dos outros. Até agradeço a atenção dos que perdem seu precioso tempo lendo minhas bobagens, mas antes disso e sobretudo, escrevo porque me dá prazer. Além disso, ainda descanso minha mente após minha caminhada diária.
Confesso que nunca me senti atraído por pescarias, mas sempre tive curiosidade de saber que prazer é esse, afinal muita gente gosta.
Certa vez, fui pescar com um grupo de colegas do trabalho em Angra dos Reis, cidade distante 96 Km de Barra Mansa, minha terra natal, comprei a linha, anzol e fomos num carro fretado.
Chegamos em Angra dos Reis no final do dia e compramos sardinhas para servirem de iscas.
Depois disso, fomos até o cais negociar um barco que coubesse 12 pessoas e que não fosse muito caro.
Os barcos ficavam atracados na poluída praia do Anil, no centro da cidade, aliás até hoje.
Toda embarcação possui um nome gravado no casco de madeira: Brucutu, Sophia, Marruah, Maracatu, Caju Amigo, Phoenix, Doce Vita e por aí vai.
A nossa embarcação escolhida estava escrito: CARONTE.
Perguntei aos colegas se eles sabiam o significado desse nome e, claro, ninguém sabia.
Resolvi não falar também, afinal esse detalhe era irrelevante e poucos se interessam por esse tipo de coisa.
Sou um sujeito observador e gosto de pesquisar os significados do mundo.
Dividimos o valor da locação do barco pela quantidade dos amigos "pescadores" e finalmente zarpamos.
Eram 19:00 h e a noite caiu com vontade e a temperatura era agradável.
No convés, muitas latas de cerveja, gelo, cachaça, sardinha e até iogurtes.
Nessa época eu só tomava refrigerante e água.
No céu, as estrelas pareciam mais perto dos olhos e brilhavam como refletores.
Seguimos mar a dentro rasgando a noite à procura dos peixes.
A cerveja acabou e nenhum peixe apareceu!
As horas avançavam e a cada "tripulante" procurava um canto para dormir sobre o balanço das ondas.
Realmente o mar não estava para peixe.
Mas como sou teimoso, fiquei a noite inteira acordado na esperança de pescar o meu primeiro peixe.
Todos adormeceram, inclusive o barqueiro do Caronte. Passei a noite inteira acordado até que o tédio me fez companhia e juntos ficamos em silêncio.
O tempo passou e finalmente o sol apontou no horizonte quando o barqueiro acordou e gritou:
- Olha o cardume de espadas!!!
Aquele grito fez todo mundo despertar com euforia preparando as iscas e lançando ao mar para resgatar aqueles peixes prateados.
Eram muitos!!!
Era só jogar a isca, puxar as espadas para dentro, destroncar o pescoço e pegar o próximo.
Pegamos muitos!!! Eram tantos peixes que conseguíamos fisgá-los até com o alumínio da tampa de iogurte enrolado no anzol. E juro que isso não é história de pescador!
O sol brilhava sobre o alumínio e o seu reflexo atraía os peixes.
Aquele cardume salvou a pescaria e nunca mais tive vontade de pescar, apesar de ter gostado da aventura, da viagem, da noite estrelada e do silêncio ao mar...
Hoje quando me chamam para pescar agradeço o convite e recuso, mas se me chamarem para comer peixes fritos e temperados no prato, estou aqui!
Mais uma história banal escrita por Alex Gil Rodrigues em 18/08/2015
Obs: Na realidade a frase do livro de Douglas Adams é: "Até mais, e obrigado pelos peixes".