02/11/2016

Dia de finados antigamente



Hoje é feriado de 2 de novembro e acordei lembrando do significado desta data.

O tempo passa e os costumes também se modificam... ainda bem!

Quando eu era criança, neste feriado, havia o costume das pessoas se reunirem no cemitério em volta do túmulo da família ou algum conhecido para conversarem e passar o tempo. Era uma espécie de tributo para quem não sabe que está sendo homenageado! Atualmente eu não sei se isso ainda ocorre, pois aquelas pessoas que possuíam esse costume em nossa família também estão dentro dos túmulos e logicamente nem desconfiam que estão mortas.

Eram horas intermináveis de conversa entre os adultos e eu ficava ali quieto tipo um vaso, debaixo do sol, esperando o ritual terminar para voltar à minha casa e repetir essa história no ano seguinte. Esses encontros pareciam uma sala de estar ao lado do túmulo, onde parte da família se encontrava uma vez por ano, sem precisar ir à casa do outro.

Hoje eu não faria isso em hipótese alguma, mas naquela época esse encontro era normal e as pessoas não pareciam aborrecidas.

Lembro também que havia uma preparação do cemitério, como se fosse uma festa, para este dia especial. A prefeitura cortava as árvores, pintava as grades, varria o chão e as famílias pagavam os coveiros para limpar ou pintar os túmulos. Normalmente se utilizava tinta de baixa qualidade com corante ou apenas pintura a base de cal, pois o dinheiro era pouco e minguado.

Do lado de fora do cemitério de Barra Mansa, minha cidade natal, havia um comércio frenético de flores, frutas e velas. Na parte interna, o povo se movimentava entre os túmulos sob o calor habitual do mês de novembro! Havia um espaço chamado cruzeiro onde as pessoas acendiam muitas velas e tornava aquele "espetáculo" deprimente. No ar, uma mistura de cheiro de vela queimada, suor e calor! Triste momento!

Enfim! Quem bom que isso ficou para trás e hoje não preciso mais participar desse ritual enfadonho e nada saudoso!

Hoje este feriado significa dia de descanso. A gratidão, a saudade e os sentimentos que possuo pelas pessoas que prezei e não existem mais, permanecem guardados silenciosamente em minha memória, sem necessidade ou obrigação de estar presente ao lado do túmulo que um dia "descansarei" implacavelmente.



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