25/11/2014

Pão nosso de cada dia




O tema banal de hoje é sobre o pão. Mais banal, impossível! 

Banal nada, adoro pão!

Terça-feira, final de tarde. É hora de voltar para casa em cima de minha velha moto.

Rodo apenas 5 Km da fábrica à minha casa, de onde ganho o pão nosso de cada dia.

Quase dez horas longe de casa e minha moto me esperando no estacionamento mesmo com sol, vento, chuva ou poeira. Está comigo desde 2006 mas é mais antiga do que isso e já carrega as inevitáveis marcas do tempo. 

Não vou direto para a casa, pois tenho um bom motivo para isso.

Quase todos os dias altero minha rota e rodo até ao estabelecimento que fica no bairro Fátima. Retiro a minha senha impressa na entrada e aguardo o meu número na tela, para ser atendido.

No tapete da entrada o nome gravado: "Padaria São Benedito". Finalmente, depois de 6 anos morando em Araras, encontrei uma padaria que me agrada.


Sinto o cheiro de pão quente que vem do forno da padaria com a senha na mão enquanto aguardo a minha vez:

As atendentes usam toucas, aventais, camisas brancas e, coitadas, trabalham de forma automatizadas e sem alegria. O mesmo tom, a mesma voz e as mesmas palavras.

Não falo isso por mal. É que elas são padronizadas no modo de se expressarem.

Falam do mesmo jeitinho e de forma melodiosa após entregarem o pão:
- Mais alguma coisa? ♪ ♫ ♩ ♬  

Entrego a minha senha e falo de forma igualmente automática também:
 - Por favor, eu quero 4 pães de sal, 3 pães de leite e 150 gramas de torradas temperadas (Não desse jeito tão explicadinho como escrevi, certamente mais direto e informal).
 - Mais alguma coisa? - diz a menina olhando séria e atenciosa.
 - Não só isso mesmo. Falo mantendo a seriedade e com vontade de rir enquanto ouço a frase automática.

A única vez que a menina sorriu foi quando pedi "pão careca". Em São Paulo não conhecem por esse nome e em algum momento do passado aprendi que aquele "pão de leite" se chamava careca. 

Às vezes coincide das quatro meninas perguntarem feito um coral bem ensaiado:
 - Mais alguma coisa? ♪ ♫ ♩ ♬

 - Não obrigado! - pego a notinha e me dirijo ao caixa escutando aquele espécie de "mantra" atrás de mim:
 - Mais alguma coisa? ♪ ♫ ♩ ♬

A dona da padaria fica no caixa e não se esforça em ser simpática, mas também não é antipática. Ela é bem séria e indiferente aos clientes. Aliás a indiferença por aqui é algo normal. Trabalha focada em receber o dinheiro e entregar o troco. 
Mas pensando bem, isso também não me incomoda pois estou interessado apenas em levar para casa os seus pãezinhos quentinhos e cheirosos. O resto é embalagem ou dissimulação. 

Pego meu troco, o pacote e subo na moto de volta para casa.

Finalmente chego em casa junto com a noite.

A rua está deserta como habitual e até os cachorros fazem silêncio quando passo! Mentira, estou sendo dramático, mas o silêncio é real. 

O portão eletrônico se abre ao aperto do controle remoto e se fecha automaticamente deixando a indiferença do mundo lá fora... 

Sofia sorri assim que me vê! (Sofia é a minha cachorrinha!)

Lavo as mãos e fico feliz em tomar o meu café com leite e pão com manteiga.

Eu sei que nem só de pão vive o homem, mas fazemos tanta coisa na vida que não gostamos, porque privar do sagrado pão que dá tanto prazer?

E desse jeito, termino a crônica banal de hoje!
 - Mais alguma coisa? ♪ ♫ ♩ ♬




Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 25/11/2014. 

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