05/12/2015

O que você está pensando?


Raro leitor, recentemente fui ao Shopping D.Pedro em Campinas e como habitual, visitei uma livraria para garimpar algo interessante. A capa de um certo livro, com uma fotografia de uma maçã mordida me chamou a atenção e acabei comprando. O título desse livro é "Os sete pecados - Inveja - Como ela mudou a história do mundo", de Alexandre Carvalho.

Existem várias histórias interessantes nesse livrinho e tomarei a liberdade de reproduzir apenas um pequeno trecho, porque estou com preguiça de escrever hoje.

Para melhor ilustração, recomendo assistir o vídeo abaixo apenas depois dessa leitura.

"O Facebook e o Instagram é na parte do tempo cenários idílicos de gente se divertindo, além das refeições mais fotogênicas de todos os tempos.

Praias poluídas, impróprias para banho, ganha cara de Polinésia. Sujeitos feios só aparecem em seus ângulos mais favoráveis.

Crianças hiperativas surgem quietas e fofas, com um coelhinho no colo. E ninguém esquece a data do aniversário de ninguém, mesmo que evite a pessoa no dia a dia. Parece o reino encantado da falsidade. Só que tem uma coisa: na vida real é igualzinho.

Quem só fala de doença ou falta de dinheiro acaba bebendo sozinho em um canto da festa.

O que as pessoas projetam em suas interações pessoais são as coisas boas e desejáveis - assim como no passado onde se torturava as visitas e parentes mostrando os álbuns de fotografias de sua viagem. A diferença é que a internet permite uma exposição de imagem em nível inédito: uma distribuição diária de fotos em que ninguém vê ninguém de TPM, ressaca ou com herpes bucal.

Uma ilustração de como se expor está representada na curta metragem abaixo com o título: O que você está pensando? do norueguês Shaun Higton.

O filme mostra um personagem fictício, que invejoso das fotos dos amigos na rede social, começa a publicar imagens e comentários falsos, nos quais sua vida é um mar de rosas.

E assim, ele ganha o que lhe parece mais importante: dezenas e centenas de likes. Ele publica, por exemplo, uma foto com fone de ouvido e camiseta de malhação, respirando pesado em meio à natureza, e comenta que acabou de correr 20 quilômetros. Só que volta para o sedentarismo dentro do carro assim que faz o registro.

Depois, quando descobre que é traído pela mulher, escreve: "Finalmente solteiro" Quem quer ir para a balada?" - e recebe 42 likes - 

Ainda que, na verdade, esteja desolado com o abandono.

Já ao ser abordado por uma prostituta na rua, tem uma ideia e muda seu status no Facebook para "Estou num relacionamento aberto". - 103 likes.

Finalmente, quando é demitido, anuncia que largou seu emprego, adicionando a hastag #followyourdreams - e com essa estratégia ganha 247 likes".

O autor do vídeo explicou que sua inspiração veio depois que estava olhando o seu Facebook e pensou que todo mundo parece fantástico o tempo inteiro. Ele quis mostrar que, embora a ilusão de sucesso social nas redes de internet projete uma imagem positiva, ao mesmo tempo pode provocar uma compulsão por reafirmar a própria felicidade. E isso, como o filme deixa claro, não é coisa de gente feliz.





Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 05/12/2015. Acho que esse texto merece um complemento antes de terminá-lo. Não me coloco acima dessa realidade, pois faço parte dessa rede e "ainda" a utilizo de forma prazerosa. O Facebook me permitiu manter contatos com pessoas que fizeram e ainda fazem parte de minha história, além de promover amizades virtuais, uma novidade da modernidade. Além disso, essa tecnologia me permite manter contato antes inimaginável, com baixo custo e de forma instantânea, e só por isso, já vale a pena fazer parte dessa rede. Essa rede é tão poderosa, apesar dos chatos, vaidosos, fanáticos, agentes secretos ou fanáticos . Percebo também que mesmo aqueles que se aborrecem, não conseguem se distanciar de fato. Eu mesmo já me enchi o saco em determinada época e fiquei ausente 5 meses, mas estou aqui de volta.

Conheço gente que parece nem estar participando da rede social e isso me incomoda... mas pode ter certeza que mesmo sem dar as caras ele acompanha silenciosamente pois dificilmente toma a decisão de cancelar a sua conta no FB.  Hoje todo mundo possui um celular e quem resiste não dar uma olhadinha na fila do supermercado, do banco, da sala de espera do dentista, do silêncio do banheiro, no trânsito engarrafado, nos momentos de ociosidade, nas viagens?


Por hoje é só!

Obrigado pela visita e não reparem os erros de português.

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