03/07/2015

Cansado e desidratado


Sábado de 2005.
Estou cansado e desidratado! 
O vento quente e preguiçoso passa suavemente entre as folhas de uma árvore gigante plantada num subúrbio de meu passado.
Raros pardais cantam livres e sem censura, escondidos atrás das folhas e das amêndoas verdes.
Às vezes, ser feio na natureza pode ser uma grande vantagem. O Pardal não possui beleza, mas em compensação é livre.
Encontro-me sentado atrás das grades de ferro da varanda, enquanto me recupero. 
Sinto o calor tocando em meu corpo recém desidratado após tomar 2 litros de soro na veia. Mas foi por um bom motivo, se é que posso dizer assim!

Pedalei de Barra Mansa-RJ até Bananal-SP pela primeira vez em 2005 e confesso que faltou planejamento na minha aventura. Eu era um frango de granja despreparado. Além de não ter levado água para beber, não havia água pelo trajeto, nem bica ou nascente e isso me causou um grande problema. 
O calor minava a minha energia. O asfalto quente tremulava à distância. Várias subidas, longas retas e pouco movimento. Cenário perfeito para quem curte afastar-se do movimento frenético da cidade. A visão das pequenas fazendas e da estrada compensam o esforço, desde que hidratado! O sol forte do meio dia estava insuportável. Cheguei até Bananal de forma tranquila. Isso tudo me ocorreu na volta para casa. Bananal para quem não conhece é uma cidade que faz divisa com Barra Mansa, possui apenas 10.000 habitantes e fica distante 25 Km. Não é longe, mas de bicicleta no verão deve ir preparado. A vida lá parece que não anda. Parece não, não anda mesmo.

A propósito, no centro existe uma vila de casas centenárias, lojas de tapetes artesanais, sorveteria, praça, igreja e uma farmácia da época do Império que conforme me informaram encontra-se fechada atualmente (não sei se é verdade, pois fazem 7 anos que estive lá). Muitos vidros, princípios ativos, sangue em pó!!!, drogas de várias espécies, máquina para fazer comprimido e rolhas, etc.

O nome da farmácia ainda está escrito com "PH" e foi fundada em 1830. Chegou a receber um prêmio da Fundação Roberto Marinho como a mais antiga farmácia em funcionamento no Brasil e apesar de tombada pelo Patrimônio Histórico, encontra-se em situação precária desde a morte de seu antigo proprietário. Logo estará no chão e ficarão apenas as fotografias e a história.

Já me sinto melhor agora que acabo de terminar esse registro banal de bananal.

Da varanda silenciosa penso no mundo. Na minha mão direita uma caneta azul, em meu colo um velho caderno e na minha mente um mundo de recordações.

Termino mais uma história banal e aproveito para registrar que depois dessa primeira experiência voltei várias vezes à Bananal e nunca mais tive problemas. Ninguém quer saber disso? Não tem problema. Reconheço que não é história brilhante e nem importante, mas gosto de distrair um pouquinho com as letras.

Até breve!


Elaborado por Alex Gil Rodrigues em 02/07/2015.


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