23/12/2014

Testemunha de um crime

De tempos em tempos ouvimos casos de pessoas que ficaram encarceradas a vida inteira até envelhecer e que depois de muitos anos, após a reabertura do processo descobriu-se que a pessoa foi condenada injustamente. 

Mês passado, um cidadão americano de 57 anos de idade condenado à morte, foi libertado após passar 39 anos na prisão, após ter sido julgado por uma assassinato baseado no testemunho de uma criança de 12 anos.


http://oglobo.globo.com/mundo/condenado-morte-nos-eua-declarado-inocente-libertado-apos-39-anos-na-prisao-14627537


Estou escrevendo isso para relatar um evento que ocorreu neste domingo em meu bairro e me fez pensar como uma sucessão de eventos e interpretações equivocadas podem condenar uma pessoa injustamente.

Em frente à minha casa existe um terreno sem construção entre duas casas.

Eram 16:00 h de um domingo sem sol e a minha filha de oito anos estava dentro de nossa residência, mexendo em seu notebook. Quando ela olhou pela janela da sala, que fica atrás do sofá, avistou uma pessoa pulando o muro de uma casa que fica do outro lado da rua.

Ela veio até a mim e falou que viu uma pessoa pulando o muro dessa casa e imediatamente fui para a nossa varanda apurar o que estava acontecendo.

Acompanhe a cronologia dos eventos:

Às 15:00 h, antes dessa pessoa pular o muro da residência, uma outra pessoa invadiu a casa roubou e assassinou o casal que ali residem.

Às 16:00 h, minha filha veio me avisar que viu uma pessoa pular o muro daquela casa. Quando cheguei à varanda, vi  um homem negro, saindo de trás do muro (na lateral dessa casa possui um "dente" em sua construção que permite uma pessoa se esconder). Nesse momento deduzi que esse homem pulou o muro da casa.

Liguei para a polícia e avisei que havia um homem suspeito na casa de meu vizinho e descrevi suas características físicas. Detalhe: Eu não o vi pular, quem viu foi a minha filha.

A polícia chegou rapidamente, percebeu a porta arrombada, entrou na casa e constatou a morte dos donos da casa. Imediatamente a polícia repassou as características para outros policiais sobre o assassinato e realizaram uma caçada ao suposto criminoso nas proximidades do bairro.

A polícia faz um bom trabalho e prendeu o suspeito rapidamente.

Fui chamado para reconhecer o sujeito. Realmente era a pessoa que saiu de trás do muro quando avistei-o. Diante dessas provas, ele foi preso, julgado sem um bom advogado e condenado a 30 anos de cadeia.

Bem, esse foi o desenvolvimento da história que poderia ter acontecido mas agora vou descrever o que realmente ocorreu: 

Nesta tarde de domingo, um rapaz foi buscar uma pipa (papagaio) que caiu nessa casa e subiu no muro para resgatá-la. Nesse momento, minha filha o viu e veio me contar. Na realidade ele pegou a pipa rapidamente e foi embora correndo enquanto a minha filha saiu da janela e veio me avisar. 

Quando cheguei até a janela, de fato havia um homem negro urinando na lateral da casa.

O casal que mora na casa "invadida" foi assassinado por outra pessoa antes desse homem chegar para urinar e foi embora sem ninguém ver.

Dessa forma o sincronismo entre os eventos incriminaram uma pessoa que não tinha nada a ver com a história, Apenas estava na hora e local errado depois de um crime.

Bem, se você pensa que essa é a versão final da estória, mais uma vez eu omiti alguns dados e para que não reste nenhuma dúvida vou contar o restante e esclarecer alguns pontos importantes.

Na realidade não houve nenhum assassinato perto da minha casa e a verdade desse relato foi a a minha filha ter visto um rapaz apanhando uma pipa no muro da casa e eu constatar um homem saindo detrás deste muro após urinar (brincadeira, essa parte também foi criada na mente apenas para dar mais realismo à estória) .:)

E para que não fique mesmo nenhum ponto de interrogação em sua cabeça, o casal de vizinhos mencionados nessa minha estória na realidade encontra-se gozando férias no Guarujá e nem imagina que o autor do blog Banal teve essa ideia maluca os inserindo num suspense regado com assassinatos e julgamentos equivocados para se distrair enquanto o sono não vem. :)

Viu como é fácil incriminar uma pessoa injustamente?

Ainda bem que tudo isso é quase tudo mentira ou só literatura.


Elucubrações criadas pelo autor do Blog Banal que atende pelo nome de Alex Gil Rodrigues neste dia 23/12/2014.


Boa noite!


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