30/11/2016

Cheguei aos 30 anos de trabalho na mesma empresa!



Caro leitor, hoje contarei uma história particular com uma foto que possui um significado todo especial para a minha vida.

Quando eu era menino, passava pela calçada da fábrica desta fotografia em preto-e-branco, parava no portão e ficava olhando aí para dentro, exatamente nessa área onde aparece esse caminhão. É claro que o cavalo não é de minha época! 

Com as mãos apoiadas no portão de entrada, eu ficava olhando e admirando as pessoas com uniforme branco, botas, “quepe” na cabeça igual “soldado” e pensava: Quando crescer vou trabalhar nessa fábrica!

Ali onde está encostado o caminhão era a Recepção de Leite com seu teto construído em formato de abóboda, inventado pelos povos mesopotâmicos e difundidos pelo império romano (fonte Wikipédia). Em frente ao cavalo situava-se a janela do Laboratório. Logo atrás da Recepção de Leite, se vê as duas chaminés das Caldeiras, sendo uma de tijolinho e outra de metal. Aquela construção lá no alto do morro era o tratamento de água da cidade.

Quando completei 19 anos consegui realizar esse sonho e comecei a trabalhar nessa fábrica no dia 1º de dezembro de 1986 e fui muito feliz na minha carreira profissional.

O tempo passou e em 2009 tive a missão de ser o último colaborador dessa fábrica, pois as atividades desta unidade seriam transferidas para outro estado. 

Não foi fácil ser o último a apagar a luz do Escritório Técnico até chegar ao ponto de não ter mais ninguém para me despedir...

Todos meus colegas e amigos foram partindo aos poucos até que me vi só, ocupando uma sala, sem nenhum “colaborador” para falar “bom dia e até amanhã”...Tudo estava desligado e desértico. 

Andava pelos corredores e o silêncio gritava nos meus ouvidos. 

O último dia foi o mais difícil de toda a minha vida profissional. O relógio marcava 17:30h quando desci os dois lances de escada, caminhei pelo corredor e fiquei parado na portaria, naquele mesmo portão que um dia quando menino ficou olhando para dentro da fábrica para dar a última olhada! 

Foram momentos de muita tristeza observar essa mesma área que vemos nessa foto. Senti um nó na garganta e parti definitivamente, deixando para trás e para sempre a segunda fábrica Nestlé no Brasil, minha primeira escola profissional, a minha segunda casa, sonhos, amigos e 24 anos de história. Felizmente o tempo passou, as lágrimas secaram e o sol voltou a brilhar!


Hoje tenho 50 anos de idade e aproveito este dia para registrar que nesta data, 1º de dezembro de 2016, completei 30 anos de trabalho na mesma fábrica, um fato inédito nos dias atuais, porém em outra cidade (Araras-SP). Não tenho vergonha ou necessidade nenhuma de demagogia para registrar que essa empresa é a minha segunda "família" e onde passei a maior e melhor parte da minha vida.

Entrei solteiro, casei e tive filhos trabalhando na mesma empresa, tenho muito orgulho disso e pretendo ficar por muito tempo!

Os jovens podem até julgar estranho um profissional ficar tanto tempo na mesma empresa, dada a velocidade, ansiedade e insatisfação que a atual geração carrega, mas olhe, preciso dizê-los uma coisa: Para mim, esse tempo não foi um fardo como muitos podem considerar, pelo contrário, depois de 30 anos posso atestar que a chave para uma vida profissional ética e satisfatória é ter muita boa vontade, humildade, honestidade, querer aprender todos os dias, respeitar o outro e sempre dar o melhor de si. Agindo assim, as nuvens e as dificuldades ficam para trás até que um dia olhamos orgulhosos e recompensados, com a certeza de que a luta valeu e que as tristezas inevitáveis e dissabores serviram de aprendizados e fortalecimento.

Queria dizer também que o prazer de trabalhar não se encontra atrás dos muros, marcas, produtos ou portões de outras empresas. Essa busca está bem mais perto do que imaginamos e essa energia que nos move e impulsiona, junto com a satisfação de realizar um trabalho bem feito está dentro da gente e quem não consegue perceber isso, infelizmente não encontrará em lugar nenhum, por mais que procure.

Obrigado pelos amigos de Araras que me receberam muito bem e também pela oportunidade de trabalhar com todos por tanto tempo!

03/11/2016

James Taylor - You've Got A Friend (Live HD) Legendado em PT- BR


Lembro dessa música quando eu ainda era solteiro e estava de olhos fechados e deitado no safá da minha casa enquanto a a televisão estava ligada. Eu tinha apenas 20 anos, o ano era 1986 e o evento se chamava Rock in Rio. O tempo passou e isso ficou na lembrança.

Alex


02/11/2016

Dia de finados antigamente



Hoje é feriado de 2 de novembro e acordei lembrando do significado desta data.

O tempo passa e os costumes também se modificam... ainda bem!

Quando eu era criança, neste feriado, havia o costume das pessoas se reunirem no cemitério em volta do túmulo da família ou algum conhecido para conversarem e passar o tempo. Era uma espécie de tributo para quem não sabe que está sendo homenageado! Atualmente eu não sei se isso ainda ocorre, pois aquelas pessoas que possuíam esse costume em nossa família também estão dentro dos túmulos e logicamente nem desconfiam que estão mortas.

Eram horas intermináveis de conversa entre os adultos e eu ficava ali quieto tipo um vaso, debaixo do sol, esperando o ritual terminar para voltar à minha casa e repetir essa história no ano seguinte. Esses encontros pareciam uma sala de estar ao lado do túmulo, onde parte da família se encontrava uma vez por ano, sem precisar ir à casa do outro.

Hoje eu não faria isso em hipótese alguma, mas naquela época esse encontro era normal e as pessoas não pareciam aborrecidas.

Lembro também que havia uma preparação do cemitério, como se fosse uma festa, para este dia especial. A prefeitura cortava as árvores, pintava as grades, varria o chão e as famílias pagavam os coveiros para limpar ou pintar os túmulos. Normalmente se utilizava tinta de baixa qualidade com corante ou apenas pintura a base de cal, pois o dinheiro era pouco e minguado.

Do lado de fora do cemitério de Barra Mansa, minha cidade natal, havia um comércio frenético de flores, frutas e velas. Na parte interna, o povo se movimentava entre os túmulos sob o calor habitual do mês de novembro! Havia um espaço chamado cruzeiro onde as pessoas acendiam muitas velas e tornava aquele "espetáculo" deprimente. No ar, uma mistura de cheiro de vela queimada, suor e calor! Triste momento!

Enfim! Quem bom que isso ficou para trás e hoje não preciso mais participar desse ritual enfadonho e nada saudoso!

Hoje este feriado significa dia de descanso. A gratidão, a saudade e os sentimentos que possuo pelas pessoas que prezei e não existem mais, permanecem guardados silenciosamente em minha memória, sem necessidade ou obrigação de estar presente ao lado do túmulo que um dia "descansarei" implacavelmente.