30/12/2015

A vida sem ponto final - Parte 2


...E o tempo vai passando
Uma ruga aqui, um cabelo branco ali
Já estou no final da esquina da década de quarenta
Disso eu não reclamo 
Aceito com naturalidade o que nada posso fazer 
Contra o implacável, a minha resignação dói menos, garanto. 
Antigamente torcia para os dias passarem bem rápidos
Desejos da juventude apressada por "liberdade"
Eu disse liberdade ou troca de prisão?
Vivemos iludidos e isso nos leva à frente até ao nada
Passamos a vida torcendo
E de torcida em torcida avançamos
E por falar em torcida
Torço para o Botafogo
Formalidade para me enquadrar à formatação
Com o tempo diminuímos nossas torcidas por coisas sem importância
Na juventude somos cegos!
O meio nos empurra para uma cilada e quem está dentro fica míope
Idade não cura ingenuidade e muitos continuam imaturos até a morte
Como crianças velhas que matam pelo seu time
Uma fuga banal
Discutimos futebol como se fosse um problema mundial
Falta de tempo, assunto, maturidade ou ingenuidade?
Mas isso não é regra geral
Muita gente inteligente também discute futebol
Essa frase é para não perder os amigos inteligentes
Admiro gente perspicaz
Insignificantes satisfações, troféu de tolo
Fuga momentânea da miséria
Ócio para a manutenção da amizade
É como falar que o dia está quente quando não tem assunto.
Não sou muito bom nas regras gramaticais
Escrevo de teimoso ou falta de vergonha
Escrevo também sem interesse em ofendê-lo
Dizem que quem discute futebol não gosta de ler
Não sei e nem quero saber!
Então estarei tranquilo porque nunca lerão essa porcaria que escrevo
Se bem que pouco importo também
Uma ignorada a menos não faz diferença na minha vida
Desejo quem me deseja
Agora me deu vontade de escrever sobre loucura
De loucura em loucura, vamos sobrevivendo
Acho que todos somos loucos
Cada um ao seu modo e grau
Aparentamos normalidade
No íntimo ninguém é normal
A vida é um teatro
Para sobreviver, uma dose de loucura
E uma queijadinha de leite moça e queijo ralado!
Dentro de cada mente um outro mundo
E dentro de cada barriga, uma fome
Fora da mente a formatação dos padrões que a sociedade julga normal
O mundo interno e o mundo externo
Vivemos dois mundos, muitas vezes conflitantes
O que a gente aparenta externamente e o que a sociedade espera e julga normal
O mundo interno é mais louco, suportável e familiar?
O externo é falsificado, ajustado e representado
Aqui nesse espaço banal misturo os dois lados
A loucura, a sanidade e as bobagens
Palavras sem importância
Cansativas para quem não gosta de ler
Mas eu entendo isso
Eu também não gosto de muita coisa
Eu detesto pescar mas adoro peixe frito
E muitas vezes gosto de ficar quieto
Deixo as palavras presas em minha mente
Porque palavras soltas ofendem
O mundo não me suportaria se eu fosse sempre sincero
A sinceridade afasta amigos, parentes, vizinhos e até admiradores
É preciso ajustar-se às regras da sociedade
No jogo da vida existe regra
E quem não entende se sucumbe
Em todo homem há um louco dentro de si
Tem gente que não aceita as regras
Outros a burlam, se machucam ou se isolam
O mundo gosta de disfarce
O mundo implora por aparências
O mundo adora etiquetas
E assim o produto é melhor oferecido
Tem muita gente que compra
Mesmo sem valor
Mundo de aparências
Mundo de Platão
Mundo de retóricas
Pensamentos inconfessáveis
Julgamentos impronunciáveis
Desejos oprimidos
Alianças convenientes
Simpatias desonestas
Amizades circunstanciais
Tudo louco!
Palavras, palavras, palavras!
Cenas, celas, selas!
Abro os olhos e vejo a luz
Estou embriagado de pensamentos
Preciso voltar ao mundo externo
A cama está macia
Palavras retiradas do sótão da mente
Muitas sem sentido
Registradas apenas para distrair
Ou esvaziar
Não sou um poeta
Não sou um escritor

Não sou nada
Escrevo bobagens
Sou apenas um macaco que escreve
Eu sou muito banal
Não me envergonho por isso
Nem pelos meus erros de português
Nem pelo tempo que perco
A noite avança
Do outro lado da porta o carcereiro atento aos ruídos
É o meu filho que não dorme
O jeito é escrever!!!
Situação que apenas os casados com filhos entendem
O ventilador está ligado
Televisão desligada
Falta coragem de jogá-la no lixo
Não preciso dessa cela
Não preciso dessa merda!
Quero um mundo sem TV
Quero apenas a luz de meu Notebook iluminando meu teclado
Registrando meus pensamentos banais enquanto o sono não vem
Meus olhos estão pesando
Minha mente está mais leve
Esqueço o dia cansativo
Esqueço porque existo
Não me preocupo para onde vou
Não me visto com luxo
Nem cobiço quem veste etiqueta
Vaidade que não me atrai
Gosto de simplicidade
Alimento do que eu trabalho
E vivo com que apenas me pertence
Não me envergonho de escrever bobagens
Existem bobagens impublicáveis
Livre é a pessoa que não tem medo do ridículo

Essa frase não é minha
O mundo segue o seu rumo
Amanhã mais um dia
Já é quase uma hora da manhã
Preciso desligar

Leu até aqui:
Conseguiu ler até aqui?
Desculpe-me, mas não tenho nada a lhe oferecer
Preciso de água fresca do barro da moringa
Pois a minha boca está sedenta
Não paro de pensar na água
Mas é assim que terminarei esse texto?
Sem uma grande frase ou uma lição?
E você sabe como vai terminar a sua tão importante vida?
Será como um pontinho bonitinho e redondinho no final da frase?
Claro que não!
Às vezes não dá tempo nem de despedir-se
Nem dar o último beijo
Nem o último xixi
Você começa escrevendo e repent






Chega!



Esse texto é uma continuação da parte 1 a seguir:

http://alexgilrodrigues.blogspot.com.br/2015/12/a-vida-sem-ponto-final_29.html

Fim!

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